Cicatrizes

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[N/A: Eitaaaaaaaa! O plot tá engrossando! Primeiramente, obrigada demais a todos vocês que me leem! O carinho e incentivo nesse site é o que me faz continuar a escrever.
Segundo, esse capítulo tem coisas MUITO PESADAS, respectivamente: 1) menção a relacionamentos entre pessoas maiores e menores de idade; 2) menção e descrição de cenas violentas. Ambos estarão destacados do texto para que vocês não precisem ler, caso não se sintam confortáveis. Obrigada!]

Era madrugada em Moscou. Uma Yelena extremamente sonolenta tinha aberto a porta para Natasha e dado oi, voltando a dormir em seguida. Não tinha sido recebida no aeroporto, mas estava acostumada a isso, tendo tomado um táxi.

Aquela casa inspirava uma certa nostalgia, apesar de não ter sido exatamente a casa em que cresceu; os poucos verões e o único inverno que tinha passado ali ainda estavam vívidos na memória dela.

Quando criança, a mãe ia junto nas viagens; depois de adolescente, Natasha passou a se deslocar sozinha, como fazia para a maioria dos lugares a trabalho. A casa continuava exatamente a mesma coisa; a foto do casamento dos pais continuava a adornar a lareira, que também contava com várias fotos de Yelena em diferentes fases da vida, inclusive uma última, com a estatueta do Oscar nas mãos. Natasha também estava em vários retratos; a maioria era dos trabalhos dela como modelo. Ficou feliz de ver que o pai tinha se livrado das fotos dela com o ex-marido, deixando apenas uma dele mesmo abraçando a filha no casamento.

Nat tinha sido uma noiva muito bonita. Pepper tinha feito um lindo vestido, quase de princesa, que ornou perfeitamente com o cabelo que, à época, ainda era ruivo. Ela só tinha passado a usá-lo loiro após o divórcio.

Pegou o porta-retrato nas mãos. Alexei a abraçava pelos ombros, um sorriso orgulhoso pela filha, mas os olhos estavam tristes. Ele tinha pedido várias vezes que ela não se casasse, e na época, Natasha pensou naquilo como implicância do pai. Ironicamente, na foto ela estava com os olhos vermelhos, e para todos que perguntaram, ela disse que era pela emoção de se casar, mas a verdade que ninguém sabia era que ela tinha tido uma crise de choro antes do casamento. A primeira agressão do ex contra ela tinha acontecido apenas alguns dias antes, e apesar dele ter prometido que estava apenas muito alterado e aquilo jamais voltaria a acontecer, ela tinha uma impressão muito ruim sobre o que estava fazendo.

Olhando para trás, gostaria de ter escutado a própria intuição.

Até aquele dia, as únicas pessoas que sabiam do que ele tinha feito contra ela eram a mãe, a irmã e Maria, porque foi quem a socorreu depois da última vez, que tinha sido particularmente ruim. Obviamente, o advogado também sabia em detalhes. Pepper, Carol, o pai e outras pessoas achavam que o divórcio se devia a traições, ou talvez, apenas a um casamento falido desde o começo. Natasha odiava falar daquele assunto com quem quer que fosse, e no que dependesse dela, ninguém mais jamais saberia. Trazia todos os tipos de sentimento ruim, a respeito dos outros e infelizmente, dela mesma. Nem mesmo com a terapeuta ela tinha tocado naquela conversa.

Apesar de ser primavera em Moscou, fazia sete graus naquela madrugada, diferente dos vinte e dois de Los Angeles aos quais estava acostumada, o que agravou as cólicas que estava sentindo. Tinha aproveitado o início do novo ciclo menstrual e trocado o DIU no dia antes da partida, já que o anterior se aproximava do fim da data de validade. Nem tinha conseguido se despedir de Steve como gostaria por causa daquela infeliz coincidência de calendários.

Tateando e tentando não fazer barulho, se encaminhou até a cozinha do pai e fez um chá para se aquecer. Quando estava terminando, recebeu uma notificação de Steve.

Deu certo, Ben é meu sobrinho.

Ela sorriu. Queria estar ao lado dele quando recebeu a notícia, mas estava feliz mesmo assim.

Starboy - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora