VI Capítulo

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Joguei minha cabeça para frente e depois para trás o mais forte que podia, peguei a espada e a joguei longe. Lhe soquei no estômago várias vezes e depois na cara novamente, me agachei e o derrubei com os pés. Ele me derrubou com seu pé esquerdo e ficou em cima de mim. O chutei com meu joelho nas costas. Ele soltou seu peso em mim e eu subi em cima dele, ficando por cima. Segurei suas mãos com a minha e coloquei meu outro braço na garganta dele.

-Pare com isso Peter.
-Porque? Me de um bom motivo para não beijar você.

Me assustei com essas palavras e ele aproveitou esse momento para soltar sua mão e ficar em cima de mim novamente. Ele prendeu minhas pernas com as suas e com força segurava minhas mãos.

-Regra número um em um combate: nunca deixe seu adversário te distrair.

Ele se aproximou de mim e colou sua testa na minha. Fechei meus olhos e esperei o que quer que ele fosse fazer. Mas não aconteceu nada, ele riu e saiu de cima de mim. Me estendeu a mão e me ajudou a levantar. Estava exausta, não conseguia raciocinar direito e sentia cada membro meu em chamas. Minhas pernas falharam e Peter me pegou.

-Eu realmente acabei com você, não é? -ele disse com um sorriso nos lábios que me irritava.
-Eu estou exausta, Pan. E meus cortes estão doendo.
-Vou cuidar de você, vamos.

Ele colocou meu braço em volta do pescoço dele e me ajudou a voltar para o acampamento. Ele não estava com ferimento algum, nada do que eu fiz machucou ele! Que ódio!
Voltamos para o acampamento e me sentei em um tronco de madeira, os meninos não estavam lá. Peter novamente se agachou na minha frente e passou a mão por cima dos meus cortes e uma fumaça verde saiu da mão dele.

-Eu não te entendo...
-Como assim?
-Uma hora você quer me matar, uma hora você quer me proteger e outra você quer me estuprar.
-Estuprar? -ele riu- Sério?
-Não ri. Só quero saber qual é o seu jogo.
-Vai ter que descobrir, Blacktorn.
-Você é mal.
-Sei disso.

Ele deu um sorriso de lado e terminou de me "curar". Quando ele terminou meu estômago roncou, estava tão ocupada com tudo que aconteceu que esqueci que tenho fome.

-Está com fome? -ele perguntou e acenei que sim com a cabeça- Venha comigo.

Ele esticou a mão para mim e peguei a mesma, ele me guiou por um tempo enorme. Foi quando subimos uma "montanha" e chegamos no topo que notei a beleza da ilha. De certo ponto, era possível ver tudo. Todas as árvores, flores, animais... Era lindo. Peter apareceu ao meu lado com um cacho de uvas, eu amo uvas!

-Uvas!
-Sabia que gostaria.

Me sentei olhando para aquela paisagem magnifica e comi minhas uvas.

-Esse lugar... É perfeito.
-Você acha? -ele riu.
-Eu... Ah, posso ser sincera?
-Claro.
-Minha vida em Nova York não era lá essas coisas... Eu detestava meu treinamento de Caçadora de Sombras. Detestava não ter amigos, detestava nunca poder sair do Instituto, nunca acontecia nada naquele lugar. Eu me sentia um pássaro na gaiola. Eu sempre quis ser livre, entende? De certo modo, sinto falta dos meus pais, mas de outro modo, eu nunca mais quero deixar esta ilha.
-Acho que está na hora de eu lhe contar algo.

O olhei por ter mudado se assunto tão de repente. Ele encarou o chão de pedra e começou a falar.

"Há tempos atrás eu criei esta ilha, vim para cá com meu filho. Sim, filho. Mas tive que abandoná-lo se quisesse ficar aqui. A Sombra o levou embora e me tornei quem sou agora, mas descobri que não poderia ficar assim. Precisava do coração do verdadeiro crédulo para manter a magia da ilha e sua mãe era a pessoa certa. A Sombra a trouxe e tentei qualquer outro jeito de manter a magia na ilha sem arrancar o coração dela. Poucos dias antes de contar toda a verdade a ela, descobri outra maneira: precisaria arriscar aquilo que mais amo. E no momento era um pequeno boneco de pano, que foi tudo que meu filho deixou para trás. Me desfiz dele e assim ficou a magia da ilha, mas Emma ficou apavorada comigo. Deixei ela ir embora e me arrependo cada dia por não ter dito a ela a verdade. E não, não preciso refazer esta magia novamente e não, não sei porque Sombra lhe trouxe aqui."

-Porque me contou tudo isso? -perguntei.
-Porque eu percebo no seu olhar, seu medo. Por mais que você tente disfarçar, sei que sente medo de mim.

Parei de encará-lo, resolvi olhar o mar ao longe.

-Tudo que quero é que confie em mim, não precisa ter medo.
-Eu cofio, Peter -o olhei- Meu único medo é confiar em você e acabar em uma enrascada.

Ele passou seu dedão em minha bochecha e aproximou seu rosto do meu.

-Não vou te decepcionar, Selina. Eu prometo.

O que quer que fosse para acontecer nesse momento, eu não saberia dizer. Pois uma enorme explosão no mar ao longe e um enorme barco surgiram. Nos levantamos e Peter voou para o enorme buraco no mar. Ele parou no meio do caminho, se virou para mim e notei que sua expressão era de divertimento. Sua boca estava levantada em um dos cantos e isso o tornava totalmente sexy. Espera, o que que eu disse?!

-Agora é quando as coisas começam a ficar interessantes Selina -ele se aproximou de mim e me estendeu a mão- Venha, vamos brincar.

Welcome to Neverland   •em revisão•Where stories live. Discover now