IX Capítulo

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P.O.V Selina
Acordei novamente na cabana de Peter. Eu me sentia... Diferente. Me sentei e olhei para meus braços. Estavam limpos, com isso eu quero dizer que minhas marcas haviam sumido. Agora não tem como voltar atrás, sou uma mundana. Puxa, isso é ser uma mundana? Não sinto qualquer diferença. Me levantei, coloquei meus calçados e sai. Os meninos estavam na parte de "luta" do acampamento. Notei algumas adagas em cima de um tronco. Porque não?
Peguei-as e mirei em uma árvore, acertei apenas uma, e foi bem em baixo. Mas o que?...

-Sem sangue de anjo, sem habilidades, você está começando do zero Selina -Peter disse, ele "brotou" ao meu lado.
-Eu era tão boa nisso...
-Faça assim.

Ele pegou uma das adagas e colocou na minha mão. Peter ficou atrás de mim, bem próximo e envolveu sua mão na minha, a pegou e a jogou levemente para trás.

-Mire bem, procure um ponto fixo na árvore -ele sussurrou no meu ouvido- Mantenha o braço e a mão firmes, não deixe a adaga escorregar... Se concentre... Jogue.

Joguei e nem percebi que fiz isso, mas ela acertou bem aonde havia mirado. Peter riu e sua respiração bateu em meu pescoço. Me virei e ele deu um sorriso que o deixava extremamente sexy... Espere, o que?

-Pare de pensar alto, Blacktorn.
-Você lê mentes por acaso?
-Não. É que você não sabe disfarçar.

Peter sorriu de canto. Ele pegou uma espada e jogou outra para um garoto que eu desconhecia, começando uma luta. Recolhi as adagas e me afastei um pouco deles, queria ficar um pouco sozinha.
Cheguei em uma espécie de clareira. Havia lindas flores no lugar, me sentei e senti o perfume de todas... Era maravilhoso.

-Psiu!

Ouvi o som de um galho de quebrando.
Peguei a adaga em minha bota e esperei quem quer que fosse aparecer.

-Psiu! Você com a adaga, me siga! Não temos muito tempo!

Vi uma sombra, corri atrás dela. Era difícil de acompanhar, mas eu dava conta. Em certo ponto, perdi ela de vista e não a ouvia. Algo caiu em minha cabeça e notei uma casa da árvore, bem escondida, com uma mulher loira no topo.

-Suba!

Subi e ela trancou a portinha no mesmo segundo. A casa da árvore era de um tamanho agradável. Tinha estantes e livros por muitos lados, mas o que me surpreendeu foi a quantidade de armas que havia ali.

-Que bom que me seguiu -ela disse- Temos pouco tempo, eu preciso te avisar.
-Espere, quem é você? E você me conhece?
-Sei de todos que vem para a ilha. E eu sei que sua família está aqui, Selina. Vocês precisam ir embora imediatamente.
-Do que está falando?!
-Fale baixo.
-Vou chamar Peter se não me dizer quem é ou me dizer o que quer comigo!
-Okay! Okay! Sou Tinker Bell, pode me chamar de Tinke. E eu quero avisa-la sobre Pan. Ele não é confiável, fez o mesmo com sua mãe há anos e eu prefiro que você não saia machucada dessa aventura.
-Peter me salvou. Eu era infeliz.
-Oh, querida. Você será mais infeliz aqui do que em qualquer outro lugar, Pan está te enganando. Está te levando para uma armadilha.
-Ele me salvou e sei me cuidar. Se ele tentar alguma coisa...
-Você não está entendendo! Ele nunca falha!
-E o que isso tem haver?!
-Quero dizer que ele nunca falha, e ele não terminou o feitiço para ser imortal! E agora que a sua mãe está de volta na ilha, ele não vai falhar.

Não. Minha mãe... Abri a porta a pulei para fora. Corri em qualquer direção e ouvi Tinke me chamar de volta, mas eu não dei ouvidos. Corri e pelo amor de Raziel, eu preciso encontrar minha mãe. Corri até chegar na praia.
Ao longe eu vi o barco onde minha família tinha chegado. Eles se arriscaram tanto...

-O que está fazendo aqui?

Me virei, Peter.

-Eu?
-Tem mais alguém aqui?
-N-não... Eu só... Precisava... Bem... -olhei para o barco novamente, inventa uma história Selina, inventa.
-Preocupada com eles?
-Bem... Mais ou menos...

Continuei encarando o barco. Ele se aproximou e pegou em minha mão.

-Sabe que pode confiar em mim Selina.
-Por favor... Tire eles da ilha. Eles vão se tornar mundanos e... Eu não quero que eles se transformem. Por favor Peter -tinha lágrimas nos olhos.

Eu estava indo bem, mas em parte, eu estava realmente preocupada com eles. Eles eram minha família, tudo bem eu virar uma mundana, mas eles... É diferente. Posso até não gostar mais tanto deles assim, mas eles amam ser o que são. Não posso deixar isso acontecer com eles.

-Posso ajudá-los -ele disse- Mas nunca mais poderão voltar para a ilha ou vê-la novamente.
-O que tenho que fazer? -me virei e fiquei de frente para ele.
-Tem certeza?
-Certeza.

P.O.V Emma
Ao anoitecer, encontrei a antiga casa na árvore de Tinke, bati cinco e depois três vezes na porta, ela abriu e entrei.

-Tinke -a abracei- Que saudades.
-Emma! Você cresceu minha flor de jasmin! -ela me soltou e sorriu.
-Você viu minha filha?
-Sim. Contei do risco que você corre na ilha, mas ela saiu correndo e vi uma sombra na janela, a sombra dele. Peter vai apagar a memória de quem você é e o que lhe contei, ou...
-Ou o que?
-Vai matá-la.

Minha filha... Lágrimas escorreram do meu rosto e Tinke me abraçou. Minha filhinha...

-Precisamos encontrá-la, Tinke...
-Nós vamos, eu prometo. Sei onde o acampamento de Pan está atualmente, mas só posso levá-la para lá ao amanhecer. Teremos de esperar até amanhã...
-Temos outra opção?
-Vagamos na floresta até que Pan me encontre e me mate.
-Não é uma boa ideia, não é?
-Não... Bom, me diga como sua vida está atualmente.

Tinker e eu ficamos horas conversando, até que percebemos que anoiteceu e ela disse que eu poderia dormir tranquila, assim fiz. Acordei com Tinker me chacoalhando, ela nunca fora muito... Delicada.

-Vamos, temos que ir rápido.

P.O.V Selina
Tão simples. Encontre-os, jogue o pó neles, diga o nome do lugar e pronto. Porrque parecia que eu iria perder mais uma parte de mim se fizesse isso?
Minha mãe estava correndo perigo, se ela estiver com eles, mandarei os três embora, para sempre. Arcarei com qualquer que seja o castigo que Pan me der, mas eu vou salvar minha mãe. Mesmo depois de... Depois de tudo.
Peter me apontou onde eles estavam e que confiava em mim o bastante para me deixar sozinha neste momento. E ele disse que veria de longe, se precisasse de ajuda. Cheguei, meu pai e meu irmão estava apenas. Peter me ajudaria com minha mãe em outra hora.

-Selina! -Andrew veio em minha direção e dei um passo para trás, ele parou- Suas marcas... O que...
-Sou uma mundana.
-Como aquele monstro pode fazer isso?!
-Eu pedi.
-Selina!
-Pare de gritar comigo!
-Minha filha... -meu pai disse- A Clave pode lhe ajudar com isso, tenho certeza. Vamos procurar sua mãe, ela deve estar preocupada e...
-Não! -o interrompi- Eu... Quero que fiquem em segurança.

Ergui meu punho e abri a mão. O pó roxo brilhava.

-Selina, o que você pensa que...
-Eu amo vocês. Instituto de Nova York!

Soprei e a fumaça roxa logo de ergueu, envolvendo os dois e eu chorei. Eles foram embora. Nunca mais voltarão. Nunca mais vou vê-los. Nunca mais... Caí de joelhos e chorei.

-Peter!!

Mas ele não apareceu.

P.O.V Emma
-Ela deveria estar aqui.
-Continue procurando. Pan deve estar com ela... Espere os dois voltarem.

Estava com o arco e flecha na mão, atrás de um arbusto bem longe do acampamento. Mas tenho certeza de que daqui poderia acertar qualquer um que quisesse.

-Por favor Emma, vamos parar com isso.

Me virei e soltei a flecha. Pan a pegou com a mão e a quebrou.

-Cadê minha filha?
-A pergunta que você deveria fazer é: "onde está meu marido e meu filho?".
-O que você fez com eles?!
-Eu? Nada. Eu juro. Agora Selina... Já não tenho tanta certeza.
-O... O que ela fez? -abaixei o arco.
-Os mandou embora. E não poderão voltar por um bom tempo.
-Não! Não! Não minha filha!

Ergui o arco novamente e quando percebi, todos os meninos perdidos estavam em volta de mim, fazendo um círculo ao meu redor.

-Boa tentativa Emma, mas como sempre, você falhou. Venha Emma, vamos brincar.

Welcome to Neverland   •em revisão•Where stories live. Discover now