VIII Capítulo

3.8K 312 40
                                    

Os meninos estavam em volta do fogo, dançando feito malucos. Outros em um canto usavam bestas, outros lutavam, cada um mais louco que o outro. Procurei por Felix, ele estava em um canto com uma adaga na mão.
Peter não pareceu se importar por todos estarem agindo feito loucos, mas eu estava meio incomodada. Atravessei eles e me sentei encostada em uma árvore, ao longe. Esses meninos perdidos...
Peter se sentou perto do fogo e começou a tocar aquela flauta. Todos começaram a dançar em volta do fogo. Dois meninos me puxaram e me obrigaram a dançar junto a eles. De inicio recusei, mas logo depois estava pulando e dançando com todos.
Perdi a noção de tempo... Minha visão estava começando a escurecer... Tudo estava em câmera lenta... Eu cai e tudo que me lembro foi de pequenas pontadas em meus braços e pescoço... A dor era agonizante.

P.O.V Emma
Voltei para onde estavam Andrew e Julian, eles estavam conversando e pararam quando apareci.

-Encontrou ela? -Julian perguntou preocupado.
-Sim.
-E onde ela está? -Andrew perguntou.
-Pan mexeu com a cabeça dela... Cai em uma das armadilhas dele... Agora ela pensa que não me importo com ela.
-Pan é terrível.
-Ele é cruel, sem coração. E temos tão pouco tempo para encontrá-la...
-Como assim?

P.O.V Selina
Acordei em um tecido macio, estava com frio. Abri os olhos e olhei em volta, sem me mexer. Havia alguém passando seus dedos em partes especificas dos meus braços.

-Pensei que nunca acordaria.

Reconhecia a voz, Felix.

-O que você faz aqui? -perguntei com a voz fraca.
-Você começou a gritar, Peter se preocupou e te trouxe para cá. Ele saiu para fazer algo.
-E deixou você me vigiando?
-Não. Ele disse para ninguém entrar aqui.
-Então saia antes que ele descubra que esteve aqui.
-Não fique assustada, pelo menos não agora.
-Eu? Com medo?
-De mim.
-Quem teria medo de você?

Ele se aproximou de mim.

-Eu sou uma pessoa justa. Só começo uma luta quando os dois lados estiverem em perfeitas condições. Agora no meio da luta, eu já não sei dizer.

Ele se afastou de mim e olhou pela janela. Eu me sentei e senti meus braços falharem, eles estavam doendo.

-Mas o que...

Minhas marcas! Minhas runas! Elas... Elas estão sumindo. Como se fosse apenas uma tatuagem que se apagou com o tempo.

-O que?! -gritei em pânico.
-Peter está vindo -ele se aproximou de mim- Você, Caçadora de Sombras, logo deixará de existir.

Ele saiu com um sorriso nos lábios. O que ele queria dizer com isso? Peter entrou e tinha uma bolsa ao lado dele. Olhei pela janela ao lado da cama, estava de noite. Eu apaguei todo esse tempo?!

-Está melhor? -ele disse colocando a mão em minhas marcas.
-Sim, mas... Porque isso está acontecendo? E... Porque dói tanto?
-É a magia da ilha. Apenas podemos ter aqui pessoas comuns. Humanos. Ou como você chama, mundanos. A ilha está retirando seu sangue de anjo, inclusive suas marcas. Elas doem porque não é um processo simples deixar de ser uma Caçadora de Sombras, elas vão doer até que uma hora, sumirão.
-O que... -tinha lágrimas nos olhos.
-Não se preocupe, posso agilizar o processo. Doerá bem menos.

Fiquei pensando... Eu não quero voltar para casa. Mas também não quero deixar minhas raízes irem embora. Minhas marcas eram do meu passado, podia ter poucas marcas, mas elas eram... Coisas importantes para mim.
Mas não. Minha vida agora é aqui.

-Tire-as.
-Tem certeza? -ele tirou algo da bolsa, minha estela- Quer deixar mesmo seu passado para trás?

Peguei aquele pedaço de metal prateado e percebi, eu não posso mais ter meu passado comigo. Preciso mudar. Fechei minha mão em torno do objeto e deixei apenas uma lágrima escapar.

-Tenho certeza.

P.O.V Emma
-Ela já está aqui a mais tempo que nós e é mais fraca, já deve ter perdido algumas. Em três ou dois dias ela provavelmente será... Uma mundana.
-Minha irmãzinha... -Andrew se sentou e colocou as mãos no rosto.
-Precisamos encontrá-la logo -Julian disse e pegou sua estela, mas ele não conseguia fazer marcas novas- Deixe-me adivinhar, as estelas não funcionam?
-Elas não te tornam humano, então, não.
-Vamos jogar um jogo?

Olhamos os três para trás, Pan.

-Não acha que já ganhou esse jogo estupido?
-Não. Vocês mal jogaram ele direito, mal sabem as regras -ele disse com um tom de deboche na voz.
-Então nos conte, reizinho de Neverland -Andrew disse irritado- Quais são as regras?
-Se vocês conseguirem a confiança da Selina de volta, ela é de vocês. Mas se ela decidir ficar, terão que ir embora. Para nunca mais voltar.
-Eu vou ter minha filha de volta -respondi.
-Isso é o que vamos ver. E, como um bom jogador, desejo-lhes boa sorte. Porque Peter Pan nunca falha.

Welcome to Neverland   •em revisão•Where stories live. Discover now