16 - O renascimento do rei obscuro

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As horas se passavam...talvez fosse tarde...talvez...ninguém ali já não tinha mais a mínima noção do que o relógio acusaria.

Enquanto Cecile andava, em sua cabeça, a lembrança de como a mesma conheceu o seu parceiro de missões, veio à tona e ao andar dentre os feixes de luz do local, as imagens se passavam em sua mente, como um ponto de vista revivido:

Flashback de alguns anos atrás:

Parada na estação de trem, olhando para o nada, desanimada, estava odiando a sua maquiagem naquele dia, se sentia feia, se sentia insuficiente...a única coisa que salvaria sua vida, seria a lista de canções que armazenou em seu celular para reproduzir e esquecer do mundo sujo em que vivia.

Ele se aproximou, mas não sentou ao lado dela, apenas continuou com uma postura quase estática, tinha nas mãos um jornal cujo a matéria era nítida: "criança tem cabeça decepada por lobisomen, os irmãos da mesma estão desaparecidos".
Aquilo a fascinou, mas preferiu não entrar em contato, mas ela queria saber quem era o moço de expressão fria e sobretudo amarrotado que olhava para o metrô com muita cautela.

Ele deu dois passos para frente, e tirou de um dos bolsos uma chave, comum, dessas de abrir casas.
Jogou na linha amarela e apenas aguardou o metrô.
O mesmo chegou, um homem de boné e aparência simples foi o primeiro a sair da condução a qual parecia vazia, ele pisou no cordão da chave que logo enrolou em seu chinelo, ele pisou no ferrinho da chave que estava torto, o que facilitou para enrolar o cordão...parecia que foi calculado até a quantia de passos... o estranho ocorreu: seu pé começou a arder por dentro como o mesmo gritava.

Ele então se aproximou do moço de boné e quebrou seu pescoço com tamanha facilidade que chegou a assustar mais ainda, pegou a chave onde se notava que a mesma era de prata; ali tudo se encaixava...ele estava atrás do lobisomen que matou a criança.
Tirou um papel da blusa do lobisomen morto e a encarou nos olhos ao notar que ela o observava:

- perdoe a visão, mas alguém tem de limpar isso aqui...

Foi nesse dia, que Cecile viu que sua vida tinha um sentido, ela poderia se impor para vidas alheias já que odiava a própria vida. Ela seguiu Hilt em seus trabalhos, onde ambos resgataram a criança desaparecida dentre inúmeros outros em que o detetive se metia.

Cecile e Hilt entraram para a organização de proteção de Yodai, e mesmo tendo uma vida quase que 100% militar, tinham tempo para atividades como olhar o céu á noite, tomar sorvete...jnclusive uma memória inesquecível foi em uma tarde chuvosa, um diálogo entre eles...

- odeio dias assim - dizia ela abrindo o guarda-chuva, enquanto seguiam por uma estrada.

- não está acostumada a correr contra o tempo e encarar os seus temores de frente? - respondeu Hilt, se molhando na chuva pois não tinha nada para se proteger.

- claro que estou...mas eu me sinto desanimada...como se parte de mim estivesse morrido...e deixa de ser imbecíl e venha cá... - ela ofereceu o lado do guarda-chuva, para ele segurar para ambos já que era mais alto.

- sabe...eu nunca gostei também, mas se você aprende que um dia teremos de correr contra a chuva, verá que morremos todos os dias, em resumo, matar o seu velho eu a cada minuto é um exercício bom de se fazer.

Ela apenas escutou, segurou seu braço e caminharam.

Mas o que será que fez ela mudar de "lado" ? E compactuar com um tipo de seita?...

Presente:

Os olhos se abriram num tipo de lugar translúcido e de aparência uniforme, como se fosse uma outra dimensão, logo, Hilt se vê em um vagão de trem, a sua frente tem um ser de capuz marrom, e do seu lado, uma moça que aparentava mais ou menos ter uns quatorze anos.

Crowd HonorWhere stories live. Discover now