quarantasette

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O carro dos meus pesadelos para a minha frente no portão da universidade onde estive esperando pelos últimos dez minutos após Zoe não aguentar mais meus surtos. Respiro fundo, ok, só aproveite. Abro a porta do carro no mesmo momento que Dean abre a do motorista. Abaixo-me para poder o ver.

— O que foi? – Pergunto.

— Nada, eu só ia abrir a porta pra você – Franzo o cenho.

— Hm... ok, não precisa disso – Abro completamente a porta e entro no carro antes que ele decida tentar a abrir pra mim. Estou puxando o cinto de segurança quando percebo que ele nem se moveu. Olho para ele e quase gemo de frustação, por que tem que ser tão bonito?

Seu cabelo está arrumado em um topete, as laterais, que antes estavam raspadas, agora já possui alguns fios do cabelo loiro escuro por ali. Ele veste uma camisa branca de manga longa, que molda bem os músculos de seu braço e uma calça jeans preta. Olho para o banco de trás, procurando algum sinal da jaqueta, mas não encontro.

— Sem jaqueta?

— Não quero ser um Ghostin hoje – Assinto, feliz com sua resposta – Sem abrir portas então?

— Eu posso muito bem fazer isso sozinha – Ele revira os olhos, mas fecha a sua porta.

— Estou tentando fazer tudo conforme o figurino. Como casais normais fazem.  – Ele gira a chave e o motor ruge.

— Não somos normais.

— Não negou a parte do casal – Ele sorri de lado e eu engulo em seco e desvio o olhar.

Devemos falar sobre aquela noite? Sobre meus sentimentos? Não é algo que eu gostaria de fazer, pelo menos não agora, se não passaria todo o resto do encontro procurando coisa errada no meu possível discurso. Se ele quiser falar, ele que comece então.

— Então... onde vamos? – Desvio o olhar da janela para ele.

— Surpresa – Resmungo.

— Não gosto de surpresas.

— Que pena – Dou-lhe um olhar zangado, mas ele me ignora. O carro segue em direção à avenida da cidade.

— Vai demorar?

— Uma hora talvez – Afundo no banco, tentando não surtar, o clima não está tenso, mas eu estou. Dean me olha pelo canto do olho – O que foi? Não vai aguentar resistir a mim por tanto tempo juntos dentro do carro? - Respiro fundo e olho para frente.

— Só... temo o que iremos conversar até lá. – Ele respira fundo.

— Que tal esquecermos isso por hora? Se falarmos a coisa errada iremos discutir e eu realmente quero ir para onde estamos indo.

— Certo, ok, desculpe – Murmuro e ficamos em silencio.

Só agora percebo que o rádio do carro está ligado, a música soa em tom tão baixo que não consigo identificar o que está tocando. Alguns minutos se passam antes que ele volte a falar:

— Então, eu não tive tempo para lhe perguntar se ninguém mais a procurou ou ameaçou?

— Não – Solto um riso – Os jogadores estão ocupados demais tentando ganhar os jogos da temporada, devem estar meio sem tempo para ameaçar ou matar alguém. – Dean bufa.

— Adoro como leva isso na brincadeira.

— Eu não levo – O olho em choque – É claro que não, como pode achar isso? – Ele dá de ombros – Eu prefiro pensar que tudo isso é brincadeira do que ficar pensando na minha morte.

OverdoseWhere stories live. Discover now