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Giovedi (Quinta-feira)

Luna foi a primeira pessoa a falar comigo nas aulas de direito, bom, na verdade, a única.

Nenhum novato é muito bem recebido por aqui, principalmente vindo de outra cidade. Suvellié é uma cidade pequena, todos se conhecem desde sempre e quando uma novata aparece em suas vidas, eles te olham e te analisam como se fosse um ET.

Tive que aguentar olhares estranhos e atentos sobre mim pelo primeiro mês, se não fosse por Kaori ali, acho que eu teria tido um treco.

Como entrei no meio do período de aulas, em Maio, a famosa panelinha já havia sido formada e as duplas em algumas aulas também, por isso levei um tremendo susto com a simpatia e a parceria repentina de Luna. Ela não possuía muitos amigos e de acordo com ela, o nome "nerd" a perseguia, pouco me importei com esses detalhes e fiquei feliz em tentar ser sua amiga.

Dois meses depois, eu a encontrei morta em seu quarto.

Não tive tempo de saber muito sobre a vida de Luna, mas o pouco que descobri, envolvia que seu pai morrera por overdose. Ele era viciado em remédios e foi ela quem o encontrou já sem vida no chão da sala de casa após voltar da escola, com apenas dez anos. Ela prometeu a si mesma nunca tocar em qualquer tipo de drogas, evitava até mesmo usar remédios, por isso, dizer que ela morrera por overdose... é um absurdo.

Mataram Luna, e eu prometi a mim mesma descobrir quem fora o culpado, começando por Dean Bianchi.

Por isso, eu deveria estar feliz pelo meu plano -que na verdade não existe- ter começado a dar certo, certo? Afinal, querendo ou não, acabei de ter algum tipo de ligação, por meio de uma dívida gigante, com quem eu precisava. Mas não, eu estou brava, muito brava.

Eu nunca fui uma pessoa rica, também nunca passei necessidades, mas o dinheiro que recebo todo mês do meu pai é pouco, e somente para despesas contadas. Se não fosse pela bolsa que consegui, talvez eu nem estivesse nesta universidade, afinal, a SMD é uma universidade particular, e bem cara. Resumidamente, eu não tenho um centavo para dar a Dean, e eu não quero dar, não quero meu dinheiro nas mãos de um traficante que pode estar envolvido em mortes no campus.

— Dez mil? – K exclama, assustada – Mas isso é um carro ou uma bolsa Chanel? – K se levanta da cama e começa a caminhar pelo pequeno quarto, pensativa. Quando cheguei no quarto, capotei na cama, sendo acordada aos gritos por Kaori enquanto ela balançava o pequeno post it na minha cara. Kaori surtou tanto quanto ou mais que eu quando soube do meu encontro com Dean na madrugada. – O que você vai fazer?

— Nada. - Dou de ombros. K para de andar e me olha, em choque.

— Nada?

— Nada - Mordo o lábio inferior - Você acha que ele falou sério? - K revira os olhos.

— Ana você sabe quem é Dean Bianchi?

— Um babaca narcisista extremamente filho da puta?

— Sim, e um traficante – Desvio o olhar para as botas pretas que calço – Você fodeu o carro dele, qualquer um no lugar dele faria o mesmo, mas o fato dele ser um traficante é pior. Não pode simplesmente ignorar o que ele disse. - Solto um suspiro.

— E o que quer que eu faça? Arrume um emprego? – Na verdade, eu pretendia ir atrás de um nesse semestre.

— Emprego? Ana você sabe que nem se você trabalhar o dia todo e fazer milhares de horas extras, você irá conseguir esse dinheiro todo em um mês, né? – Suspiro, eu sei, eu preciso arrumar um emprego, mas não quero arrumar um por causa do Bianchi.

OverdoseWhere stories live. Discover now