trentacinque

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Martedi

Entro no refeitório no intervalo após a aula de legislação, e encontro Zoe já sentada na nossa mesa de sempre, desta vez, porém, Francesca ocupa a cadeira na ponta e conversa animadamente com a loira enquanto enfia batatas fritas na boca. Franzo o cenho surpresa e enquanto caminho em direção ao buffet, levo o olhar até a mesa dos Ghostins, onde comumente Fran se senta.

A mesa Ghostin está lotada como sempre, chegando até a ter pessoas em pé ao redor por falta de lugar, mas consigo ver Ettore sentado ali no meio ao lado de Martina, e pela careta em seu rosto, aposto que ele e Fran deram um tempo, de novo.

Coloco minha bandeja com um sanduiche de peito de peru e queijo branco e suco de garrafa em cima da mesa no lugar livre em frente à Zoe e assim que me sento, Fran fecha a cara para mim.

— Você está brava comigo, não está? – Pergunto, já sabendo a resposta. Fran dá de ombros e leva outra batata a boca. Eu sinceramente não sei como ela consegue comer isso após trabalha a tanto tempo no Roccia, nos meus primeiros meses eu mal conseguia ver um hambúrguer sem ficar enjoada.

— Como você se sentiu ao saber que Dante sabia o tempo sobre a mentira de Dean?

— É diferente. – Argumento.

— Exato, vocês não eram amigos como nós duas somos. – Solto um suspiro e me rendo, sabendo que está certa.

— Me desculpe, eu quis contar, mas Ettore fez um escândalo – Faço uma careta enquanto desembrulho o plástico do meu lanche, me lembrando da discussão que tive com ele. – Ele ficou tão puto comigo que achei que sairíamos no soco.

— Ainda assim você como minha amiga, e sabendo como eu ficaria, deveria ter me contado – Ela dá de ombros – Mas tudo bem, eu te perdoo. – Olho para a ruiva, confusa, enquanto ela leva uma garrafa com suco verde a boca.

— Sério? Tão fácil assim?

— Eu não guardo rancor Anabela, não vale a pena eu perder sua amizade por isso, além do mais, estou mais puta com Ettore no momento. – Desvio o olhar, envergonhada por ser um poço de rancor, e levo meu sanduiche a boca.

— Vocês terminaram? – Zoe pergunta, finalmente levantando a cabeça do monte de jornal.

Há meia dúzia de pastas ao seu redor, e sei que em todas elas estão colunas de edições recentes de fofocas, ela vem olhando-as desde a reunião semana passada. No meio das folhas de jornal, consigo ver um prato com uma fatia de bolo pela metade.

— Estamos dando um tempo, quero que ele se corroa um pouco por dentro pela culpa – Zoe franze a testa, mas assente. Fran e Ettore são um casal de dar inveja, mas o relacionamento deles é tão confuso que eu desisti de tentar entender as entrelinhas. – O que ele fez foi idiota, mas sei que estava apenas pensando no meu bem.

— Vai perdoar ele então?

— Vou – Abro a boca em choque. – Eu o amo Ana, sei que não me escondeu por mal, posso estar sendo idiota, mas bem... sei que se nos separarmos, vou sofrer mais do que sofri por causa da mentira.

— Eu... – Engulo em seco. – Não sei o que dizer.

— Não leve isso como uma indireta – Ela agarra minha mão livre em cima da mesa – Os seus motivos são bem maiores que os meus – Ela franze a testa. – Apesar de achar que assim mesmo, não deveria continuar guardando tanto rancor em seu coração.

— Estou perdida – Zoe soa confusa – De que mentira estão falando? – Fran me olha, como se pedisse permissão, e eu apenas dou de ombros e volto a comer meu lanche, as palavras de antes dela rondando minha cabeça.

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