O melhor sorriso do seu dia.

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Há semanas Taehyung não sentia aquela sensação. A sensação que fazia seu corpo tremer e desmoronar.
Gostava de chorar, lhe acalmava em vários sentidos, chorar lhe fazia bem. Após um dia cansativo e azarado, o melhor era chorar, sentado na cama ouvindo sua música preferida.

- Um, dois, três... - Contava alto, até chegar em cem.

Secretamente, tinha seus péssimos dias, quando seu peito apertava e suas mãos insistiam em se mexer, ou as pernas, num tique imparável, ou até então quando sentia que havia algo errado, mas não sabia o que, e assim, arrancando suas noites de sono.
Para o psicólogo, aquelas noites eram como se tivesse deixado o fogão ligado, e mesmo que fosse verificar sete vezes, a sensação ainda permanecia ali, o sufocando, deixando-o com medo, fazendo seu corpo tremer e o ar escapar, numa mistura de pânico e incontrolável vontade de se mover, sem poder estar parado.

Quando chegava em seu limite, chorava em pânico, balançando o corpo para frente e para trás numa tentativa de se acalmar. Primeiro suas mãos tremiam e a garganta fechava, segurando o choro os pés se contorcem, encolhidos em busca de algum calor. Depois qualquer coisa era motivo do Kim explodir. Até algum objeto cair no chão.

E quando chorava, sobrecarregado, era diferente de quando chorava para desabafar.

Nesses momentos, Taehyung chorava de pânico, medo de algo que não existe, medo do que o futuro lhe preparava.
Seu corpo tinha arrepios bruscos, enquanto soluços e palavras de dor insistiam em saltar de sua boca. As mãos se enrolavam na cabeça, apertando enquanto o corpo balançava sem parar.

Taehyung odiava suas crises.
Na verdade, achava que todas elas eram culpa de sua mãe, que insistia em criar o filho perfeito.

Notas perfeitas. Comportamento perfeito. Etiqueta perfeita. Filho perfeito.

Para sua mãe, tinha de ser o boneco ajeitado, ser motivo de inveja para outras mães.

- Eu queria que ele fosse meu filho.

Taehyung odiou aquela época. Seus pensamentos eram confusos. Aos quinze anos teve a primeira crise.
Estava atrasado em sua rotina, sua mãe reclamava, cobrando por alguma atitude. Tinha que fazer as atividades escolares, se arrumar para acompanhar sua mãe em um de seus encontros chiques, tudo isso em trinta minutos, enquanto a mais velha cobrava também algo sobre seu futuro. Não iria assumir a empresa, seus pais o passariam para algum homem de terno, mas e seu filho?

Sua mãe queria que o mesmo fosse um médico de sucesso, um advogado respeitado, ou qualquer outra profissão que trouxesse alguma honra para a família.

Sua cabeça girava, entorpecido pelo sentimento até então desconhecido. Sua mãe jogou os livros da escola, alguns por sair amassados.

- Faça o que quiser! - A mãe gritou. E Taehyung chorou.

Colocou uma música triste da sua banda favorita e chorou, como nunca havia chorado antes.

Mesmo que o nome correto fosse ansiedade, gostava de chamar "crise de choro".

Naquela noite não havia conseguido dormir. Seus pensamentos o assombrando. Sua mãe estava bem? Mesmo que a mulher tenha lhe feito mal, ainda se preocupava com a mãe. A mulher tinha tantas expectativas no filho, que transbordou o mesmo, até o afogar.
Era um simples homem, um simples psicólogo que trabalhava num simples consultório.

Seu celular vibrou, recebendo uma mensagem de Yoongi.
Secretamente, aguardava ansioso por um romance nem tão simples assim.

Q

uando o momento chegou, a barriga de Taehyung revirava, suas mãos tremiam e os pés pareciam suar, o deixando mais nervoso e envergonhado. Como Yoongi poderia agir assim? Brincando com seu coração, preenchendo a cabeça do Kim com paranóias e imagens do pálido. Yoongi não teria claustrofobia após passar tanto tempo preso na cabeça de Taehyung?

Sentiu mãos geladas tocarem seu pescoço, causando arrepios no psicólogo, que arfou em resposta.

- Taehyung!

- Yoongi.

Por alguns segundos, ambos se encararam. Como se o mundo tivesse parado apenas pelos dois homens, que se encaravam com uma felicidade, preenchidos pela euforia de apenas se verem. O peito batendo forte, enquanto a mente se tornava branco, o estômago frio, remexendo como se houvessem vários borboletas, iguais s que Seokjin colecionava, porém vivas, mais vivas do que nunca.

- Oh... Eu trouxe flores… - O Min disse, segurando o buquê atrás das costas. Taehyung abriu um sorriso charmoso.

- Quero vê-las.

- Mhn... - Tombou a cabeça para o lado, fingindo pensar, Taehyung riu baixo, incrédulo com a audácia do menor. - Só porque sou bonzinho, viu?

- Sim, claro.

Yoongi tirou o buquê de trás, entregando para o maior. Taehyung arregalou os olhos, sem saber o que fazer ou dizer, estava surpreso. Na verdade, sabia sim que iria ganhar flores, mas, naquele momento foi como se apenas o ato de ver Yoongi fosse uma surpresa para seu corpo, provocando reações estranhas, até então encobertas, quase desconhecidas.

As flores brilhavam por conta da água jogada em suas pétalas, o caule verde vivo era grande, quase sete centímetros, cujo o mesmo tinha enrolado e amarrado com um laço azul claro.

Taehyung quis chorar, porém não conseguiu, tendo que apertar a base do buquê.

- Eu poderia te beijar agora mesmo.

Ah, e Yoongi viajou para outro mundo, outra constelação, outra galáxia. Viajou para um mundinho só seu, na verdade, apenas seu e de Taehyung. Onde os dois poderiam viajar juntos no pequeno foguete deles, cantando e assistindo bobagens, mesmo que o pálido cantasse mal, apenas estar ao lado do Kim valeria toda a pena.

Apenas para estar ao lado do psicólogo, enfrentaria uma chuva de meteoros. E ver homem sorrindo segurando um presente seu, era o suficiente para o mundo explodir junto do seu coração.

Com certeza, Taehyung e flores era uma mistura perigosa para o psicológico do Min, e se acrescentar o sorriso charmoso: Era o Big Bang.
Se pudesse descrever o sorriso do Kim, seria: uma receita de estrelas, quadrado e rosas.

O sorriso por ter o formato quadricular estranho e fofo, onde as bochechas se erguiam e os olhos quase fechavam por conta das bochechas bem-alimentadas, estrela por brilharem forte, e mesmo após irem embora, ainda iriam continuar brilhando na mente de Yoongi. E enfim, rosas por conta das gengivas e bochechas, rosadas cor vermelho.
E pensou também, se haveria problema em chamar o mais velho de “seu”, claro, sem o mesmo saber, ou então Yoongi morreria de vergonha, imagina só!

- Yoongi? - Chamou o mais novo, vendo que o mesmo parecia fora de órbita. Sem resposta, Taehyung tocou o rosto alheio, o polegar acariciando a bochecha próxima ao olho, em resposta o Min fechou os olhos, o rosto contorcido em um medo gostoso, do tipo quando você espera por algo, mas quer esse algo, só não tem coragem. Um medo gostoso de sentir, igual, um modo de esperar aquela ação. - Você parece um gatinho. - Sussurrou, fazendo o rosto do pálido se tornar vermelho, colocou uma mecha negra atrás da orelha rosada vergonha do Min, que mordeu o lábio.

- Tae…

- Obrigado pelas flores, gatinho. - Sorriu. - Vou guardar elas com muito carinho.

O menor foi ao céu e voltou, o peito num boom boom incontrolável, suas pernas tremiam igual vara, sem saber o que fazer.

- N-Não precisa… Agradecer…

- Posso confessar uma coisa? - Perguntou, vendo o paciente assentir. - Eu gosto de receber presentes, mas acho que receber presentes de você é muito melhor, acho que é a melhor coisa do meu dia.

E Yoongi prometeu a si mesmo, que iria trazer flores para Taehyung todas as vezes, apenas para se tornar a melhor parte de seu dia, ou então, o melhor sorriso do seu dia.

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