Bobo Taehyung, Taehyung bobo.

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Yoongi sentiu suas bochechas esquentarem. Tampou seu rosto, respirando fundo numa tentativa de acalmar seus batimentos cardíacos. Estava tão feliz e ao mesmo tempo não queria parecer bobo, tinha medo de sorrir e Taehyung pensar “isso é feio”.

Tinha uma mistura enorme de sentimentos em seu coração, o mesmo parecia querer pular para fora do peito, agitado, correndo de um lado para o outro dentro se sua caixinha torácica.

- Quer... ir beber algo? - Convidou. Levou a mão até a nuca, encarando o chão numa tentativa de escape.

- Claro...

Taehyung segurou a base do buquê, encarando as flores como se fossem seu bem mais precioso. Levou as flores para perto do nariz, doce e suave. Era perfeito. E por um momento pensou qual seria o cheiro dos cabelos do Min. Talvez baunilha? Aloe vera? Não sabia, e tinha medo de assustar o menor caso se aproximasse e desse uma fungadinha em seus fios aparentemente tão macios.

As ruas estavam vazias, quase escuras, a luz da lua fraca, misturado com os postes ligados trazia uma característica tonalidade amarelada, cobrindo o rosto de ambos. Conseguia ouvir o eco ressoando, causado pelos passos pesados de Yoongi, o coração num ritmo agora acalmado.

- Por que você quis me ver? - o Kim questionou, andando lado a lado. O ombro roçando no outro, caminhando em sincronia. A sensação era boa e reconfortante, lembrava de algum dorama que provavelmente tinha visto a muito tempo, era interessante sentir o contato humano que o outro lhe proporciona, mesmo que fosse um simples roçar de ombros. Se sentia bobo, como podia pensar tanto coisa por seus ombros estarem apenas se tocando? Bobo. Bobo Taehyung, Taehyung bobo.

- Eu quis agradecer por tudo.

- Você me agradece pagando meu salário, gatinho. - Riu da própria piada, vendo o menor fazer o mesmo.

- Eu sei, mas... Espera! Vai continuar com esse apelido mesmo?

- Claro! Você parece um gato, então, é um gatinho.

- Você parece um leão, mas mesmo assim eu não te chamo por esse apelido.

- Eu devo parar?

O coração do pálido falhou uma batida, o estômago revirou, finalizando com um frio na barriga. A mente gritava "Não! Não! Não!"; entretanto o orgulho berrava de volta, retrucando. Meu Deus, como se sentia avoado e desastrado, sempre odiou aquelas situações, era algo tão simples mas ao mesmo tempo tão difícil, era só dizer. Mas o ato de só dizer era difícil demais para alguém que se manteve tanto tempo no silêncio.

- Faça o que quiser. - Respondeu baixo, como um típico resmungo envergonhado. Taehyung sorriu. De cabeça baixa, Yoongi se perguntava o que acontecia consigo.

Era só falar "não"! Então por que essa vergonha?

Ah! Não era só isso. E se Taehyung desconfiasse dos sentimentos? Pensaria que o menor estaria se aproveitando da gentileza para saciar sua carência. Olhou de lado para o psicólogo, que parecia ainda mais bonito. Sentiu sua mão formigar ao roçar na dele, e invés de afastar, continuou ali.

Os ombros tocando, as mãos roçadas, e o coração incontrolável. Desejava segurar sua mão.

E por ficar perdido entre pensamentos, não percebeu o poste em sua frente.

- Yoongi, cuidado. - Avisou, mas o Min não notou. Taehyung suspirou, segurando sua mão e puxando para perto, evitando que batesse no poste.
Yoongi prendeu a respiração; sentindo seu peitoral bater contra o outro. Agora; tinha seus ombros roçados, mãos entrelaçadas e corpos colados. Sentiu seu rosto aquecer, avermelhando. Seu coração batia tão forte que se questionou se Taehyung conseguia o ouvir.

E bem, o psicólogo não conseguiu. Perdido em suas próprias batidas ao ponto de não notar a reação de Yoongi.

O menor se afastou aos poucos, respirando fundo várias vezes.

- O...Obrigado.

Taehyung assentiu, sem saber o que dizer.
Agora, tinha os ombros longe do outro, corpos separados, mas as mãos intactas, presas e emaranhadas na outra.

Caminhar ao luz do luar de mãos dadas com seu psicólogo se tornou a terceira coisa favorita de Yoongi.


-

Por que você tem medo de palhaços? - Questionou.

Taehyung abaixou a cabeça, encarando seus sapatos. Sentia o vento balançar seus cabelos, enquanto o perfume amadeirado do pálido se misturava com a brisa fria.

- Eu tive uma infância difícil. Meus pais eram ricos e mal tinham tempo para mim, e aos quatorze anos decidi fazer meu próprio aniversário. Festa de quinze são importantes. - Suspirou, chutando uma pedrinha. - Discuti com minha mãe por isso, ela sempre fazia meu aniversário um encontro de gala.

- Puxa...

- Eu convenci ela, fiquei tão animado que convidei o ensino médio inteiro. Pedi pula pula, picolé e vários doces, chamei até um palhaço.

- E aí? - Yoongi encarou o mais velho, curioso.

- O palhaço veio. Bêbado. E bem, ele quebrou uma garrafa e furou minhas costas três vezes.

O Min travou, parando de andar. Encarou Taehyung chocado, olhando para cada parte do corpo cor caramelo, procurando alguma evidência de cicatrizes. Em seguida, seu doce olhar tornou-se pena. Encarou Taehyung com pena.

- Não me olhe assim. - Pediu, comprimindo os lábios. Estava desconfortável.

- Desculpe.

E mais uma vez, silêncio. Yoongi se culpou pelo clima de tensão que foi formado, se estivesse se segurando, estaria tudo bem.

- Eu tenho medo da minha madrasta. - Começou. Taehyung o encarou.

- Por quê?

- Ela... Ah... Como posso falar? Me fez mal. Muito mal. Por causa dela eu tenho tanto medo.

Para Taehyung, o clima estava mais estável, tinham dividido seus medos, isso era um nível tão alto se intimidade para si, estava realmente feliz e se sentia mais bobo ainda, como podia? O que fez ficar daquela forma? Não sabia, mas sabia muito bem que grande culpa disso tudo era seu pequeno gatinho. O psicólogo abriu a boca para falar, entretanto logo a fechou, pois avistou a lanchonete que sempre ia beber. Viram o local apagado, fechado. Preso à porta, um bilhete: Lanchonete fechada por luto.

Taehyung suspirou, cansado.

- Podemos beber na minha casa. - Yoongi disse, coçando a nuca, tamanha vergonha. O Kim lhe encarou por alguns segundos, sem reação.

- Vamos.

Oh. Sua casa. A casa bagunçada de tintas e folhas. A casa repleta de livros. Taehyung não poderia entrar ali, de jeito nenhum! Deus, imagina a vergonha!

- Tae... Acho melhor não...

- Por que, gatinho?

- Ah... Minha casa... 'Tá com um... - Iria completar com a desculpa de que havia um buraco no teto, porém, pensou melhor. Qual seria reação de Taehyung ao saber que o Min era tão preguiçoso a ponto de não consertar um buraco? Não, era muita vergonha. - Tem visita em casa.

- Quem? - Questionou. - Seu pai?

- I-Isso... Meu pai e minha madrasta.

- Então você seguiu o que eu disse? - Sorriu, tocando na cabeça de Yoongi. - Muito bem, gatinho. Espero que a relação de vocês melhore bastante.

- Ah... Taehyung...

- Me envie bastante fotos, tá'?

O pálido assentiu, arrependido no que disse. Porém era impossível voltar atrás agora, provavelmente sairia como o mentiroso.

Diante de tantas ligações e mensagens do seu pai, agora teria que aceitar todas, só por conta de uma mentira besta.

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