Estou te ligando

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TW: abandono

Leiam com cuidado.

...

Jimin se sentia ansioso. Suas pernas balançavam num tique incessante, enquanto o lábio cheio era mordido, vez ou outra, arrancando a pele da boca. 

Seus pais tinham o péssimo costume de querer juntá-lo com outra pessoa, e isso só piorou quando se assumiu bissexual; os mais velhos diziam que as chances do filho desencalhar estavam em “dobro”. Vez ou outra pensava que talvez os mais velhos pensassem que não teria a capacidade de crescer sozinho, na parte amorosa falando. Eles sabiam que o filho era alguém muito diferente dos outros, mesmo com a beleza acompanhando, Jimin seria um caso de apenas uma noite.

Não gostava disso. Não gostava desse tipo de pensamento que seus pais tinham.

Era um homem de vinte anos que trabalhava num escritório pequeno, numa rotina de tédio.

Ao seu redor, havia diversos casais, alguns recentes, outros já antigos. Viu de relance um homem e uma mulher sentados juntos, ambos olhando para baixo, ocupados demais teclando em seus celulares. Jimin comprimiu os lábios, não queria conhecer alguém que pudesse lhe trocar por um smartphone.

Baseado em suas convicções a respeito de tal mundo tecnológico, achava o uso necessário, entretanto por vezes passava do limites. Ah, se encontrasse alguém com os mesmos gostos; provavelmente passaria a tarde conversando sobre assuntos como teorias da conspiração. 

Jimin achava que o mundo acabaria com a união dos animais com a tecnologia. 

Balançou a cabeça, tentando afastar a imaginação boba do tal  homem perfeito. A cadeira em sua frente moveu, dando espaço para um adulto de cabelos castanhos.

— Park Jimin? — Assentiu em resposta. — Eu sou Kim Taehyung, seu encontro.

Deitou a cabeça na mesa, sentindo dores lhe atacarem. Estava cansado, seus ombros pesavam enquanto sua cabeça se mantinha ocupada com os trabalhos da faculdade. Tinha três livros para ler, já com data de entrega marcada, mais sete provas marchando em sua direção, prontas para lhe acertar um soco no queixo.

Ah, faculdade. Uma fase incrível.

Que mentira, provavelmente quando adolescente, pensava que após o ensino médio iria vir algo onde todos iriam começar a lhe encarar como adulto, porém na dura realidade, mal seus sêniores lhe encaravam como um humano.

Levou a mão até seu celular, desbloqueando.  O papel de parede era uma foto sua com Jimin e Namjoon, todos sorrindo em um dos passeios que fizeram. Naquele, por insistência do maior, tiveram que andar pelo parque com bicicletas, rindo e respirando o ar puro das árvores.

Namjoon sempre foi desse jeito, enquanto os outros dois optavam o conforto de casa, vendo um filme gostoso de suspense com um pouco de terror psicológico.

Eram diferentes, ao mesmo tempo iguais. Como se adaptassem cada mania do outro, como uma personalidade dividida em três partes.

Jimin era a adrenalina, às vezes certeira, às vezes impulsiva. Namjoon era a consciência, mas tendo uma falta de diversão, com seus gostos de velho e plantas para podar. Já Yoongi era o equilíbrio. 

Enquanto lembrava do dia viu uma notificação descer, sinalizando uma mensagem de Taehyung. 

Deixou que um sorriso escapasse. 

Taehyung: podemos nos encontrar?



Abriu um sorriso, os olhos fechados em pequenos riscos. 

Yoongi: Claro


Taehyung: me encontre no consultório daqui duas horas.



Mandou uma mensagem, confirmando que estaria lá. Sua mente bagunçou mais uma vez, tomando um rumo totalmente diferente. Pensou no que o psicólogo poderia aprontar, afinal, o mesmo tinha a mania de sempre lhe surpreender. 

Taehyung inteiro era uma surpresa, tendo em vista sua personalidade adorável, somando o fato de sempre lhe trazer cócegas na barriga acompanhado por um sorriso bobo. 

teve medo de ter se apaixonado tão rápido, pensando se aquilo tomaria caminhos ruins ou seria sempre aquela mesma rotina, onde iriam se encontrar e trocar carinhos, enquanto conversavam sobre sua semana. Se fechasse os olhos, ainda iria conseguir sentir seus lábios formigando após tantos beijos, doces palavras sendo sussurradas contra seu ouvido, a mão sempre acariciando sua cintura, de forma delicada, quase como se Yoongi fosse um boneco.

Seu coração bateu forte em ansiedade, enquanto deixava o celular sobre a mesa, tampou o rosto; não queria que a faculdade visse suas bochechas coradas.

Uma hora. Esperou o maior durante uma hora. Sentia sua camisa grudar em tanto suor, mesmo com as janelas abertas, permanecia repleto de suor frio, com medo. O celular não completava as ligações, até que por um tempo, elas cessaram; ele havia desligado o celular. Esfregou o rosto com as mãos, deixando que um suspiro triste escapasse, enquanto uma montanha parecia crescer sobre seus ombros. Já havia caminhado durante todo o local, sentindo aquele sentimento negativo lhe dominar.

Levantou da poltrona — a mesma que Taehyung costumava sentar para poder lhe ouvir. 

Não, ele não faria aquilo. Taehyung não era assim, sempre lhe tratou com respeito, os olhos brilhando em chamas de paixão. 

Ah, mas e se fosse tudo uma brincadeira?

Balançou a cabeça, pegando o celular, e mais uma vez, ligou para o psicólogo. 

Suas pernas instintivamente começaram a se mover, andando em círculos pelo arrumado cômodo. A pequena torre de livros ainda permanecia ali, intacta. Viu os mesmos livros deitados, na mesma ordem de sempre. Ao seu redor, os brinquedos continuavam jogados, enquanto a única coisa que faltava era a presença do psicólogo. 

Sete toques, uma voz grave soou.

— Alô?

Não era Taehyung. Seu coração falhou algumas batidas, um bolo formando em sua garganta; passou a mão pelo rosto, negando. Deve ser algum amigo.

— Taehyung está? — Perguntou, num fio de esperança.

— Quem é?

— Yoongi. — Respondeu, duro e direto. — Min Yoongi.

— Ah, — A voz do outro lado da linha suspirou, fazendo as estranhas do pálido se contorcem em ansiedade, presas numa paranóia de que tudo aquilo teria sido mentiras inventadas pelo Kim. — ele não está. — Yoongi sorriu. Sim! Ele deve ter pegado no sono, se atrasado e deixado o celular em casa, lembrou do maior ter comentado que morava em uma pensão com outros homens, então, aquele que lhe respondia deveria ser um dos. — Ele foi embora.

Sua respiração falhou, enquanto seu coração voltou a doer, de forma massacrante.

— Como?

 Seus olhos se encheram de água, ouvindo as duras palavras vindo ao seguir.

— Ele pediu para que você nunca mais o procurasse. 

myself; kth + mygOnde as histórias ganham vida. Descobre agora