Capítulo 14 - Oliver

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― Papai, porque a Sofia não veio com a gente? –Elena perguntou me olhando atentamente. Seus olhinhos verdes estavam curiosos.

― Ela só estava cansada, filha –Respondi a abraçando a mim no banco de trás do carro, enquanto voltávamos para casa.

― A Sofia é muito legal –Estevan disse, largando seu tablet e voltando seu olhar para mim- Pai, quando formos viajar, será que podemos convidar a Sofia de novo para ir conosco?

― Claro que podemos, filho. –Respondi, mesmo não tendo certeza do que estava dizendo.

― Eu iria adorar isso. –Ele respondeu, com um belo sorriso nos lábios, voltando a brincar em seu tablet logo em seguida.

Assim que chegamos em casa, as crianças correram animadas até dona Ana para lhe contar detalhes da viagem, enquanto ela os ouvia atentamente:

― Fico feliz em saber que se divertiram. –Ela disse em um sorriso- Bom dia, senhor Oliver! –Ela falou ao me ver- Como o senhor está?

― Bem, obrigado.

― Parece que vocês se divertiram muito.

― Sim, nos divertimos.

― Onde está Sofia? Pensei que ela viria almoçar aqui.

― Ela estava cansada, decidiu que seria melhor ir direto para casa. –Menti, sabendo que aquele não era o verdadeiro motivo.

Depois do almoço, fui para a sala com as crianças assistir televisão. Mas elas estavam tão exaustas que com meia hora de filme pegaram no sono.

Com a ajuda de Ana, levei Estevan para seu quarto e ela levou Elena para o dela.

Depois de dar um beijo na testa de cada um, fui para o meu quarto.

Tirei minha roupa e a joguei sobre a cama, indo para o banheiro logo em seguida para tomar uma ducha.

Liguei o chuveiro e enquanto a água caia sobre mim, não consegui tirar Sofia da cabeça.

Lembro que fiquei completamente fascinado por sua beleza, quando a vi usando aquele lindo vestido preto, que realçavam as curvas perfeitas de seu corpo.

Eu sempre achei Sofia muito bonita e atraente, mas ontem, quando nos beijamos, senti um desejo tão grande por ela, que eu nem mesmo sabia sentir.

Quando a segurei em meus braços, evitando que ela caísse e toquei seu corpo, senti um sentimento estranho se apoderar de mim, mas foi somente quando ela tocou meu rosto com suas mãos macias que eu soube que queria muito beijá-la.

Seus lábios vieram de encontro aos meus, me beijando deliciosamente. Demorei alguns segundos até perceber que ela também havia ansiado por aquele momento. A puxei delicadamente para mim e invadi sua boca com minha língua quente, sentindo a maciez de seus lábios e sua inocência.

Por mais que nosso corpo clamasse por aquilo, ela parou o beijo e saiu o mais rápido que pôde dali e hoje, durante a viagem, percebi que ela evitava olhar para mim, estava arredia e eu sabia que se culpava pelo que havia acontecido na noite anterior.

Desliguei o chuveiro, sequei meus cabelos rapidamente e depois me enrolei na toalha, voltando para o meu quarto.

Vesti uma cueca e me deitei em minha cama, percebendo o quanto me sentia estranho depois daquele beijo. Não que fosse algo ruim, mas era uma sensação nova, um misto de ansiedade e medo, talvez.

Depois que me divorciei, passei os dois anos seguintes na farra. Sai com várias pessoas, tive incontáveis noites de amor com mulheres com as quais não sabia nem o nome quando o dia amanhecia, até que eu percebi que aquilo não diminuiria em nada o meu sofrimento e que não seria assim que eu conseguiria dar a volta por cima e mostrar para Denise que eu estava bem.

O que quero dizer é que a maioria das mulheres com as quais sai, eram vazias. Nunca encontrei nenhuma com a qual quisesse conversar, apenas as levava para a cama e pronto! Em troca, elas se divertiam em passar a noite comigo em lugares luxuosos e pareciam ficar bastante contentes em contar para as amigas que haviam dormido com o grande empresário e advogado Oliver Beaumont.

Mas Sofia não era assim. Ela era uma garota simples. Estava sempre de jeans e botas de couro, mas ainda assim não deixava de ser linda.

Além disso, eu me sentia bem em conversar com ela. Havia contado a ela coisas sobre mim e minha família, que nunca havia dito a ninguém antes. E quando contei a ela sobre Denise, percebi que ela sabia o quanto falar sobre aquilo era doloroso para mim, mesmo sem sequer ter ouvido toda a história. Ela é o tipo de pessoa na qual se pode confiar.

Sabia que o fato de termos nos beijado poderia fazer com que ela se afastasse de mim e por algum motivo, eu tinha muito medo de que isso acontecesse. Mas também não queria enganá-la. Por mais que sentisse uma forte atração por Sofia, eu não queria namorá-la, não só ela, mas eu não me sentia preparado para entrar em nenhum relacionamento sério. Se aquilo continuasse, seria por simples desejo e atração. A pergunta era, será que ela iria querer continuar com aquilo?

Olhei para o relógio em meu pulso, já se passavam das 18:30. Sabia que só conseguiria encontrar a resposta para aquela pergunta, conversando pessoalmente com Sofia. E eu não estava muito disposto a ter que esperar por aquilo.

Me vesti e apanhei as chaves do meu carro que estavam sobre o criado mudo:

― O senhor vai sair, papai? –Elena perguntou me olhando do sofá, assim que cheguei a sala.

― Vou sim querida, tenho um assunto para resolver.

― O senhor está muito bonito. –Ela disse em um sorriso e eu caminhei até ela, a pegando nos braços e lhe beijando o rosto.

― Você também está muito bonita neste seu pijama cor de rosa.

― O senhor vai demorar a voltar? –Estevan perguntou, olhando para mim.

― Provavelmente não, filho. –Disse, colocando Elena de volta no sofá.

― Desculpe, senhor Oliver, mas o senhor não vai querer jantar antes de sair? –Dona Ana perguntou.

― Não, obrigado Ana. E vocês dois, nada de dormir muita tarde hoje, ouviram? –Adverti Estevan e Elena, que me encararam desapontados.

― Pode ficar tranquilo, senhor Oliver, colocarei os dois na cama cedo.

Depois de dar um beijo nos meus filhos, entrei em meu carro e comecei a dirigir na direção da casa de Sofia.

Não sabia como ela iria reagir quando me visse, mas sabia que não poderíamos continuar daquele jeito, muito menos agora.

Sua casa ficava muito distante da minha, e eu levei mais ou menos uma hora para chegar até ela.

Estacionei o carro em frente a uma casa murada. Conferi se era o endereço certo e desci. Por sorte, o portão estava aberto, o empurrei e o fechei logo em seguida. A varanda estava escura, e com uma certa dificuldade localizei a porta e bati nela uma, duas vezes até que Sofia a abrisse:

― Oliver? –Ela parecia completamente surpresa em me ver ali.

― Oi. –Disse aolhando atentamente- Podemos conversar?

A Babá dos meus FilhosWhere stories live. Discover now