Capítulo 48 - Oliver

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― Eu sinto muito pelo que aconteceu, Oliver. Nunca imaginei que a Sofia pudesse ser tão falsa! Não consigo acreditar que deixei me enganar por ela! –Estella me dizia indignada.

― Nem eu. –Disse, dando um longo gole no meu drink.

― Como você está, Oli? Eu sei que é chato falar sobre isso, mas...

― Eu estou bem, Estella, é sério, não precisa se preocupar comigo. –Disse ríspido e acho que ela percebeu que eu não estava muito à vontade para falar sobre aquele assunto.

― Tudo bem então –Ela disse dando de ombros- Vou buscar mais um drink, quer um? –Apenas confirmei com a cabeça, enquanto ela se levantava da mesa.

Olhei para o salão e vi que haviam vários casais dançando, Estella com certeza sabia dar uma festa melhor do que qualquer outra pessoa:

― Oliver Beaumont? –Uma moça perguntou, se aproximando da mesa.

― Sim? –A encarei.

― Não acredito que finalmente estou te conhecendo! –Ela disse animada- Eu sou Diana, acabei de me formar em direito e devo confessar que o seu trabalho foi a minha grande inspiração.

― Fico lisonjeado, Diana.

― Se não se importar, gostaria de saber mais sobre o seu trabalho, acho que o senhor pode me ensinar muitas coisas. –Sabia que Diana estava flertando comigo, pela forma sedutora com a qual me olhava. Ela vestia um vestido preto, bem justo ao seu corpo, sua pele branca, seus cabelos ruivos e seus olhos verdes davam a ela um ar bastante sexy.

― Então por que não começamos nossas aulas hoje? –A encarei, terminando de beber meu drink.

― Eu adoraria, senhor Beaumont.

Levei Diana para um dos hotéis mais luxuosos do Rio, reservei uma suíte para nós dois e depois de tomarmos uma garrafa de champanhe, acabamos transando.

Depois do sexo, ela ficou falando um monte de coisas no meu ouvido, mas eu não prestei atenção a suas palavras, meus pensamentos estavam longe. Estavam em outra pessoa.

Depois que ela pegou no sono, sai da cama e fiquei andando pelo quarto. Apanhei uma cerveja no frigobar e me sentei em uma poltrona, no canto do quarto.

Dei o primeiro gole e quando encarei a moça nua na cama, senti uma repulsa enorme crescer dentro de mim. Quem eu estava querendo enganar? Mesmo depois de tudo, eu simplesmente não conseguia parar de pensar em Sofia. Pensei que infinitas noites de sexo e álcool, fossem o suficiente para me fazer esquecê-la, mas eu já não acreditava mais nisso. E olhando para aquela cama, desejei que fosse Sofia ali.

Eu ia para a cama com outras mulheres, não só para esquecer Sofia, mas para dar a ela a oportunidade de experimentar a sensação de estar sendo traída. Eu não deveria me sentir mal, afinal, não era eu que havia sido infiel com ela, mas quando fazia aquilo, eu me sentia o maior cafajeste do mundo, eu tinha nojo de mim.

Terminei a cerveja e uma vontade enorme de chorar me invadiu. Não tentei evitar, apenas chorei baixinho, ali, nas sombras daquele quarto. Apesar de não haver perdão para o que Sofia havia feito comigo, eu não conseguia deixar de amá-la.

Mas ela estava com Ryan e mesmo que eu quisesse tentar reconquistá-la, sabia que o que quer que existiu entre nós dois estava abalado demais para ser recuperado. A verdade é que por mais que fosse difícil, eu precisava colocar na cabeça que a havia perdido:

― Por que eu ainda te amo tanto? –Sussurrei para mim mesmo.

Meu coração estava angustiado e era como se a vida tivesse perdido todo o seu sentido. Lembro que depois que Denise me deixou, eu havia me entregado a farra e as bebidas, Sofia havia conseguido me libertar daquela vida vazia e escura, e agora, tudo estava se repetindo de novo, do mesmo jeito, a diferença, é que desta vez, duvidava muito que existisse alguém que pudesse me resgatar daquela vida. Eu nunca mais amaria alguém como havia amado, Sofia. Durante um bom tempo, aquela mulher havia sido os motivos do meu sorriso e da minha felicidade, cheguei até em cogitar a ideia de me casar e formar uma família com ela, mas agora, tudo isso não passava de pensamentos. Coisas absurdas, do tipo que você sabe que são impossíveis de acontecer.

No dia seguinte, acordei por volta de umas sete e quinze da manhã, me arrumei e deixei um bilhete para Diana, a agradecendo pela noite incrível e deixando bem claro que eu não estava à procura de um relacionamento sério. Enquanto escrevia, tentei ser o mais delicado possível, apesar de eu não estar na minha melhor fase, não era ela a culpada por eu estar daquele jeito.

Deixei o quarto antes que ela acordasse, era mais fácil para elas entenderem quando acordavam e não nos viam por ali.

Peguei o elevador, cheguei ao saguão e enquanto cruzava o salão para ir embora, avistei Sofia, conversando com a recepcionista do hotel. Naquele momento, fiquei completamente sem reação, não esperava encontra-la ali:

― Você ter certeza disso? –Ela perguntava a recepcionista.

― Eu sinto muito, a vaga de camareira foi preenchida hoje cedo.

― É que eu estava precisando muito desse emprego, entende? Além da minha faculdade, tem o aluguel da casa em que eu moro, além de todas as outras despesas! –Sofia dizia desesperada- Será que se você falar com a gerente, ela não pode conseguir alguma coisa para mim? –Mesmo a uma certa distância, percebi que ela estava mais magra que o normal, além de parecer estar exausta.

― Sinto muito, senhorita.

― Obrigada. –Sofia lhe lançou um sorriso fraco e saiu do hotel.

Corri até a rua e vi quando ela entrou em um ônibus. Pela conversa com a recepcionista e o desespero que Sofia demonstrou, me fizeram perceber que a situação financeira dela não estava muito boa. Depois que terminamos, acertei suas contas, não era muito dinheiro, mas pensei que ela pudesse viver tranquila com ele por um tempo.

Senti uma pontada no meu peito, apesar de as coisas entre nós dois terem acabado mal, de forma alguma, eu não queria vê-la passando necessidades. Além disso, ela não parecia estar se alimentando muito bem e imaginar que ela poderia estar passando fome e outras necessidades, foi o mesmo que tomar um soco na boca do estômago:

― Luíza? –Liguei para minha secretária.

― Sim senhor, Oliver?

― Quero que ligue na PUC e pague os próximos três meses da mensalidade do curso de psicologia da aluna Sofia Montenegro, pode fazer isso?

― Claro senhor! Farei isso agora!

Depois, liguei para o banco e pedi que transferissem dez mil reais da minha conta pessoal para a de Sofia. Era o mínimo que eu podia fazer por ela e pelos bons momentos que nós dois tivemos.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora