Capítulo 22 - Sofia

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Depois de passar horas e horas chorando por Oliver, conclui que todas aquelas lágrimas que estava derramando não me levariam a lugar algum, muito menos mudariam o que já havia acontecido. Para afastar meus pensamentos dele, peguei meus livros e fui fazer os deveres da faculdade, onde fiquei até tarde estudando. Eu nem sequer havia jantado. Só havia almoçado, mas ainda assim, não estava com fome.

No dia seguinte, acordei debruçada sobre meus livros, que estavam espalhados pela minha cama. Me espreguicei e olhei para o despertador que marcava exatamente 06:45 da manhã.

Dei um pulo da cama, em exatamente quinze minutos minhas aulas começariam e eu nem sequer estava arrumada. Já havia perdido o primeiro ônibus, mas se corresse, talvez conseguiria pegar um outro que saia as sete e quinze. Era inevitável que eu perderia a primeira aula e talvez até um pouco da segunda, mas de maneira alguma eu poderia deixar de ir a faculdade.

Escovei meus dentes apressada e lavei meu rosto, vestindo jeans, uma camiseta preta e minhas botas de couro marrom, amarrando meus cabelos em um rabo de cavalo.

Ajuntei meus livros da cama e os coloquei dentro da minha mochila, saindo apressada de casa em direção ao ponto de ônibus.

Minha barriga roncava enquanto corria pela rua, mas eu sabia que não haveria tempo para aquilo.

O ponto de ônibus ficava a mais ou menos um quilômetro da minha casa, e enquanto corria, sentia um suor frio correr pelo meu corpo.

Minhas vistas começaram a ficar embaçadas e eu senti minhas pernas bambearem. Quando vi, já estava no chão.

Vi alguns vultos, e ainda zonza, defini que deveriam ser pessoas que haviam se aproximado:

― Moça, você está bem? –Parecia ser a voz de uma mulher, mas eu não conseguia distinguir seu rosto.

― Por favor, alguém ajude aqui! –Uma outra pessoa gritou.

― Por favor, se afastem! –Enxerguei o vulto de um homem, mas seu rosto não passava apenas de uma figura para mim- Não se preocupe, eu a levarei para hospital. –Senti que ele me pegava em seus braços, enquanto proferia palavras de conforto para mim- Não se preocupe, você vai ficar bem. –Depois disso, apaguei.

Quando abri meus olhos, demorei algum tempo para definir onde estava. Olhei ao redor, estava em um quarto pequeno, com paredes brancas e outras duas camas ao lado da minha, camas hospitalares. Levantei meu braço e vi que havia uma agulha introduzida no mesmo, presa apenas por algumas ataduras. Segui o cano que estava ligado a agulha com meus olhos e vi que o mesmo estava ligado a um soro, que pingava lentamente:

― Sofia, você acordou! –Vanessa se aproximou, me dando um abraço cauteloso.

― Vanessa? O que você está fazendo aqui? O que aconteceu? –Perguntei ainda zonza.

― Você desmaiou, Sofia. Mas por sorte o Ryan estava fazendo uma ronda pelo seu bairro e te socorreu, te trazendo aqui para o hospital, depois disso, ele conseguiu falar comigo através do seu celular.

― Quem é Ryan? –Perguntei e Vanessa olhou imediatamente para a porta do quarto. Acompanhei seu olhar e vi um homem alto parado diante dela, seus cabelos eram escuros e ele estava vestindo o uniforme da polícia.

― Será que eu posso entrar? –Ele perguntou olhando para mim, apenas acenei positivamente com a cabeça, enquanto ele se aproximava.

― Sofia, vou deixar você a sós com o sargento Ryan, enquanto vou a recepção assinar alguns papéis para que você possa receber alta ainda hoje, está bem? –Vanessa me lançou um sorriso e depois saiu do quarto. Olhei para o policial parado ao meu lado:

― Então foi você que me ajudou? –Perguntei, me sentindo mais cansada do que o normal.

― Sim, eu estava fazendo minha ronda e vi o momento exato em que você desmaiou.

― Obrigada por isso. –O olhei e ele me lançou um sorriso amigo.

― Eu só cumpri com o meu dever de policial.

Cansada de ficar deitada, tentei me levantar, mas nem para isso eu tinha forças:

― Espere, não se esforce tanto, eu te ajudo. –Ryan se aproximou, colocando uma de suas mãos em minhas costas e com muito cuidado, me ajudou a sentar na beirada da cama- Pronto como se sente? –Ele me encarou e agora, mais próximo, pude notar que seus olhos eram verdes, como os campos mais vívidos.

― Eu estou bem. Obrigada. –Respondi e ele se afastou, enquanto Vanessa retornava ao quarto.

― Pronto amiga, já falei com o médico e ele disse que você já pode voltar para casa, eu só vou chamar um táxi para vir nos buscar...

― Bem, eu tenho que voltar a fazer minha ronda daqui a alguns minutos, mas se quiserem, posso leva-las. Tenho certeza de que dará tempo. –Ryan a interrompeu, se oferecendo para nos levar a minha casa.

― Isso seria maravilhoso! –Vanessa disse contente.

― Não queremos incomodar... –O olhei, sabendo que ele deveria ter coisas mais importantes para fazer.

― Não se preocupe, não será incômodo algum. –Seus lábios se contraíram em um sorriso.

Como mesmo havia dito, Ryan nos levou a minha casa. Vanessa foi comigo no banco de trás, por medidas de segurança. Depois de estacionar a viatura em frente a minha casa, ele me ajudou a descer do carro, apoiando meu braço sobre seu ombro, enquanto ele me segurava delicadamente pela cintura.

Vanessa foi a frente, para destrancar a porta:

― Pode me levar até o sofá? Ainda estou me sentindo um pouco zonza.

― Claro.

Ryan atravessou a sala, e me ajudou a sentar no sofá, assim como havia pedido.

― Obrigada.

― Você agradece muito sabia? –Ele sorriu e eu conclui que ele deveria ser um dos donos dos sorrisos mais lindos do mundo.

― É o mínimo que eu posso fazer depois de você ter salvado a minha vida.

― Por favor, não é para tanto. Quer me agradecer? Apenas se alimente direito daqui para frente está bem? –Ele me olhava atenciosamente.

― Tudo bem.

― Você aceita um café? –Vanessa perguntou da cozinha.

― Não, obrigado, eu adoraria, mas tenho que voltar a minha ronda.

― Eu lhe acompanho até a porta. –Vanessa disse vindo até a sala.

― Até mais então... –Ele me encarou e foi somente aí que percebi que ainda não havíamos nos apresentado formalmente.

― Sofia. –Respondi- E mais uma vez, obrigada, sargento Ramos? -Disse, conferindo a etiqueta com seu sobrenome em seu uniforme.

― Por favor, apenas Ryan. –Nos cumprimentamos, enquanto ríamos daquela situação.

Vanessa o acompanhou até a porta, e depois o observou enquanto ele caminhava até a sua viatura:

― Gente, com um policial desses todos os dias eu cometeria um delito. –Ela veio até mim se abanando.

― Você não presta mesmo em, Vanessa? –Ri.

― O que posso fazer, sou humana. -Ela deu de ombros- Está com fome?

― Um pouco.

― Vou preparar algo para você comer está bem? Onde já se viu, ficar de barriga vazia!

― Obrigada amiga, me desculpe por te ter feito perder as últimas aulas na faculdade.

― Como o policial gato mesmo disse, você agradece demais! –Ela piscou para mim, indo até a cozinha. Eu tinha sorte por tê-la como amiga.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora