Capítulo 51 - Sofia

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Eu estava dura, mas apesar de estar precisando muito daquele dinheiro, não tive coragem de sacar um centavo sequer dos dez mil reais que Oliver havia depositado na minha conta. Ele já havia pago três meses da minha faculdade e agora aquilo, eu não podia aceitar.

O que mais me surpreendia é que Oliver desconhecia a verdade e, mesmo achando que eu o havia traído e que estava com outro, ele continuava se importando comigo, mas, por quê?

Também me perguntava como ele havia descoberto sobre a minha situação financeira caótica. Será que alguém havia dito a ele ou foi puro extinto? Talvez, no fundo, ele só quisesse garantir que eu fosse ficar bem.

Saquei o pouco dinheiro que restava do meu acerto e depois de sair do banco fui para o supermercado que ficava mais próximo da minha casa. Peguei uma cestinha e comecei a andar pelos corredores. Procurei comprar alimentos saudáveis e nutritivos e, quando fui até a sessão de hortaliças, avistei um casal com duas crianças, uma já grandinha e um bebê. O menino maior, fazia birra, implorando ao pai que lhe comprasse um cereal, enquanto o bebê estava agitado nos braços de sua mãe. Depois de alguns minutos de conversa, o pai conseguiu convencer o filho de que aquilo não era o melhor para ele, enquanto a mãe também conseguiu acalmar o bebê, depois eles seguiram juntos pelo corredor e foi como se nada tivesse acontecido.

Sorri, ao mesmo tempo que tive vontade de chorar. Eu estava grávida e sabia que ter um filho era uma dádiva divina, mas eu também estava sozinha, sem emprego e principalmente sem dinheiro.

Por que a Denise teve que aparecer e estragar tudo? Por que? Oliver e eu estávamos tão bem, nós dois estávamos apaixonados e muito, muito felizes, mas ela estragou tudo isso no instante em que apareceu.

Tive vontade de chorar, mas me segurei, eu precisava ser forte, principalmente agora. Eu queria contar ao Oliver que estava esperando um filho dele, a pouco mais de um mês atrás, sabia que ele ficaria extremamente feliz em receber essa notícia, mas hoje, eu não sabia bem como ele iria reagir. Ele poderia achar que eu estivesse mentindo e que aquele bebê fosse de outro homem e se ele jogasse isso na minha cara, eu juro que não iria aguentar. Ele já havia se mostrado completamente decepcionado comigo uma vez e eu não estava preparada caso ele reagisse daquele jeito de novo:

― Sofia? –Uma voz me arrancou de meu devaneio.

Quando me virei, vi Ryan parado diante de mim. Era a primeira vez que nos encontrávamos depois de tudo o que havia acontecido. Ele usava uma camiseta cinza, jeans e tênis, em sua mão trazia uma cesta do supermercado, que continha alguns cereais e carnes.

― Ryan? –Disse surpresa.

― Já faz tempo que não nos vemos. –Ele disse em um tom amigável.

― Não achei que você quisesse me ver de novo, não depois de tudo o que aconteceu. –Respondi envergonhada.

Ryan mudou o peso do corpo de uma perna para a outra e depois me encarou:

― Confesso que fiquei bastante chateado quando você me usou daquele jeito, mas, eu exagerei, não deveria ter te tratado daquele jeito, me desculpe.

― Se tem alguém aqui que precisa te pedir desculpas sou eu.

― Bem, acho que nós dois erramos naquele dia. –Ele me lançou um sorriso.

― É, acho que sim. –Naquele momento, meus olhos avistaram novamente aquela carne congelada que havia na sua cesta e eu me senti um pouco nauseada.

― Ei, você está bem? –Ele largou a cesta no chão e se aproximou de mim, suas mãos em meus ombros. Ryan me encarava atentamente, parecia preocupado.

― Só estou um pouco enjoada. –Disse, sentindo meu estomago revirar.

― Venha, vamos sentar ali.

Ryan me levou até um espaço do mercado em que havia uma pequena lanchonete, ele puxou uma cadeira para mim e depois foi até o balcão, quando voltou, trazia consigo uma garrafa de água:

― Beba, vai te fazer bem. –Ele disse, entregando-a a mim.

― Obrigada. –Agradeci e enquanto bebia a água, percebi que ele havia deixado sua cesta de compras no meio do corredor. Fiquei feliz por aquilo, eu não conseguiria olhar por mais meio segundo para aqueles pedaços de carne sem me sentir nauseada.

Ryan puxou uma cadeira para ele e se sentou, me olhando atentamente:

― Você está se alimentando bem? –Ele perguntou. Afinal, porque todos me perguntavam sempre a mesma coisa?

― Por quê?

― Não pude deixar de notar que você está mais magra e agora, esse mal-estar... Só fiquei preocupado com você.

― Eu estou bem. –Disse ríspida.

― Não parece –Seus olhos verdes me encararam sérios- Eu sou policial, se esqueceu? Sei reconhecer uma pessoa quando ela está mentindo e você Sofia, você está mentindo para mim agora.

― Eu tenho que ir. –Me levantei da mesa, com a minha cesta de compras.

― Eu não sei o que está acontecendo, Sofia, mas eu posso te ajudar! –Ele gritou, vindo atrás de mim.

― Não, não pode! Ninguém pode!

― Você pode confiar em mim. –Ele atravessou na minha frente, impedindo a minha passagem- Você parece triste, eu só quero te ajudar, lembra quando erámos amigos? Quero que voltemos a ser como antes, mas você precisa confiar em mim, eu nunca te faria mal.

E eu sabia que não. Ryan era um bom homem, na verdade, em muito pouco tempo, ele havia se tornado um grande amigo. Baixei a cabeça e depois voltei meu olhar para ele, seus olhos verdes me encaravam decididos e eu sabia que ele não me deixaria passar enquanto não lhe contasse o que estava acontecendo:

― Eu estou grávida. –Respondi em um suspiro.

Ryan deu um passo para trás, provavelmente em virtude da surpresa:

― Esse bebê, ele... –Ele perguntou constrangido.

― Sim, é do Oliver.

― Parabéns, não sabia que vocês dois haviam voltado.

― E não voltamos. –Disse tristonha- Eu recebi essa notícia ontem e, além de mim e minha amiga, apenas você sabe disso.

― Não vai contar a ele? Afinal ele é o pai.

― Eu ainda não sei o que vou fazer, mas preciso que você me prometa que vai guardar o meu segredo, você promete?

― Mas Sofia, você não pode cuidar de um bebê assim, sozinha!

― Eu preciso que me prometa, Ryan! –Implorei, já com lágrimas nos olhos.

Ao ver o meu estado e o quanto estava nervosa, Ryan me abraçou. Me senti protegida quando seus braços fortes me entrelaçarem e naquele momento eu desabei, chorando toda a minha angústia:

― Não precisa chorar, prometo que vou guardar seu segredo. –Ele disse, tentando me acalmar.

― Não é por isso que estou chorando. –Murmurei.

Estou chorando porque tive minha vida destruída por uma ex-mulher interesseira, porque minha melhor amiga está apaixonada por um cara que a estrangulou, mas principalmente, porque neste exato momento, eu gostaria de estar nos braços do Oliver o beijando, depois de ter dado a ele a notícia de que estou grávida do nosso primeiro filho, enquanto Estevan e Elena pulam animados ao nosso redor, felizes com a notícia de que terão um irmão.

Quis dizer tudo aquilo a Ryan, mas me contive, afinal, não mudaria nada. O que estava feito, estava feito.

A Babá dos meus FilhosWhere stories live. Discover now