Capítulo 36 - Oliver

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Acordei no sofá da casa de Sofia. Ainda sonolento, me sentei, esfregando meus olhos.

Olhei ao redor e percebi que Sofia estava na cozinha. Me levantei e caminhei até ela, que preparava alguma coisa no fogão:

― Bom dia, Oli! –Ela olhou para mim sorrindo.

― Bom dia. O que está fazendo?

― Bolinhos de chuva. Depois daquele café da manhã maravilhoso que você preparou para mim na sua casa, acho que chegou a minha vez de retribuir. –Ela falou, retirando os bolinhos da panela e os colocando em uma travessa com alguns guardanapos, em seguida, os colocando sobre a mesa.

― Parecem apetitosos. O cheiro também está muito bom! –Observei.

Sofia caminhou até mim, entrelaçando suas mãos ao redor do meu pescoço e me beijando. Instintivamente, minhas mãos foram para o seu quadril.

― Sente-se comigo. –Ela pediu, murmurando por entre meus lábios.

― Só vou ao banheiro e já volto, está bem?

O único banheiro da casa ficava dentro do quarto de Sofia. Quando adentrei em seu quarto, lembranças boas dos nossos momentos ali me fizeram sorrir. Apesar dos móveis simples, se podia perceber a organização e a limpeza.

Havia alguns livros sobre uma mesinha no canto do quarto e eu imaginei as noites que ela deveria ter virando estudando ali.

Depois de lavar o rosto na pia do banheiro, retornei para a cozinha, onde Sofia me esperava sentada a mesa. Me sentei ao seu lado e apanhei um bolinho, sentindo seu sabor maravilhoso invadir minha boca:

― Não acho que ficaram tão bons quanto suas panquecas, mas eu juro que tentei. –Ela disse dando de ombros.

― Está brincando? Isso está maravilhoso, Sofia!

― Você gostaria de café ou leite? –Ela perguntou doce.

― Um pouco de leite está ótimo.

Sofia se levantou. Ela vestia jeans e uma camiseta branca com o emblema da psicologia no peito, eu ficava bobo com a forma que aquele tecido conseguia valorizar ainda mais as curvas do seu corpo. Ela foi até a geladeira e colocou um pouco de leite em um copo para mim. A geladeira era de um amarelo, que entregava que algum dia ela já havia sido branca, além de estar muito enferrujada:

― Aqui está. –Ela me entregou o copo com leite.

― Você nunca tomou um choque nessa geladeira? –Perguntei, a olhando com espanto.

― Alguns, mais não tantos quanto você está pensando. –Ela riu.

― Você já pensou em se mudar daqui?

― Eu até gostaria, mas levando em conta que estamos no Rio, acho que esse é um dos poucos lugares que eu ainda consigo pagar.

― E se eu pagasse um apartamento para você?

― Oliver, você não tem que fazer essas coisas por mim... –Ela disse sem jeito.

― Eu sei, mas é que eu fico tão preocupado com você. Este bairro é muito afastado do centro e consequentemente, longe da faculdade também, se você quiser, eu posso tentar encontrar um apartamento mais perto do centro para você.

― Eu agradeço a generosidade Oliver, mas eu não posso aceitar. –Ela respondeu envergonhada.

― Então, será que eu posso ao menos te levar a faculdade?

― Tudo bem, só vou pegar minha mochila.

Depois que saímos da casa, entramos no carro em direção a faculdade:

― Sofia?

― Sim? –Ela lia alguma coisa em um de seus livros, mas prontamente parou para poder me olhar.

― Quem te levou para casa ontem? –Perguntei descontraído, tentando disfarçar minha curiosidade.

― Foi o Ryan, aquele policial que me ajudou outro dia. Vocês se conheceram na festa da Estella, se lembra dele?

― Claro, ele parece ser uma boa pessoa.

― É, ele é bem legal.

Suas palavras me fizeram sentir um resquício de ciúmes:

― Não precisa ficar com ciúmes, Oli. Eu amo você. –Ela tocou meu braço, me laçando um sorriso.

Poucos minutos depois, estacionei o carro em frente a faculdade. O movimento de pessoas chegando e entrando para o início das aulas era grande:

― Oliver, quando você vai se encontrar com a Denise? –Sofia perguntou tristonha, ainda sentada no banco do passageiro.

― Ainda não sei. Não sei bem como vou reagir quando vê-la.

Sofia baixou a cabeça e eu soube que ela estava preocupada com o encontro que eu teria com Denise:

― Eu te amo, Sofia. Você não precisa se sentir insegura. Você é a mulher da minha vida, e nada pode mudar isso. –Toquei seu rosto e logo depois, a beijei ternamente nos lábios.

― Eu sei. –Ela sussurrou por entre meus lábios- Sabe que pode contar comigo, não sabe?

― Eu sei.

Sofia me olhou com um sorriso e depois tornou a me beijar, desta vez um pouco mais demorado:

― Te vejo mais tarde. –Ela disse, saltando para fora do carro e caminhando em direção a entrada da faculdade.

Decidi que seria melhor ir para a empresa, trabalhar sempre me ajudava a colocar meus pensamentos em ordem. Admito que estava com um certo receio em encontrar minha ex-mulher. Denise havia destruído minha vida, havia abandonado a mim e aos meus filhos sem nem sequer olhar para trás e agora, o fato de ela estar de volta me apavorava.

Havia parado no semáforo, quando o telefone de Estevan começou a tocar, ele estava no porta-luvas do carro. O apanhei e minhas mãos ficaram trêmulas quando vi que era ela que estava ligando:

― Denise? –Atendi com a foz falha.

― Conversei com o Estevan pelo computador e ele me disse que você havia tomado o celular dele e que já sabia de mim. -A sua voz ainda era a mesma de anos atrás, exatamente como eu ainda me lembrava.

― Precisamos conversar. –Disse firme.

― Eu sei. Estaria disposto a me encontrar agora?

― Sim, acho que já está na hora de resolvermos tudo isso. Onde posso te encontrar?

Denise me passou o seu endereço e depois deanotar tudo mentalmente, mudei de rota, indo em sua direção. Eu não sabia o queia acontecer, nem como eu iria me sentir ou como iria reagir quando a vissenovamente na minha frente. O que eu sabia é que dessa vez, não iria deixar queela me ferisse, nem a mim, nem aos meus filhos.

A Babá dos meus FilhosWhere stories live. Discover now