Capítulo 32 - Sofia

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― Bom dia, Vanessa! –Disse ao encontrar minha amiga na faculdade na segunda-feira.

― Bom dia que nada, onde você e o Oliver se enfiaram no sábado? Procurei vocês a noite toda! –Ela disse cruzando os braços para mim.

― Me desculpe, Vanessa. Nós fomos para a casa dele e...

― Há, eu estou brincando! Sabia que vocês precisavam ter esse momento íntimo –Ela me abraçou sorrindo- Ele curtiu a lingerie vermelha? –Ela perguntou curiosa me olhando.

― Acho que sim. –Respondi, sentindo meu rosto corar- Nós passamos o domingo todo juntos e ele disse que me ama. –Completei, a encarando a tempo de ver sua boca se abrindo em espanto.

― Isso é tão lindo, Sofia! Fico feliz por vocês.

― Você está diferente... –Disse a olhando com atenção- Está tão sorridente. Quer me contar algo?

― Na verdade sim. –Ela segurou minhas mãos- No sábado, depois que você e o Oliver me abandonaram na festa, eu estava no meio do salão e o irmão dele, Brian, se aproximou e nós dançamos juntos e, no final da noite, bem, nós dois acabamos ficando. –Ela disse dando alguns pulinhos.

― Você e o Brian ficaram?

― Sim, ele é tão legal! Foram só alguns beijinhos, mas... Já fazia muito tempo que eu não me sentia assim, Sofi.

― Vocês acabaram de se conhecer, Vanessa.

― Sofia, você sabe que já faz quase um ano que eu não pego ninguém, e quando finalmente consigo desencalhar você não fica feliz por mim?

― Não é isso Vanessa, é que o Brian, ele me parece ser um cara viajado, do mundo, daquele tipo que não se apega a ninguém. –Apertei suas mãos- Você é a minha melhor amiga, só não quero que se machuque, só isso.

― Eu sei, e fico feliz em saber que se preocupa tanto assim comigo, mas, nós marcamos de nos encontrar hoje, sabe, para nos conhecermos melhor.

― Te desejo sorte, só vá com cuidado está bem?

― Qual é Sofia, você está falando igual a minha mãe! Você já tem o seu Beaumont, deixe eu ter o meu. –Ela me lançou uma piscadela e saiu saltitante, em direção a sua sala de aula.

Não me interpretem mal. Não que eu não esteja feliz por minha amiga estar conhecendo uma nova pessoa, mas o problema da Vanessa, que apesar de ser completamente extrovertida e as vezes parecer que ela não se importa com nada, é que quando ela se apaixonava, é para valer. Ela mergulhava de cabeça, sem se importar com as consequências.

Seu último "namorado" se chamava Douglas. Eu não cheguei a conhece-lo, quando nos tornamos amigas, eles já haviam terminado e, ela mesma me contou que eles haviam se conhecido em uma festa e que havia sido "amor à primeira vista", eles ficaram algumas vezes e, tempos depois, ela descobriu que ele estava ficando com uma outra garota da faculdade.

A questão é que, mesmo sem terem sequer namorado sério, ela sofreu demais com isso e eu temia que Brian a fizesse passar pela mesma situação de novo.

Apesar de ele e Oliver serem irmãos, não era difícil notar as diferenças que haviam entre eles. Apesar de trabalhar muito e da pose de durão, Oliver era um homem carinhoso, gentil, divertido e em certos momentos, até mesmo frágil, ele era pai de dois filhos e mesmo depois do divórcio, sempre foi respeitoso com eles. Eu não conhecia Brian, mas não era difícil de notar que ele era o tipo de cara que curtia viajar pelo mundo, sem nenhuma preocupação, parecia galanteador e eu juro que apesar de tê-lo visto somente duas vezes, odiei a forma como ele olhava para as pessoas, era como se seus olhos verdes passassem superioridade, outra coisa que eu odiava em uma pessoa.

Após o fim das aulas, me despedi de Vanessa, que estava animada trocando mensagens pelo celular com Brian. Ariovaldo já me esperava, e dali, seguimos para a casa de Oliver.

Depois do almoço, começou a chover muito forte, e o treinador de Estevan ligou nos informando de que ele não teria treino hoje, devido o campo estar muito molhado. Elena estava um pouco resfriada, então, decidimos que seria melhor que ela também não fosse para a sua aula de balé hoje.

Os ajudei com suas atividades do colégio e depois eles foram para a sala ver televisão. Era óbvio que estavam completamente entediadas:

― Sabe, eu tive uma ideia, o que vocês acham de nós três fazermos um piquenique?

― Não dá Sofia, está chovendo. –Estevan apontou para a janela. A chuva ainda caia forte lá fora.

― Quem disse que vamos lá fora? –Sorri para eles.

Os dois foram comigo até a cozinha e lá me ajudaram a preparar alguns sanduiches de presunto e mozarela e suco de laranja. Pedimos a dona Ana que nós desse um lençol, e depois de arrastar um pouco os sofás, forramos o lençol no chão e nos sentamos, saboreando nossos sanduiches e brincando com alguns jogos de cartas e quebra-cabeças que Elena tinha.

A porta da sala se fechou com uma batida e quando nos viramos, vimos Oliver completamente ensopado em seu terno cinza riscado:

― Está um dilúvio lá fora. –Ele disse tirando seu paletó, olhando para nós, enquanto as crianças riam- O que estão fazendo? –Ele se aproximou, para ver o que estávamos fazendo.

― Um piquenique. –Respondi, o olhando com um sorriso.

― Senta com a gente papai, Estevan está perdendo feio no Uno! –Elena disse alegremente.

― Ei, não estou nada! Você que está roubando! –Estevan protestou.

― Eu preciso tomar um banho agora e trocar essas roupas molhadas, mas talvez depois eu brinque com vocês. –Oliver disse, deslizando as mãos por seus cabelos molhados.

― Quem quer mais suco? –Perguntei e os dois levantaram as mãos- Tudo bem, eu vou até a cozinha buscar –Me levantei- Não vale mexer nas minhas cartas em? –Pisquei para eles, indo até a cozinha, enquanto Oliver me acompanhava.

― Piquenique? –Ele questionou, se encostando na pia, enquanto eu servia dois copos com suco.

― Bem, eles estavam entediados, pensei que fosse uma boa ideia.

― Meus filhos gostam muito de você. –Oliver disse segurando minha mão, me puxando para ele.

― Aqui não... –Disse, sabendo onde ele queria chegar com aquilo. A qualquer momento dona Ana ou alguma das crianças poderiam entrar na cozinha.

― Passei o dia todo sonhando com isso, por favor, não me negue agora –Oliver murmurou, colocando sua mão em minha nuca e me puxando para um beijo rápido.

― Você está ensopado. –Ri por entre seus lábios, parando nosso beijo lentamente.

― Sofia, onde está nosso suco... –Estevan entrou de uma vez na cozinha, e quando me viu tão próxima do seu pai, seu rosto se fechou em completa desaprovação- O que está acontecendo aqui? –Seu tom de voz mudou e ele parecia muito bravo com nós dois. Como explicar para um garoto de treze anos, que o pai dele estava namorando com a babá?

A Babá dos meus FilhosWhere stories live. Discover now