Capítulo 56 - Sofia

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Estava sentada na mesa da cozinha, fazendo alguns deveres da faculdade, na verdade tentando, porque por alguma razão, eu não estava conseguindo me concentrar.

Depois que me encontrei com Oliver, outro dia, eu não conseguia parar de pensar em como lhe explicaria tudo o que estava acontecendo quando nos encontrássemos de novo.

Eu estava ansiosa para lhe contar tudo, porque aquilo poderia significar a nossa volta, mas, por outro lado, eu tinha medo de que ele não acreditasse em mim. E se isso acontecesse, eu não poderia culpa-lo.

Nas últimas semanas meu corpo havia passado por mudanças drásticas. Meu olfato estava mais apurado do que nunca, minhas mamas estavam sensíveis e minhas mãos e meus pés inchavam frequentemente. Minha gestação ainda não era visível, minha barriga não havia crescido quase nada e por um lado, aquilo era bom, já que eu teria um tempo para me acostumar com a ideia de que seria mãe, antes que todos os outros percebessem.

Minha gravidez era uma das coisas que eu mais ansiava para contar ao Oliver. Eu não sabia como ele iria reagir ou o que iria achar de tudo aquilo. Nós nunca havíamos falado sobre a possibilidade de termos filhos ou até mesmo, se ele queria ter mais filhos.

Sempre que levava minhas mãos ao meu ventre, eu ficava fascinada em pensar que havia um ser ali, crescendo dentro de mim e, independente de qual fosse a decisão de Oliver, eu criaria aquela criança com todo o meu amor.

Fui arrancada de meus pensamentos por uma batida na porta. Me levantei da cadeira e caminhei até ela, a abrindo:

― Ryan? –O encarei surpresa- Não esperava te ver aqui.

― Desculpe vim assim sem avisar, mas é que eu estou de folga hoje e resolvi passar aqui para ver como você estava e, eu também trouxe isso –Ele levantou uma sacola com um pote de sorvete- caso você queira conversar. –Rimos e eu o convidei para entrar.

Peguei duas colheres na cozinha e depois nos sentamos no chão da sala, onde começamos a devorar o pote de sorvete:

― Como você sabia que eu gostava de chocolate? –Perguntei, o olhando de relance.

― Não sabia, mas, quem não gosta de chocolate? –Ele riu, tomando uma colher- Como está indo a gestação?

― Bem, na verdade, ainda é tudo muito novo para mim, mas aparentemente está tudo bem. O que mais está me deixando louca são esses inchaços, nem minhas botas eu consigo usar mais! –Sorri.

― Sofia, como você pretende se sustentar quando esse bebê nascer? –Ryan me encarou atentamente.

― Eu ainda não sei, Ryan, mas não se preocupe, eu vou dar um jeito.

Ryan se manteve em silêncio por alguns segundos, antes de continuar:

― Eu sei que nós dois somos apenas amigos, mas, se você aceitar, eu gostaria muito de cuidar de você e dessa criança, Sofia.

― Ryan, eu... eu não posso aceitar. –O que ele estava propondo era incabível.

Sem saber como reagir, me levantei e comecei a andar pela sala:

― Sofia... –Ele se levantou vindo atrás de mim e depois segurou minha mão, me olhando nos olhos.

― Ryan, nós somos amigos...

― Eu sei, e não pense que estou pedindo para você me amar, porque não é isso, estou pedindo apenas que me permita cuidar de você e do seu filho, você é especial para mim e eu não queria ter que te ver enfrentando tudo isso sozinha. –Ele segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele- Eu não tive pai e eu sofri muito por isso, não quero que seu filho tenha que passar pela mesma coisa e depois que você me beijou, mesmo que não tenha sido por amor, meu carinho por você só aumentou Sofia e eu estou mesmo gostando muito de você.

― Ryan, você é um cara incrível, mas eu te vejo apenas como amigo, meu coração pertence ao Oliver e sempre vai pertencer a ele.

― Você não precisa me amar, talvez com o tempo...

― Não dá, eu não posso fazer isso. –Toquei seu rosto, o interrompendo- Eu não conseguiria viver em paz comigo mesma, entende?

― O que esse Oliver tem que eu não tenho? –Ryan me encarou em tom de deboche, acho que ele havia compreendido o recado.

― Eu não sei, o que sei é que tanto ele, quanto você tem o coração muito bom. –O abracei e ele enlaçou seus braços ao meu redor, me dando um abraço apertado- Espero que essas confissões não abalem nossa amizade. –Levantei meu olhar para ele.

― Não vão, eu sei lidar com rejeições. –Murmurou, seus olhos verdes me encarando tristonhos.

― Você acha que me ama, Ryan, mas não é verdade, você se preocupa mais do que o normal comigo, mas isso não é amor, é carinho. –Sequei uma lágrima que rolou pelo seu rosto- Quando você se apaixonar de verdade, vai saber do que eu estou falando.

― Tem razão, eu sei que estou exagerando. –Ele me encarou sem jeito- Agora, posso te dar um conselho de amigo? Conte ao Oliver que você está grávida, ele merece saber que vai ser pai, se vocês se amam tanto assim, não deveriam viver separados. Eu preciso ir. –Ryan beijou minha bochecha e depois se afastou, caminhando até a porta e indo embora.

Me sentei no sofá sem saber o que fazer. Ryan estava certo, eu precisava contar ao Oliver tudo o que estava acontecendo.

Hoje era sexta-feira, Estevan e Elena provavelmente iriam passar o fim de semana na chácara com dona Ana e Oliver estaria sozinho em casa. Olhei para o relógio na parede, já eram quase cinco horas da tarde, se saísse agora, eu conseguiria chegar à casa de Oliver dentro de uma hora e meia.

Peguei minha bolsa e sai correndo de casa. Era agora ou nunca.

A Babá dos meus FilhosМесто, где живут истории. Откройте их для себя