Capítulo 33

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Lizzy

Ainda consigo ouvir o barulho estridente da arma, as mãos do Trevor segurarem em mim para não cair enquanto jorrava sangue pelas suas costas. Lembro da moto arrancar na velocidade mais rápida que conseguia. Ele ofegou algumas vezes caído ali naquele asfalto. Seus olhos perplexo sem o mesmo brilho. Trevor tenta puxar mais ar para os pulmões como um asmático em plena crise. Ele está sufocando com o próprio sangue, com as mãos trêmulas eu o viro de lado. Grito a pleno pulmões por socorro. Ouço sirenes e luzes vermelhas piscando cada vez mais perto de nós. Estou confusa, só sinto alguém me puxar do chão pedindo para me afastar. Os paramédicos socorrem ele. Mas Trevor está pálido, os lábios azulado e seus olhos agora estão fechados. Um deles começa a manobra PCR tentando reanimá-lo e eu não sei o que fazer então fecho meus olhos tudo que queria era esquecer essa cena.

[...]

Ainda perdida dentro de mim com os olhos distantes. Me sinto hiperventilar. Meu coração bate acelerado e minha cabeça doi dando leves pontadas.

─ Quem é o acompanhante do senhor Conan? Ouço uma voz distante. Pisco algumas vezes deixando as lágrimas caírem enquanto me levanto do banco e encaro o enfermeiro sua expressão e séria e concentrada.

─ Sim sou eu. Declarei secando as lágrimas.

─ Bom senhorita?

─ Lizzy Bennett. Como ele está?

─ Senhorita Bennett. Ele perdeu muito sangue, o pulmão direito foi perfurado e está instável. O doutor Brown acaba de entrar para iniciar a cirurgia assim que terminar ele irá conversar com você para te passar o quadro clínico do paciente.

─ Sim obrigada. Deixo uma lágrima solitária cair e a seco imediatamente.

─ Eu sinto muito. O enfermeiro sussurra segurando minha mão.

─ Obrigada. Agradeço e ele me lança um olhar gentil.

─ Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance senhorita Bennett.

─Eu sei que vão obrigada.

─ Liz. Escuto a voz do Thomas e me viro para ele. Correndo para os seus braços que me recebem de bom grado.

─ Me abraça amor. É só o que consigo dizer antes de desmoronar em seus braços.

─ Calma meu amor eu estou aqui. Ele me abraça forte e deito a cabeça no seu peito. Por um instante me senti confortada mas toda vez que fecho meus olhos a cena volta a me assombrar.

─Vem senta aqui. ─ Thomas diz assim que saímos do abraço.

Estou vazia de novo. Vagando. As lágrimas caindo. Meus olhos já ardem mas não consigo me controlar.

─ Amor respira. Liz respira. Thomas diz enquanto acaricia minhas costas e começo a soltar o ar que estava prendendo de forma lenta.

─ Quer me contar o que aconteceu? Respiro fundo relaxando os ombros.

─ Está bem. Murmurei com a voz embargada limpando a garganta. Tentando sufocar o choro.

─ Depois da aula de dança eu e uma colega saímos para ir na pizzaria. Só que no caminho encontrei um amigo. Fazia tempo que eu não o via e parei para conversar com ele. Ele estava feliz Thomas dizendo que queria sair dessa. Que ele ia recomeçar quando uma moto se aproximou. Eles pararam um pouco mais longe e. ─ Eu não conseguia falar mais não sem lembrar da sensação horrível que senti quando vi o Trevor praticamente morrer na minha frente.
─ Eu só quero que ele tenha uma chance Thomas. Ele merece isso.

─ Vai ficar tudo bem Liz eu estou aqui. Ele segura minha mão.

Cada minuto. Cada hora que passava só aumentava minha angústia. Olho para o relógio pendurado na parede já passava das duas da manhã.

─ Quem é o acompanhante do senhor Trevor Nowak Conan. Um doutor alto, negro anuncia e Thomas aperta minha coxa me tirando do meu devaneio.

─ Amor. Ele murmura na dúvida se havia reagido ao seu toque. Levanto indo até o doutor.

─ Sim sou eu. Lizzy Bennett.

─ Doutor Brown. Bom senhorita Bennett o senhor Conan é muito forte. Ele está estável agora, permanece sedado. Conseguimos retirar o projétil de bala alojado no pulmão direito e ele está recebendo uma transfusão de sangue. Respirei aliviada.

─ Posso vê-lo?

─ Claro que sim. Abri um sorriso pela primeira vez.

─ Quer que eu vá com você? ─ Thomas pergunta segurando meu ombro.

─ Sinto muito senhor mas o paciente está na UTI só um paciente por vez. O doutor murmura.

─ Está bem vai lá eu te espero.

─ Está bem.

Saio em passos largos sendo conduzida pelo doutor Brown até a UTI adulta da ala.

─ Ele está no leito 56.

─ Obrigada.

─ Disponha. O doutor Brown diz e sai.

Respirei fundo e abri as portas. A sala estava fria e só se ouvia bips ritmados. Cada leito é separado por divisórias de Drywall com aparelhos que monitoram cada sinal vital e uma poltrona reclinável. Quando cheguei na do Trevor uma enfermeira terminava de administrar uma medicação atrás do acesso venoso que encontrava-se na jugular.

─ Bom dia. Murmurei colocando minha bolsa em cima da poltrona.

─ Bom dia seu namorado é muito forte.

─ Não somos namorados ele é um amigo.

─ Ah sim! Desculpa.

─ Sem problemas. Digo enquanto passo álcool nas mãos me aproximando do leito.

─ Prontinho. Ela diz e sorri antes de sair com uma bandeja.

Ver ele assim todo cheio de aparelhos. Respirando por uma máscara de oxigênio é uma sensação tão ruim. Seguro sua mão deixando que algumas lágrimas caíam pelo meu rosto.

O Trevor não tinha ninguém além da mãe e eu não ia abandonâ-lo não no momento em que ela mais precisava de alguém.

Um Ceo para chamar de meu {Obra concluída}Where stories live. Discover now