that's the thing about illicit affairs

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A porta do carro bateu atrás do corpo esguio e vestido de preto do Styles, alguns passos o separavam do frio intenso do inverno de Doncaster e do estúdio aquecido que o esperava. Harry tinha sido tolo — e atrasado — o suficiente para esquecer de colocar uma roupa mais aquecida, tendo que contar apenas com a jaqueta de couro que ele achou jogada no banco de trás do carro. Ele jurava que ele nunca havia atravessado o curto espaço da calçada tão rápido.

O sino acima da porta anunciou sua chegada, ele fechou a porta apressado e deu graças a Deus pelo aquecedor no ambiente. Bagunçou os cabelos com o intuito de arrumá-los e olhou em volta, o estúdio ainda estava vazio e ele suspirou aliviado — seu atraso não tinha sido tão prejudicial assim, afinal.

— Bom dia, H. Atrasado de novo? — ele ouviu a voz conhecida vindo do batente da porta que levava à cozinha.

— Bom dia, Z. Não sei porquê eu não consigo chegar no horário — suspirou, seguindo o amigo até a cozinha.

— Velhos hábitos são difíceis de se perder, hm? — disse, caçoando o amigo.

— Ah, Zayn, quem me dera fossem velhos hábitos. Não tenho mais forças para ir festejar até as cinco da manhã todo dia e acordar três horas depois pra trabalhar.

— Harry, você mal tem 21 anos. Em alguns lugares do mundo você nem pode beber, sabia? Você não é tão velho quanto você pensa.

O cacheado sabia, mas mentalmente ele sentia que tinha 40 anos. Ele culpava tudo nas festas, bebedeiras, cigarros e falta de sono durante sua adolescência — ele não faz ideia como os pais dele nunca o mandaram para um internato, o mais próximo disso foi a mudança para Doncaster. Mas agora Harry Styles era um novo homem, ele bebia socialmente, parou de fumar há uns quatro anos, ele tinha seu próprio apartamento e seu estúdio de tatuagens — que era surpreendentemente movimentado —, ele era um homem responsável, sua vida andava nos trilhos. Ele saía com os amigos e de vez em quando ele matava a saudade dos anos mais movimentados de sua juventude e se enfiava em alguma festa com Zayn — mas só quando ele não estava podre de cansado após ter passado horas tatuando em alguma posição desconfortável.

— Mentalmente eu tenho o dobro disso. Minha coluna que o diga.

Zayn revirou os olhos e terminou de preparar o café que ele estava fazendo.

— Credo, qualquer um que passe aqui vai achar que eu tô conversando com um velho — disse, entregando uma caneca com líquido fumegante na mão do amigo. — Toma, você tá com cara de quem precisa.

Harry sorveu o líquido, sentindo o calor se espalhando por dentro de si e suspirando contente. Ele se sentou no sofá de couro da sala de espera com a caneca em mãos, olhou em volta analisando o espaço enquanto esperava Zayn olhar a agenda do dia de ambos. Harry sempre achava que estava faltando alguma coisa no espaço, Zayn chegava a achar irritante.

— Quando você vai contratar uma recepcionista, hein? — o mais velho dos dois perguntou atrás do balcão. — Uma hora a gente vai acabar marcando um cliente no horário de outro.

— Eu esqueci até de vir agasalhado nesse frio, eu tô usando uma camiseta por baixo dessa jaqueta. Esse café é a única coisa que tá impedindo meu corpo de congelar ou entrar em síncope. Nem sei como que eu lembrei de vir de carro.

Zayn riu alto com o drama do amigo, o entregando a agenda com os horários antes de ir para a própria sala organizar as coisas para receber seu primeiro cliente do dia. Harry observou a agenda e suspirou ao ver que haviam pelo menos quatro clientes marcados, fora os que apareciam durante o dia, bufou, pensando que esse seria mais um dia saindo tarde. Harry respirou fundo e se permitiu terminar de beber seu café totalmente na paz para depois se preocupar com as coisas do estúdio.

epiphany \ l.s.Where stories live. Discover now