epiphany \ l.s.

and you know damn well

Tudo que Harry queria era aproveitar seu sábado com alguns amigos. Depois de uma semana trabalhando das nove da manhã até as dez ou onze horas da noite, tudo que ele queria era um minuto de distração. Será que era pedir muito? No momento que ele pisou no bar e viu Louis ali, ele já sabia que diversão seria a última coisa que ele teria.

Inferno de cidade pequena.

Harry passou essa semana trabalhando tanto que mal tinha tempo para pensar, por um lado, era exatamente o que ele queria. Por outro, quando ele tinha tempo livre de noite, ele só pensava em Louis. Como seu garoto deixou que eles dois desmoronassem desse jeito?

Revirou os olhos e desviou o olhar de Louis para literalmente qualquer outra coisa. Ele nem mesmo entendia o que infernos Louis estava fazendo nesse bar. Não era o tipo de lugar que ele frequentava, ele nem gostava de beber. Isso tornava bares os melhores lugares para Harry se enfiar e afogar suas mágoas. Era praticamente impossível que Louis estivesse em um dos bares que ele frequentava. Mas Harry já devia estar acostumado com as ironias, o destino ou qualquer outra palhaçada que cruzava seu caminho com Louis justamente nos momentos que ele menos precisava — ou mais precisava, mas talvez ele não soubesse.

— Ei, vocês não acham melhor a gente ir pra outro bar? — perguntou para o grupo.

— Cara, esse bar é ótimo — Nick disse, fazendo um gesto para Harry deixar para lá essa ideia de ir embora.

— Aw, Haz, você sabe que é uma merda ficar andando pra lá e pra cá com essas muletas, agora eu só saio daqui pra ir pra casa — Zayn disse, se sentando o mais rápido possível.

— Ah, ótimo — bufou. — Realmente ótimo.

Saiu da mesa e foi até o bar, não queria esperar os otários dos seus amigos decidirem o que iriam beber. Ele já sabia do que ele precisava.

— Ei — chamou a atenção do bartender. — Boa noite, me vê três doses do que tiver de mais forte aí, por favor.

— Serve whisky? — o homem perguntou, a sobrancelha arqueada.

— Tá ótimo — sorriu forçado.

O bartender colocou três copos na sua frente e os encheu. Harry sorriu, entregou uma nota que cobrisse o valor das três doses e tomou duas delas como se fossem shots, o líquido amadeirado ardendo pela sua garganta e ele não se importava nem um pouco, pelo menos o distraía de estar dividindo o mesmo espaço com o cara que partiu seu coração. Pegou a última dose e voltou a se sentar na mesa com os outros.

No meio do falatório da mesa, Zayn puxou a manga da jaqueta de Harry, chamando sua atenção. Os dedos adornados por anéis ainda brincavam com o copo quase vazio e ao desviar o olhar para o amigo, quis mais que qualquer coisa desviar o olhar de vez para Louis. Mas se manteve forte e olhou para Zayn com as sobrancelhas franzidas.

— Por que você queria ir embora? Aconteceu alguma coisa? — o moreno perguntou.

— É só — bufou. Balançou a cabeça na direção geral em que Louis se encontrava — uma coincidência ou uma ironia da vida. Se Deus existe, ele provavelmente tá rindo da gente agora.

Riu amargo e se calou com um gole do whisky. Procurou um garçom pelo salão e quando encontrou, balançou o copo vazio, pedindo outra dose. Tentou focar sua atenção na conversa que rolava na mesa, se segurando para não olhar para trás.

Seria uma longa noite.

A noite estava sendo realmente longa. A presença de Harry a poucos metros de distância só lembrava Louis do coração estilhaçado que ele carregava no peito e o sentimento de culpa imenso que o sufocava. Ele sabia que Harry encontraria algo melhor do que ele, mas Louis também sabia que o melhor que ele tinha encontrado estava sentado a poucos metros de distância e provavelmente o odiava por algo que nem era verdade.