epiphany \ l.s.

it's born from just one single glance

— Conversar sobre o que, Lou?

Os segundos pareciam se arrastar enquanto Louis tomava coragem para dizer o que ele queria. Harry o olhava com olhos apreensivos e ele se sentia pequeno demais sob o olhar do namorado.

— Eu, hm, eu acho que eu ainda não tô pronto pra isso — disse, baixo.

— O que? — perguntou Harry, incrédulo. — Como assim você "não tá pronto"? Louis a gente fala sobre se mudar pra Londres há pelo menos dois anos. O que você quer dizer com não tá pronto?

— Você sabe, H.

— Eu não sei, eu não faço a mínima ideia. Até uns cinco minutos atrás, o que eu sabia era que eu e meu namorado Louis queríamos a mesma coisa; construir nossa vida juntos. Em Londres.

— Eu...

— Louis, por favor só me explica. Você quer terminar, é isso?

— Não, não, por favor, não diz isso. Eu quero sim a nossa vida juntos.

— Mas?

— Eu acho que eu não tô pronto — disse, e após um aceno encorajador de Harry, prosseguiu —, hm, não tô pronto pra assumir nosso namoro pro meu pai.

Styles pendeu a cabeça para trás, olhando para o teto e bufando. É claro que era isso, Harry tinha sido estúpido de não notar que toda vez que ele falava sobre seus planos, Louis tensionava e ficava extremamente ansioso.

— E o que você sugere, Louis? — perguntou ainda olhando para o teto.

— Eu acho que você pode ir vendo as coisas, decidindo onde vai ser seu estúdio, se vai precisar de reformas, esse tipo de coisa e quando isso estiver uns 90% pronto, a gente vê nosso apartamento. Até lá eu vou criando coragem pra contar pro meu pai.

— Tudo bem. Mas é melhor você realmente criar coragem, porque eu não posso ver tudo, ajeitar tudo pra nossa vida lá e aos quarenta e cinco do segundo tempo você vir me dizer que você não tá pronto — disse, sério. — Eu não quero ser seu segredo pra sempre.

Harry se levantou da cadeira, tomando cuidado com Georgia que repousava em seu colo. Saiu do escritório deixando Louis o olhando apreensivo. Passou pela sala e deixou a gata sobre sua caminha, indo até a varanda e fechando a porta atrás de si. Quatro anos e Louis ainda não tinha coragem de assumir que eles namoravam, incrível. Harry sentia que estava fazendo o maior papel de idiota de todos e ele nem estava tão surpreso assim.

Sentiu o vento gelado contra o seu corpo, o frio deixando a pele aquecida de Harry arrepiada. Se apoiou no guarda corpo e sentiu o vento balançando seus cabelos. Por um momento, Styles sentiu falta do seu comportamento irresponsável de alguns anos atrás, porque como ele queria um cigarro agora. No entanto, ele apenas correu os dedos pelos cabelos, respirando fundo.

Ouviu a porta de correr da varanda deslizando e não demorou até que Louis estivesse parado do seu lado, o encarando silenciosamente. Ele virou para encará-lo e encontrou as orbes azuis que ele tanto conhecia.

— Lou, eu vou te dar esses meses pra se preparar — disse, desviando o olhar para a paisagem. — Mas você tem que contar. Eu não quero — sentiu sua garganta apertar —, não, eu não posso — se corrigiu — fazer cinco anos nessa situação. A gente não pode.

— A gente não vai, a gente vai fazer cinco anos de namoro dentro do nosso apartamento de Londres, com a Georgia e quem sabe um irmãozinho pra ela — passou a mão pelas costas nuas de Harry, o dedo percorrendo algumas das tatuagens ali. — Não tem nada que eu queira mais do que a nossa vida juntos.