and you wanna scream

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A voz de Louis soava pelo celular e Harry mal podia esperar para chegar em casa para falar com o namorado direito. Os amigos de Zayn pareciam animais as vezes. Ele não entendia qual é a necessidade da música tão alta. E por que caralhos Zayn ficava se virando para olhar para Nick no banco do carona e Kyle no banco de trás?

— Olha pra estrada, seu idiota — disse para Zayn, que tinha virado para olhar o amigo no banco de trás, deixando um tapa no ombro dele. — Nossa, esse carro tá parecendo um circo — comentou com Louis.

Continuou a conversa com Louis, quase esquecendo da bagunça dentro do carro, até que Zayn se virou novamente para olhar algo que Kyle queria mostrar para ele. Harry ia chamar a atenção dele de novo, mas viu faróis não muito distantes do carro que eles estavam e ele sabia que ia dar merda.

— Zayn — gritou, chamando a atenção do amigo —, caralho!

O moreno virou para frente rápido quando ouviu a buzina do outro carro, virou o volante depressa, tentando evitar a colisão. O carro girou pela estrada molhada e derrapou. Quando Harry percebeu, eles estavam girando pelo ar e por um momento tudo parecia em câmera lenta, até que ele ouviu o estrondo do carro batendo contra o chão. O impacto fez com que Harry batesse a cabeça no banco na sua frente e a última coisa que ele pensou antes de apagar foi em Louis.


Os olhos verdes pestanejaram algumas vezes e Harry sentia tudo doendo. Abriu os olhos finalmente e olhou em volta de si, a primeira coisa que notou foi que ele estava de cabeça para baixo, sentiu o gosto metálico de sangue na sua boca e seu nariz doía. Grunhiu e tentou se mexer, sentindo mais lugares do corpo doendo. Ainda estava preso pelo cinto e a posição de ponta cabeça não estava ajudando com a dor no rosto.

Tateou em busca do botão que soltaria o cinto de segurança com a mão direita, quando achou, tentou se proteger da queda com o braço esquerdo. Deslizou pelo assento e caiu no teto do carro, sentindo alguns estilhaços dos vidros das janelas. Se arrastou por onde seria a janela e deitou no asfalto molhado.

Ainda tocava música alta e os faróis, alerta e os limpadores do carro estavam ligados. Em meio a estilhaços, deitava Styles, olhando para o céu, ouvindo Blinding Lights tocando no rádio e sentindo a chuva molhar seu rosto dolorido. Ele finalmente se permitiu respirar fundo e sentiu uma pontada em seu abdômen.

Levantou a cabeça e olhou para sua camisa xadrez cada vez mais ensopada pela chuva e com uma mancha de sangue que crescia cada vez mais.

— Merda — resmungou.

Levou a mão direita até a barra da camisa, levantando para olhar o estrago. Um pedaço longo de vidro tinha feito um caminho por sua pele e estava fincado na sua barriga, logo acima das tatuagens de folhas. Pelo menos não vai estragar minha tatuagem, pensou. O vidro provavelmente era de uma das garrafas de bebida que estavam no carro e quebraram durante o acidente.

Harry pensou em levantar para ajudar os amigos, mas sua visão estava ficando turva e seus olhos queriam muito se fechar. Ouviu o som de sirene distante de si e aos poucos o som da sirene se misturava com a voz e a música de The Weeknd. Enquanto sentia a chuva gelada batendo em si, pensou em Louis de novo e jurou que pôde ouvir a voz do namorado.

O gosto ferroso ainda estava impregnado na sua boca e o cheiro de sangue não saía do seu nariz por causa do corte que não parava de sangrar, seu nariz doía e por um momento ele pensou que pudesse estar quebrado. Deitado no asfalto molhado, ele sentia suas roupas e seus cabelos ensopando cada vez mais, sentia as gotas de chuva batendo no seu rosto e, por mais que a dor ecoasse em diversos lugares e ele tivesse certa dificuldade para respirar, ele se sentia vivo.

Sua visão estava tão nublada quanto o céu de Doncaster se desfazendo em chuva naquela noite. Seus olhos reviraram querendo se fechar e ele pensou nos olhos azuis que ele amava e em todos os traços de Louis que ele tinha memorizado. Harry sabia que não ganharia aquela batalha e a última coisa que viu ao longe, mesmo que embaçadamente, foram luzes azuis e vermelhas. Seus olhos reviraram uma última vez e se fecharam. A última coisa que ele viu com clareza foi o rosto de Louis por trás de suas pálpebras, gravado como uma tatuagem em seu subconsciente.


epiphany \ l.s.Where stories live. Discover now