epiphany \ l.s.

for you, i would ruin myself a million little times.

para compensar a falta de atualização semana passada, aqui tem nove mil e quinhentas palavras. aproveitem.

O barulho do despertador o acordou e Louis tateou procurando o celular, querendo desligá-lo. Abriu os olhos e finalmente se lembrou que não estava no próprio quarto. Primeiro se preocupou em desligar o celular que ainda tocava sobre a mesa de cabeceira, incomodando sua cabeça dolorida devido a ressaca. Finalmente respirou aliviado e olhou em volta, reconhecendo o quarto que ele estava, sentindo o perfume de Harry entranhado nos lençóis. O único porém era: ele estava completamente sozinho.

Se levantou da cama e andou a passos lentos pelo quarto, checando o banheiro e o closet. Também estavam vazios. Franziu as sobrancelhas em confusão e saiu do quarto, os pés descalços caminhando pelo assoalho de madeira. Viu Georgia deitada no sofá e seu coração se encheu de alegria, caminhou até a gata e a encheu de carinhos, beijos e "oi meu amor, eu senti sua falta", sentiu a gata ronronar contra si e sorriu.

Lembrou-se do que ele tinha ido fazer ali na sala e se levantou, deixando Georgia com os olhos coitados o encarando. Rodou pela cozinha, pela varanda e nenhum sinal de Harry. Achou estranho, então foi até o escritório, talvez Harry estivesse ali desenhando. Abriu a porta e se deparou com o local vazio, nenhum sinal de pessoa alguma. Franziu o cenho, não era possível. Harry tinha ido embora e o deixado sozinho, como se ele fosse um caso de uma noite só. E o pior de tudo, Harry tinha fugido do próprio apartamento.

Voltou até o quarto e pegou o celular, checando as horas. Se não se apressasse, chegaria atrasado na missa de domingo. Pegou seus jeans do chão do quarto, os colocou e pegou uma camiseta branca qualquer de Harry. Ele duvidava que o cacheado fosse sentir falta, ele tinha praticamente uma coleção de camisetas básicas, não daria falta dessa em específico. Vestiu a camiseta antes de sair procurando por seus sapatos. No caminho, pegou uma aspirina para a dor de cabeça leve que o incomodava. Achou o par de vans perto da porta e os calçou.

Um pedaço de papel sobre a mesa de jantar chamou sua atenção e ele o pegou. Dizia simplesmente "Tive que ir pro estúdio. H" e Louis bufou depois de ler. Sério? Estúdio em pleno domingo? Eles nem abriam no domingo.  Pegou sua carteira e seu celular, os enfiando nos bolsos do jeans. Se despediu de Georgia e deixou o papel no mesmo lugar que o encontrou, saindo pela porta e deixando o apartamento de Harry atrás de si.

Respirou aliviado quando chegou na rua, mas não perdeu tempo pensando na situação que se meteu, só saiu apressado para pegar o ônibus que o deixaria na igreja. Não queria chegar atrasado e ouvir nenhum tipo de reclamação.

Depois de algumas paradas, desceu no ponto e foi andando até a igreja, cumprimentando algumas pessoas conhecidas que trilhavam o mesmo caminho. Apertou o passo e conseguiu chegar na igreja relativamente vazia, deu de cara com seu pai, que o encarou torto. O observou pedir licença para os fiéis que ele conversava e ir andando na direção do filho.

Louis estava cansado. Não aguentava mais a rede de mentiras em que ele tinha se enfiado e não aguentava mais o clima de hostilidade. O momento era inoportuno, principalmente porque ele não ganharia absolutamente nada se contasse para o seu pai toda a verdade, mas ao mesmo tempo, ele sentia um incômodo sob a sua pele — e ele sabia que não iria embora enquanto ele não abrisse a boca e contasse a verdade. Observou com os olhos azuis atentos seu pai se aproximar.

— Onde você esteve? — ralhou, entredentes. Mark não precisava que todos da igreja ouvissem que ele estava no meio de um desentendimento com o seu filho.

— Eu te conto mais tarde, em casa.

Tanto Louis quanto Mark sabiam que o padre não causaria uma cena ali, no meio de todos, principalmente porque Mark já tinha um sentimento de que ele não gostaria da resposta de Louis. E Louis tinha certeza que ele odiaria.