you taught me a secret language i can't speak with anyone else

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não esqueçam de dar uma olhada na playlist de church/eden/epiphany. link nos comentários!





Segunda-feira chegou, trazendo consigo um tempo nublado, como se quisesse combinar com o que Louis sentia. Os olhos azuis olharam janela a fora, pensando em todas as responsabilidades que o aguardavam ao longo do dia, mas não encontrou forças para se levantar. Pelo contrário, apenas cobriu a cabeça com a coberta felpuda, virando para o lado oposto da janela, encarando onde estaria a parede.

Não diria que ele se lembrou dos eventos do dia anterior, porque eles o assombravam como um fantasma, eles estavam sempre ali. A tristeza, a decepção e a dor no olhar de Harry ainda o aterrorizavam e ele não tinha paz nem mesmo quando estava dormindo, porque as vezes sonhava com Harry. Sentiu lágrimas cutucarem o canto dos olhos e se encolheu em si mesmo.

Agora ele não tinha mais ninguém que se importasse consigo, não tinha mais nenhum motivo para sair da cama e enfrentar o dia. Apertou a coberta contra si e chorou o mais silenciosamente possível. Ele não aguentava mais chorar, mas era o que ele queria fazer o tempo todo. Chorou até cair no sono de novo.

Eram as únicas coisas que ele fazia esses dias.


O despertador foi o que perturbou o sono do cacheado. As esmeraldas pestanejaram algumas vezes e finalmente se abriram, sendo incomodadas pela claridade e pela dor de cabeça. Desligou apressado o despertador, querendo diminuir o incômodo em sua cabeça.

— Merda — resmungou.

Se mexeu e percebeu que não estava na sua cama e sim no sofá. A cada latejada em sua cabeça ele se lembrava mais da noite anterior. Lembrou de acabar com um maço de cigarros e metade do outro, enquanto ouvia Lana Del Rey e acabava com a garrafa de vodca, vendo o dia ir embora e as estrelas aparecerem. Ele não lembra de muita coisa depois disso, mas tudo bem, era exatamente isso que ele queria.

Georgia o olhava com olhos curiosos de sua caminha perto do sofá e ele forçou um sorriso para a gata. Sua cabeça doía e quando ele se sentou no sofá, percebeu que suas costas também doíam. Olhou as horas no celular e percebeu que iria se atrasar se não andasse rápido. Levantou, tropeçando numa garrafa vazia largada no chão e sentindo as costas reclamando da noite mal dormida no sofá.

Ele se sentia uma merda, então a primeira coisa que fez foi procurar um analgésico pelos armários do banheiro. Engoliu duas pílulas a seco, só queria que a dor passasse o mais rápido possível. Entrou no banho quente, sentindo os músculos relaxarem sob a água. Queria que a água o levasse embora ralo abaixo, mas isso não iria acontecer, então saiu do banho e foi se arrumar para encarar o dia.

Saiu do closet pronto, com uma calça preta e uma camiseta qualquer. Parou na frente do espelho e analisou as roupas, levantando a camisa para verificar se estava tudo certo com o curativo no seu abdômen. Calçou um par de coturnos e pegou uma jaqueta de couro antes de sair do quarto, deixando a porta aberta caso Georgia quisesse dormir sobre sua cama.

Colocou comida para a gata e de despediu dela, a pegando no colo e a enchendo de beijos — e consequentemente enchendo sua roupa de pelos, mas agarrar sua gata era mais importante que isso. Vestiu a jaqueta de couro, pegou carteira e celular, enfiando nos bolsos. Olhou para o meio maço de cigarro que estava sobre a mesa de centro e ponderou se deveria pegá-lo. Que se foda, pensou, caminhando até a mesinha e pegando o maço, o enfiando no bolso da jaqueta.

Voltar aos antigos hábitos foi mais fácil do que ele esperava. O box do cigarro não mais incomodava e pesava no seu bolso. Agora era tudo que ele tinha, de qualquer forma.

epiphany \ l.s.Where stories live. Discover now