CAPÍTULO 23

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Na primeira noite após descobrir o motivo por trás da decisão de Alison de terminar tudo o que havia entre nós, simplesmente não consegui pregar o olho: a única coisa que se passava na minha cabeça era o fato de que, durante quase três anos, a gar...

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Na primeira noite após descobrir o motivo por trás da decisão de Alison de terminar tudo o que havia entre nós, simplesmente não consegui pregar o olho: a única coisa que se passava na minha cabeça era o fato de que, durante quase três anos, a garota por quem eu era completamente apaixonado pensava que eu nunca tinha gostado dela de verdade. No fato de que a minha melhor amiga achava que eu era amigo dela por caridade e que a mantinha por perto somente por consideração ao seu irmão. E pior que isso – que eu correspondera seu beijo apenas por pena e tinha proposto manter um relacionamento em segredo só para poder ficar com outras meninas pelas costas dela.

Se eu dissesse que não estava ressentido e com raiva por saber que Alison havia considerado por tanto tempo a possibilidade de eu ser um filho da puta tão miserável ao ponto de me divertir brincando com os sentimentos dela, estaria mentindo.

Porque eu estava com raiva. E por diversos motivos.

Senti raiva dela por não ter me contado. Senti raiva por ela não ter me dado nenhuma chance de me explicar. Senti raiva por ter tido que aprender a conviver com o seu desprezo sem fundamento. Senti raiva por ela ter levado mais em conta a opinião de um bando de desconhecidos mau-caráter do que a minha, quando eu era alguém que estava ao seu lado todos os dias.

E então comecei a sentir raiva de mim mesmo.

Raiva por não ter insistido em saber o que estava acontecendo na primeira vez que notei que havia algo errado com ela. Por não ter prestado atenção em como ela vinha sendo oprimida na escola. Por ter ficado tão preso no meu mundinho de faz de conta perfeito que nem percebi o tipo de humilhação pelo qual Alison tinha que passar todos os dias. Senti muita raiva de mim por ter agido como um idiota privilegiado de merda e não ter cuidado dela direito.

Por fim, comecei a sentir ódio de todo mundo que havia tido parte nisso. De todo mundo que espalhou mentiras sobre mim e me pintou como um mulherengo maldoso e desonesto que não se importava com nada e nem ninguém. De todo mundo que fez com que a pessoa mais forte e talentosa que eu conhecia duvidasse de si mesma e se sentisse menos do que é.

Só de pensar no quanto deviam ter ferrado com o psicológico de Alison para que tivessem conseguido chegar ao ponto de deturpar por completo a imagem que existia de mim na cabeça dela, eu ficava possesso de raiva. E toda aquela porra a troco de quê? Para mim simplesmente não fazia o menor sentido que houvesse gente que estragasse a felicidade dos outros só por entretenimento. A única coisa que eu sabia era que, por qualquer que tenha sido a razão, eles iriam pagar por isso. 

Depois de colocar meus pensamentos em ordem, percebi que apesar de ainda estar chateado com Alison por não ter se aberto comigo, eu sabia que se a situação fosse invertida eu provavelmente acabaria fazendo a mesma coisa – obviamente não aguentaria guardar segredo sobre o que tinha acontecido durante tanto tempo como ela havia guardado, mas em um primeiro momento agiria de maneira semelhante. Não era como se eu não conseguisse entender o seu lado; ela estava com medo de quebrar a cara. Tudo bem. Era orgulhosa pra caralho, então iria demorar muito para se recuperar caso apostasse tudo o que tinha em alguém e saísse sem nada no final. 

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêWhere stories live. Discover now