CAPÍTULO 32

879 133 226
                                    

—

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


— ...Então as bruxas decidiram que a magia deveria ser usada para proteger e manter a paz entre os diferentes povos do Vale da Floresta Iluminada, para que dessa forma, a união e o equilíbrio fossem para sempre mantidos. E fim — falei, fechando o livro que estava lendo. — Essa foi a história de hoje, tampinhas.

— Ah, não! Essa acabou rápido demais! — George, um garoto rechonchudo de uns dez anos de idade, protestou.

— Como assim, rápido demais? — eu perguntei, chocado com a acusação. — Essa história teve bruxas, dragões, magos, duendes e até mesmo uma sereia! Foi tão longa e tão cheia de personagens que quase achei que não ia conseguir terminar a tempo para a próxima atividade de vocês. Li tanto que estou ficando até sem voz, estão vendo? — tossi, deixando o livro de lado e levando a mão à garganta para enfatizar a situação das minhas cordas vocais.

Mais crianças protestaram, cruzando os braços e assumindo expressões emburradas. Imitando-as, também fiz bico, contorcendo a boca e o nariz em uma careta super exagerada. A reação dos pequenos foi cair na gargalhada, e eu os acompanhei na mesma hora.

Um dia depois de eu ter ido até a casa de Alison para ajudá-la com o francês, nós dois tínhamos voltado ao centro comunitário infantil para que eu finalmente pudesse ser entrevistado e admitido no clube da leitura. Apesar da literatura infanto-juvenil não ser bem o meu forte, saber como entreter seres humanos com idades entre 2 e 13 anos era uma habilidade que todo irmão mais velho acabava desenvolvendo, e eu tinha talento nato para contador de histórias. Era apenas a minha segunda semana lendo para esse grupo de crianças e, sinceramente, o chororô delas por termos que encerrar o nosso encontro era comovente – embora totalmente compreensível: ninguém em sã consciência gostaria de ter que se despedir de mim.

— Ok, ok. Vocês venceram! Vou ficar mais um pouquinho antes de ir embora, está certo? — Minha pequena plateia gritou em comemoração, e logo um outro livro estava sendo empurrado para o meu colo. Balancei a cabeça em recusa. — Mas não vou ler outra história hoje, até porque não iria dar tempo. Que tal vocês me perguntarem alguma coisa sobre a qual queiram saber para nós passarmos o tempo?

— Como você machucou o seu braço? — Tommie, um menino sardento sentado em uma das almofadas mais ao fundo da sala, perguntou.

Olhei para o gesso envolvido na tipoia em meu braço, um incômodo ao qual eu já quase tinha me acostumado. Quase.

— Eu acabei tropeçando e caindo para fora do palco em um show que estava fazendo com a minha banda.

— E doeu muito? — George indagou.

— Ah, doeu pra caralh... Caramba. — pigarreei. — Doeu pra caramba.

— Você tem uma banda? Que incrível! E é você quem canta? — Brenda, uma menina de pele negra e cabelos cacheados presos em duas maria-chiquinhas no alto da cabeça perguntou.

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêWhere stories live. Discover now