CAPÍTULO 46

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Passei todo o restante do meu sábado analisando as gravações que eu havia feito do meu último ensaio com a equipe, buscando pequenos erros na execução dos passos ou quaisquer pontos a serem melhorados para fazer com que os movimentos se tornassem ...

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Passei todo o restante do meu sábado analisando as gravações que eu havia feito do meu último ensaio com a equipe, buscando pequenos erros na execução dos passos ou quaisquer pontos a serem melhorados para fazer com que os movimentos se tornassem o mais harmônicos possível quando estivessem sendo apresentados no palco. Eu podia estar suspensa das minhas atividades como líder da equipe de dança do colégio, mas ainda assim iria fazer um trabalho minucioso para que os outros brilhassem lindamente durante o Festival de Arte Anual. Fiz uma série de anotações com algumas sugestões do que poderia ser aperfeiçoado e adicionei algumas frases individuais de motivação para que cada um lembrasse aquilo o que fazia de melhor.

Com o trabalho terminado, uma inevitável sensação de vazio me atingiu. Eu havia estudado e me dedicado muito para conseguir fazer com que esta apresentação – aquela que marcaria minha última performance como aluna do Instituto St. Davencrown – fosse inesquecível. Horas de alongamento pré-ensaio, dores musculares e noites insones pensando no tema ideal, na música perfeita e nos figurinos que mais representariam os pontos centrais de todo o espetáculo de dança, tudo isso para que no fim eu ficasse de fora do show que eu mesma havia coordenado.

A injustiça era tanta que chegava a doer.

Suspirei, descansando a cabeça na escrivaninha do meu quarto por um minuto, meus olhos ardendo com as lágrimas que eu me recusava a continuar derramando. Eu podia ter adicionado uma dose extra de esforço ao discurso que havia feito para Zaden sobre como eu era forte, independente e estava lidando bem com toda a situação, mas a verdade era que eu tinha passado bem perto de simplesmente me jogar nos braços dele e cair no choro. E apesar de ter rejeitado a sugestão moralmente questionável dele quanto a usar a influência da sua família no Instituto para demitir a professora Brunet e cancelar minha suspensão da equipe, era reconfortante saber que havia alguém que faria qualquer coisa para me ajudar.

Além disso, ter conversado com Zaden a respeito me fez enxergar várias possibilidades que eu ainda não havia considerado: eu me apresentava como bailarina muito antes de sequer ter entrado para o Instituto. Havia sido a protagonista em boa parte dos balés nos quais havia participado e até mesmo saído em jornais por ser considerada um prodígio. Eu tinha uma experiência que oferecia muito mais do que apenas o posto de líder da equipe de dança de um colégio de elite, o que significava que eu não necessariamente dependia do Festival de Arte do Instituto para conseguir uma vaga em uma das renomadas academias de dança nas quais eu tanto sonhava em estudar.

Mantendo isso em mente, decidi que já estava na hora de parar de sentir pena de mim mesma e começar a seguir em frente. Eu amava a minha equipe do fundo do coração, mas era um trabalho que exigia muito de mim. Talvez houvesse algum aspecto positivo em ter sido suspensa das minhas obrigações nesses últimos meses de aula que me restavam; quem sabe assim eu teria a oportunidade de me dedicar mais às aulas de balé no centro comunitário infantil e de curtir a escola de um jeito mais leve. E para ser sincera, era bom ter alguma disponibilidade na minha rotina antes tão regrada: eu teria tempo para aproveitar melhor a companhia do meu irmão, voltar a sair com os meninos como antigamente (ao menos enquanto eles estivessem aqui) e para fazer com Zaden todas as coisas mais divertidas e idiotas possíveis.

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêWhere stories live. Discover now