CAPÍTULO 37

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Gostaria de poder me vangloriar a respeito de ter seguido firme e forte com o que havia dito algumas semanas atrás sobre ir devagar e manter as coisas na amizade com Zaden, mas ao que parece, isso não vai acontecer. Era oficial: eu tinha fracassado. E o mais chocante de tudo era o fato de não estar nem irritada por isso – para ser sincera, eu estava bem. Mais do que bem, até. Estava muito bem, pensei, enquanto passava meus braços ao redor do pescoço do homem diante de mim, na intenção de facilitar o meu acesso à boca dele.

Em um reflexo ao meu movimento, Zaden puxa minha cintura para mais perto, aproximando nossos corpos até que não haja mais espaço entre nós. Levei minhas mãos aos seus cabelos, afundando os dedos na maciez das madeixas douradas. Um frio prazeroso toma minha barriga no momento em que Zaden me agarra com mais força, meus pés deixando o chão quando sou colocada sentada em cima da escrivaninha e ele se acomoda entre minhas pernas, sem parar de me beijar nem mesmo um segundo. Quando sua língua encontra a minha, sinto como se pudesse me desmanchar de tanta satisfação.

A coisa mais louca sobre beijar Zaden era que nunca tinha sido estranho. O meu primeiro beijo de todos havia sido com ele, e mesmo naquela vez, nada parecia errado ou fora de lugar. Não éramos os melhores e nem os mais experientes, mas gostávamos tanto um do outro que nada disso tinha feito diferença. Até o sentimento de constrangimento que veio em seguida não durou por mais de cinco minutos, porque a nossa relação era tão íntima que não existia aquilo entre a gente. Éramos amigos e tão apaixonados um pelo outro que parecia não haver motivo para vergonha.

Eu sentia saudade da menina inocente que tinha sido no passado. Sempre fui meio travada para me abrir com as pessoas, mas não tanto como agora. Naquela época, eu não era tão dura comigo mesma. Não me afastava e nem desconfiava de quem era importante para mim. Não escolhia cuidadosamente as coisas que diria para não soar como alguém sensível demais ou engolia as lágrimas para não ser pega chorando. Em algum momento no meio do caminho, eu havia esquecido de que não precisava me forçar a fazer tudo isso.

E estar com Zaden novamente me lembrava que nenhum desses hábitos era natural; todos eles tinham sido praticados e desenvolvidos com o tempo. Natural mesmo era rir sem reservas, falar sobre as coisas das quais eu gostava sem medo de parecer idiota e beijar a pessoa por quem eu era apaixonada sem pensar que estava cometendo um erro terrível. Zaden nunca tinha traído a minha confiança, muito pelo contrário; eu que tinha deixado que a maldade e inveja daqueles ao nosso redor fossem maiores que a minha crença na sinceridade dele. Talvez aquilo de que nós dois precisávamos para seguir em frente não fosse ir devagar, mas sim que eu me permitisse vencer minhas próprias inseguranças e desse um salto de fé ao que sentíamos um pelo outro.

Toco o rosto de Zaden, separando meus lábios dos dele para poder tomar um pouco de ar. Ele está tão ofegante quanto eu, o peito subindo e descendo com a respiração pesada. Fios de cabelo bagunçados cobrem parte de seus olhos e sua boca está vermelha e inchada por conta do beijo. Não sei qual a minha aparência no momento, mas espero que não esteja tão descomposta, porque até onde meus pais sabem, Zaden está aqui para me ensinar francês, não a arte da pegação.

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêWhere stories live. Discover now