CAP 1

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Any Gabrielly

Me adaptar a uma nova vida é difícil, ajudar minha mãe com as despesas da casa e estar do seu lado para que não desabe após uma separação conturbada é difícil mas não impossível. Nos mudamos a mais ou menos três semanas atrás, resolvemos nos mudar para Los Angeles para minha mãe ter mais oportunidades e por todas minhas amigas que vieram morar aqui.

Eu sou uma pessoa de poucos amigos, Sabina e Sina são minhas melhores amigas, depois da faculdade vieram para Los Angeles tentar a sorte e construírem seus futuros. Após meses em pé de guerra sobre separação meus pais assinaram os papéis no último mês com isso fizemos nossas malas e nos mudamos para cá.

Na segunda semana consegui um emprego em uma cafeteria da cidade que é um tanto movimentada no período da manhã, pessoas importantes buscam seus cafés e muffins para começar seus dias de reuniões e negociações. Já me acostumei com ritmo da manhã, chego às oito e as oito e meia já tem fila com pessoas com suas roupas importantes e maletas cheias de papéis que podem fechar um negócio grandioso.

Como é uma cafeteria bem movimentada várias pessoas passam por ela durante o dia e quando não estou no meu turno meus colegas de trabalho nos dizem no grupo que temos, o quê pode ser mais interessante em uma cafeteria do que a vida dos clientes? Isso rende conversas com minha mãe no final da tarde. Trabalho pela manhã enquanto minha mãe fica com minha irmã e a tarde ela vai trabalhar e eu a levo e a busco na escola, Belinha se adapta rápido a mudanças extremas e isso me dá uma pequena inveja pois seu quarto está organizado e meu parece que minha mala explodiu nele espalhando minhas roupas pelo mesmo.

O que dizer sobre essa nova fase? Está sendo desafiadora, ter uma responsabilidade nas costas é algo difícil, eu fui meio que forçada a crescer e tomar o rumo da situação.
Vamos reconstruir tudo do zero, podemos fazer isso, eu sei que podemos pois minha mãe me ensinou assim. Tudo tem um jeito de dar certo você só precisa achar ele, é isso que estou fazendo.

Nesse momento estou olhando para minhas três malas intocadas no canto do meu quarto pensando se precisarei ou não das roupas que estão lá dentro pois a preguiça está me consumindo. Penso nos prós e contras de abrir a bomba que minha mala se transformou, tive que me virar para que tudo coubesse em quatro malas grandes e ainda tive que trazer uma mala de mão e uma mochila.

Não é muito sendo que tudo que tenho contém lembranças marcantes que não cabe em algumas malas. Deixei coisas importantes para trás como meus patins em tom bege por causa do tempo, quando me sentia sozinha eu andava de patins e me sentia livre, o vento fraco contra meu rosto me deixava leve. Nunca pensei em levar isso para algo profissional, sempre foi para diversão e descontração.

Minha mãe é forte mas não de aço, muitas vezes ouvi seus choros enquanto colocava Belinha para dormir, não deixava Belinha perceber pois era muito pequena para entender, agora com Onze anos diz que já entendi tudo e fica brava quando não contamos algo para ela. Segundo ela somos nós três contra o mundo e que para sermos assim não podemos esconder nada entre nós três para que isso dê certo.

Mais um dia se inicia pelas sete da manhã, me levanto sendo arrastada pelas minhas pernas cansadas até o banheiro sentindo meu corpo doer, ligo o chuveiro que libera uma água morna que alivia parcialmente a dor nas costas. Tomo um banho rápido e me arrumo para o trabalho, eu posso usar a roupa que quiser só preciso usar o imblema removível da cafeteira do lado direito da roupa indicando que trabalho lá.

Me preparo psicologicamente para o humor dos clientes que são variados, uns tem uma alegria contagiante e outros tem uma arrogância irritante, mas preciso manter profissionalismo e agir igualmente com os dois modos dos clientes afinal, se não me adaptar aos clientes sou demitida.

Coloco uma calça jeans, uma blusa branca e um tênis da mesma cor, pego meu celular o colocando no bolso de trás da calça e dando a última conferida no espelho. Desço para o andar de baixo encontrando minha irmã a mesa enquanto minha mãe prepara o café.

-Bom dia querida.

Ela diz após lhe dar um beijo em sua bochecha.

-Bom dia.

Digo meio sonolenta e minha mãe me entrega uma xícara de café.

-Beba, irá precisar.

Ela diz após pegar a xícara.

-Irônico pois trabalho em uma cafeteria, café seria uma coisa que não iria faltar.

Irônizo a fazendo rir.

-Isso é verdade.

Concorda sorrindo.

-E como anda o trabalho?

Pergunta ao se encostar na pia onde preparava algo para comer.

-Bem, tirando os humores de cada cliente e a dor nas costas de ficar preparando expressos e muffins a manhã inteira está tudo certo.

Respondo a fazendo rir.

-Não se cobre tanto querida.

Ela carícia meu rosto após largar sua xícara de café sobre a pia.

-Eu preciso, temos que comprar tudo para casa, auxiliar os estudos de Belinha, guardar um dinheiro para o nosso futuro carro.

Lembro dos objetivos que tracei ao entrar naquele avião deixando tudo para trás entrando de cabeça em uma vida nova.

-Eu tenho tanto orgulho de você meu amor.

Ela diz antes de me abraçar.

-Mas mesmo assim sempre será minha banguelinha.

Quando tinha uns nove anos caí de patins, resultado perdir os dois dentes da frente e um apelido duradouro.

-Você não desiste desse apelido depois de oito ou nove anos não é mesmo?

Ela ri e nega com a cabeça.

-Bom, eu preciso ir, vejo vocês a tarde.

Beijo a bochecha de minha mãe e o topo da cabeça de belinha antes de sair. A cafeteria não fica tão longe da minha casa então vou andando, coloco meus fones de ouvido e sigo até o café, já estou me acostumando a ver as mesmas pessoas todos os dias, algumas atravessam o sinal no mesmo horário que eu, outras são as primeiras a chegar no café e são as primeiras que atendo.

-Bom dia Sra. Smith, como vai?

Pergunto a idosa que sorri.

-Bem, meu esposo lhe mandou um beijo, disse que um dia quer conhecer a atendete mais doce que tanto falo.

Sua fala me faz sorri.

-Ficarei encantada em conhecê-lo.

Respondo servindo seu café, um expresso com espuma em cima e sem açúcar.

-Prontinho, leve esses biscoitos por conta da casa, seu marido deverá gostar.

Digo ao entregar seu pedido e uma embalagem da cafeteria com os biscoitos fresquinhos.

-Obrigada querida.

A senhora agradece antes de ir embora.

E mais um dia se inicia, peço aos céus para não perder a paciência com clientes reclamões e amargos, que nem um dos nossos cookies de chocolate adoçariam. Trabalhar aqui me faz ver vários tipos de pessoas, tem pessoas boas mas tem pessoas ruins e consigo reconhecer todas elas.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

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