CAP 24

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Josh Beauchamp

Se passaram uns quarenta minutos do início do filme, devoramos o doce sem deixar um resquício se quer. Deixo o recipiente ao lado do sofá e sinto um peso leve sobre meu ombro, direciono meu olhar para o mesmo e vejo Any adormecida em meu ombro, uma mecha de seu cabelo caída em seu rosto escondem o mesmo, ponho a mecha atrás da sua orelha e fico encarando sua feição tranquila de quem dorme em um sono gostoso.

Fico com inveja pois não sei o que é isso a tempos, lentamente a deito sobre o sofá deixando sua cabeça em meu colo. Pego o cobertor que estava no braço do sofá, as vezes costumo ficar aqui jogando videogame e me cubro com essa coberta. A cubro até os ombros enquanto ela ajeita sua cabeça sobre a almofada em meu colo pondo suas mãos em baixo da sua cabeça como uma criança em seu sono pesado.

Desligo a TV e deito minha cabeça para trás suspirando pesado, Any se meche novamente e a olho rapidamente para ver se está tudo bem, ela permanece na mesma posição e fico meu perguntando se esse sofá é confortável. Ela deve ter dores nas costas de ficar a manhã inteira de pé atrás daquele balcão e caminhando de um lado para o outro.

Até tentaria por ela na cama mas teria medo de acorda-la. Fico assustado como nós nos tornamos tão próximos em questão de dias. Eu nunca havia visto ela antes até aquele dia no café, fiquei um tempo sem ir a esse café e quando retorno ela estava no lugar de outra menina que não me agradava. Não tinha um pingo de educação e me irritava pois sempre errava meu pedido, deve ser por isso que foi demitida.

Me pergunto o motivo dela se aproximar de mim, eu não mereço nem a piedade de alguém, muito menos a doçura dela. Sou tão vazio que tenho medo de ser contagioso para as pessoas em minha volta. Por isso sou seletivo com amigos, seleciono pessoas blindadas ao meu inferno contagioso. Fora meus amigos a única pessoa que veio de fora foi Sabina e Sina, as duas ficaram sabendo da merda de vida que vivia e resolveram virar minhas amigas.

Um despertador toca de repente, ele parece estar dentro da minha cabeça, abro os olhos ao sentir alguém se movimentar ao meu lado. Abri os olhos assustado e lembro que Any está aqui, ela se levanta sonolenta assim como eu desligando o despertador que peguei ranço na primeira vez que ouvi.

-Meu Deus, você dormiu todo desajeitado Josh, suas costas devem querer seu pescoço.

Any fiz bocejando me fazendo rir.

-Já dormi em lugares piores.

Digo me espreguiçando.

-Acabamos dormindo no sofá, você deve estar morrendo de dor nas costas.

Supõe e nego com a cabeça.

-Estou bem, você dormiu bem?

Pergunto e Any assenti.

-Sim, eu preciso ir trabalhar.

Diz pegando seu celular e vendo a hora, olho no relógio e são sete da manhã.

-Eu também mas se as escadas ou o elevador não estiverem em funcionamento estamos presos aqui.

Digo e Any parece preocupada.

-Algum problema?

Ela nega com a cabeça.

-Vou ligar para meu chefe avisando que houve um imprevisto e que não vou trabalhar hoje.

Diz pegando seu celular e digitando logo em seguida.

-Pronto, como não sou muito de faltar ao trabalho posso faltar um dia ou outro sem problemas.

Afirma e assinto.

-Você deve estar com dor nas costas, dormir no sofá não deve ser nada bom para quem trabalha andando de um lado para o outro com bandejas em mãos. Se deite no quarto, a cama é confortável e macia, melhor que esse sofá desconfortável.

Aconselho e ela me encara.

-Eu não consigo entender o motivo das pessoas me avisarem para ficar longe de você, você não parece nada do que já me descreveram. As pessoas moldam um Josh totalmente diferente ao que eu vejo.

Não sei o que dizer, nunca ninguém me disse isso.

As pessoas só sabem me difamar sem saber de tudo que já passei, alguém me entendi pela primeira vez e fico sem argumentos pois é novo para mim. Eu não sei como me portar para Any, as pessoas me fizeram moldar uma armadura em volta de mim e Any parece derrubar ela com facilidade. Eu não consigo entender como alguém que nem me conhece direito tem esse poder.

-E que Josh você vê?

Pergunto na intenção de conhecer essa versão desconhecida de mim mesmo.

-Eu vejo um Josh com cicatrizes e feridas doloridas, memórias perturbadoras e uma pessoa fechada, não uma pessoa ruim como as pessoas constrói por aí.

Explica e fico sem palavras, quando alguém diz as mesmas coisas de sempre uma frase já vem pronta pois é sempre a mesma coisa mas agora, agora não sei o que dizer, como se meu cérebro desse tela azul.

-Eu me sinto estranho ao falar sobre isso sem que alguém queira me internar.

Digo rindo para aliviar o peso que tais palavras tem.

-Se for por isso eu também preciso ser internada. Deve ser bom passar uns dias longe dos problemas em um resort luxuoso.

Diz se sentando e cruzando os braços em frente ao peito pondo os pés na mesa de centro me fazendo rir.

-Eu juro para você se eu por meus pés naquele lugar pode esquecer que me conheceu.

Afirmo e a mesma me olha.

-Brincadeiras a parte, ninguém merece viver em um quarto branco solitário. A vida é cheia de riscos e eu percebi que me escondia em uma bolha ao contar meus problemas para você, percebi que preciso viver algo inesquecível para ter valido a pena no final sabe, ter histórias para contar no futuro tomando um chá da tarde com algumas amigas que espero ser Sabina e Sina.

Ela da uma pausa antes de continuar.

-Quero ter experiências para recordar, viver uma vida comum como qualquer outra pessoa não lhe trás memórias boas. Que memória você vai ter se acorda apenas para trabalhar e viver no automático? Eu quero sentir o frio na barriga, a adrenalina na veia, os cabelos ao vento e a sensação de estar livre, você me entendi?

Ela conseguiu me descrever sem ao menos conhecer 40% da minha vida.

-Entendo, pois sou assim também. Cansei da mesmisse, viver no automático é tedioso e estressante.

Aponto para as marcas na parede e ela ri.

-Verdade, não quebre mais as bebidas, me chame e bebemos juntos. As bebidas devem custar caro e não merecem ser desperdiçadas na parede de concreto do seu apartamento.

Seu pedido me faz rir.

-Pode deixar, eu irei fazer isso. Obrigada por fazer muito em tão pouco tempo sem ao menos me conhecer direito.

Agradeço e ela sorri se aproximando de mim e depositando um beijo em minha bochecha.

-Que fofo, você tem covinhas, deveria sorrir mais vezes, tem um sorriso bonito Sr.Beauchamp.

Sugeri batendo com seu ombro no meu me fazendo sorrir.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

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