Toxic

CAP 42

Any Gabrielly

Eu não sei explicar o que sinto nesse momento, uma dor no peito me toma, uma lágrima cai molhando o meu ombro enquanto estou a caminho de casa. Meu coração dói, meu corpo já senti falta do toque dele e isso dificulta as coisas, eu sei que ele é complicado, que ele tem um passado ruim e tem amargura no peito mas eu tenho certeza que um coração bate naquele peito machucado, eu queria tanto abraçá-lo mas ele me mandou embora, disse para que seguisse minha vida sem ao menos perguntar se eu estava de acordo com isso.

Se relacionar com alguém tem dois lados assim como se tem duas pessoas, por isso a conversação é importante, o que pode ser bom para um pode ser a destruição de outro e isso é o meu caso. Estou destruida, me sinto sozinha, as vozes das pessoas que me avisaram, alertaram sobre ele me atormentam e me fazem ficar tonta.

Pago o motorista e entro em casa, minha mãe já deve estar dormindo então subo para meu quarto e ao fechar a porta desabo, deixo que a dor no meu peito me tome por completo e deixo tudo sair para fora. Tudo mudou depois dele, nunca havia me prendido a alguém antes, me envolvido tão fundo com alguém como me envolvi com ele. Eu só queria estar em seus braços agora enquanto escutava as batidas do seu coração que pelo jeito não bate por mim.

Josh Beauchamp

Acabei ligando para os meus amigos, ou era isso ou bebia até ir para o hospital. Contei o que fiz e óbvio que eles me xingaram de todos os nomes possíveis.

-O que você fez? Ficou louco?

Krystian pergunta ao se virar e me encarar.

-Ela não merece isso, ela merece alguém bom, coisa que eu não sou.

Repondo bebendo um shot de uísque sem gelo, a bebida desce rasgando minha garganta mas isso já não me incomoda mais depois do décimo quarto shot você se acostuma.

-Mas ela te transformou em alguém bom, eu vi como você mudou depois que conheceu Any.

Noah diz e me lembro de tudo que Any já fez por mim e nada que já fiz por ela.

-Você deveria ir atrás dela e pedir desculpas.

Krystian sugeri e nego com a cabeça.

-Ela precisa ser livre Krystian, não se prender a alguém como eu.

Viro outro shot e dessa vez minha garganta arde.

-Pense nisso, Any foi algo bom que aconteceu para você.

Noah me aconselha. Me despeço dos meus amigos e retorno para casa.

Alguns dias se passaram e minha ansiedade voltou, me sinto sozinho novamente, as mãos suadas reforçam meu estado, tento não beber para não ultrapassar o limite e ter uma overdose de álcool. Coisa que não está funcionando, respiro fundo e tomo um banho gelado para tentar esfriar minha cabeça, sento o perfume de Any em minha toalha e me encaro no reflexo do espelho.

Nesse momento estou com raiva de mim mesmo, encaro meu reflexo no espelho até perder o controle e soca-lo, estilhaços de vidro voam e o espelho se parte em pedaços, estilhaços caem sobre a pia e vejo o colar de Any, um colar com um pingente de morango, pego a joia e a levanto ficando na altura dos meus olhos enquanto a joia balança lentamente enquanto encaro a mesma.

Os nós dos meus dedos sangram, não ligo para isso pois a pior dor que pude sentir eu já senti, deixar Any ir.
Encaro meu reflexo agora adivido em parte pelos estilhaços e uma lágrima cai, depois outra e seguida de muitas outras e desabo, minha vida não é nada sem Any isso é fato. Me sento no chão gelado em soluços, a única coisa boa que me ocorreu eu não pude ficar, não por mim mas por ela.

Any tem uma luz própria, não merece escurecer entrando em minha vida estúpida. Eu não entendo como fiquei tão próximo de alguém como fiquei de Any, abri as portas para que ela entrasse e assim fez. Eu fiz a pior merda da minha vida e estou tão arrependido que me jogaria desse andar mas preciso fazer algo melhor.

Me levanto e ligo o chuveiro na água gelada, entro no mesmo com roupa e tudo, deixo a água gélida me lavar e com ela as lágrimas que derramei, retiro minhas roupas as jogando em qualquer canto. Fico por longos segundos sobre a água gelada refletindo sobre minha vida.

Any Gabrielly

Entre soluços tento me levantar enquanto minha cabeça gira, dizem que quando uma pesosa chora demais a cabeça fica sonsa e isso é verdade pois me sinto assim. Demorei até me levantar do chão após chorar até não ter mais lágrimas, não tenho forças nem de tomar um banho muito menos de sair da cama que acabei de me jogar.

Pego meu celular e desbloqueio a tela entrando na galeria e vendo a foto que tiramos quando fomos naquela sorveteria. Encaro a imagem enquanto meus olhos se enchem de lágrimas embaçando minha visão, ela se torna turva e a imagem se torna um borrão ao meu ver. Jogo o celular longe sentindo meu coração se comprimir, eu jamais havia sentido isso antes e a primeira vez não está sendo legal.

Josh Beauchamp

Me levanto andando de um lado para o outro enquanto me controlo para não beber. Por mais que tente, ela não sai dá minha cabeça, eu consigo sentir sua pele macia em contato com minhas mãos. Seu corpo a minha mercê sobre a cama, sendo só minha.
Ando de um lado para o outro ansioso, sinto minhas mãos tremerem e ficarem molhadas, o apartamento está escuro, na verdade está escuro desde que ela se foi.

Não quis acender pois tiraria tudo mais visível e lembranças boas iriam surgir me ferindo ainda mais. Talvez eu mereça isso mas dói, dói muito saber que ela não está aqui, sua risada não preenche o hambiente, seu perfume não está em minha roupa de cama, já sei o que vou fazer.

Pego as chaves do meu carro e as chaves do apartamento, encaro a porta e fico no vou ou não vou, me aproximando e me distanciando da porta. Largo a chave sobre a ilha da cozinha e pego a garrafa de Don Julio que está na geladeira e viro tomando um gole generoso da bebida agora gelada. Bebo dois goles grandes e guardo a garrafa na geladeira.

Respiro fundo me apoiando na ilha da cozinha enquanto a bebida parece esclarecer minha mente confusa. Pego as chaves novamente junto com meu celular e caminho até a porta a trancando assim que saio, aperto o elevador que demora a chegar, quando a porta se abre meu coração parece bater como um louco me deixando paralisado.

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