CAP 21

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Josh Beauchamp

Me sinto leve apesar de ter tido uma crise de ansiedade poucas horas atrás, o silêncio se faz presente em meu apartamento. Encaro a parede que contem marcas, flashbacks de noites que perdi a cabeça e quebrei coisas nela passam como um filme, as palavras de meu pai parecem rondar meus ouvidos como um áudio em 8D. Parece me assombrar até em meus pensamentos.

-Esse moleque inconsequente não sabe valorizar o que faço por ele, dei duro para ele ter um futuro brilhante como o do irmão em troca ele me faz isso, se arrependimento matasse estaria sete palmos da terra!

Sua voz autoritária circunda meus pensamentos como se estivesse aqui, andando de um lado para o outro me culpando de não ser o filho que queria que fosse.

Essas crises tinham dado uma pausa mas desde que meu pai veio me procurar para falar do estado da minha mãe, aí ela reapareceu. Ao lembrar disso minha respiração se acelera novamente e tento me controlar respirando fundo, fecho meus olhos e fico por alguns minutos assim, imóvel com os olhos fechados e mente vazia. Pensar nisso só vai piorar as coisas, como diz o ditado popular: Não adianta chorar pelo leite derramado.

Deito meu tronco no sofá sentindo a bebida ficar cada vez mais gelada indicando que o gelo derrete no copo.  De repente sinto mãos macias sobre meus ombros, me sinto leve ao sentir isso, como se um anjo acariciasse meus ombros. Parece tão real, tão bom que me pergunto se bebi demais pois sinto a mão em contato real com minha pele.

Abro os olhos encontrando Any me encarando enquanto suas mãos estão sobre meus ombros. Eu não sei o que dizer ou o que fazer depois do incidente no quarto, fico meio invergonhado ao encarar seus olhos.

-Você está bem?

Pergunta e sua voz é calma como a de um anjo, acho que bebi demais e nem percebi.

-Estou.

Assinto enquanto encaro seus olhos sentindo as gotas de água do copo escorregam sobre meus dedos.

-Perdeu o sono?

Pergunta e nego.

-Nem consegui dormir.

Revelo e ela se afasta, o sentimento de falta vem imediatamente quando suas mãos se afastam dos meus ombros.

-Quer conversar?

Pergunta ao se sentar ao meu lado.

-Eu queria por uma noite não pensar em todas as cosias que meu pai já disse para mim mas parece que quando não quero pensar mais eu penso e mais isso me perturba, me tira do sério e me faz perder a cabeça.

Digo ao tomar um gole da bebida.

- Você tem uma adega interessante.

Diz ao olhar para trás.

-Só coleciono bebidas fortes.

Digo simples e ela ri.

-E caras.

Completa me fazendo rir.

-E caras. Quer beber algo?

Pergunto e ela olha para as bebidas pensativa.

-Suas bebidas parecem perfumes.

Diz ao analisar as garrafas.

-Parecem mesmo, analizando agora parece várias embalagens de perfumes francêses.

Digo ao olhar a estante com as garrafas.

-Eu quero beber aquele.

Aponta o Don Julio a frente das outras bebidas.

-Boa escolha.

Digo ao me levantar e caminhar até a adega, pego a garrafa e junto com ela um copo de uísque. Volto a me sentar ao seu lado e sirvo a bebida lhe dando o copo em seguida.

-Prontinho.

Digo e assim faz, ela cheira antes de beber, ela bebe lentamente como se saboreasse.

-Essa bebida me trás memórias.

Diz encarando o copo.

-Don Julio lhe faz refem dele, cuidado.

Digo por experiência própria.

-Ele pode me transformar em uma dependente dele? Me parece interessante.

Ela diz antes de beber mais um pouco.

-Não brinque, já vi pessoas transformarem essa bebida na forma de viver e acabaram na decadência. Don Julio pode destruir sua vida.

Me avisa me fazendo dar risada.

-Kehlani também me avisou, não serei tola por ele, pode me servir.

Diz decidida e me levanto, caminho até as bebidas e pego a garrafa servindo no copo que segura. Enquanto a bebida preenche o copo direciono meu olhar para ela, tudo se torna em câmera lenta, tudo em nossa volta parece ficar embaçado como se estivéssemos em um filme.

-Saúde.

Digo ao levantar meu copo para brindar.

-Saúde.

Bate com seu copo no meu fazendo um som ao se chocarem.

Bebo um gole e a ardência é incomoda no começo mas é gostosa de sentir, após isso um gosto suave de canela surge. Realmente é bom, o toque suave da canela tem seu charme.

-Ok, me surpreendi com o gosto. Não esperava um toque suave de canela no final. Don Julio me surpreendeu.

Diz olhando a bebida no copo e sorrio.

-Também me surpreendi com o gosto quando provei pela primeira vez..

Diz pondo seu copo sobre a mesa de centro.

-Espero que ele não me transforme no que Kehlani citou em sua música.

Diz e lhe olho.

-O que ela diz?

Pergunto ao me virar para ela.

-"Don Julio made me a fool for you.
-Don Julio me fez de tolo por você".

Responde citando o trecho da música.

-No fundo todos somos tolos por alguém, só não achei alguém que me faça sentir assim.

Digo colando minhas costas no sofá.

-O amor deve ser tolo e trapaceiro. Nunca o senti mas percebi que pode te levar aos céus como pode te levar ao inferno em poucos segundos. A montanha russa é incerta e desconhecida, não posso julgar o sentimento sem ao menos ter o sentido.

Diz olhando o cubo de gelo se mexer enquanto balança o copo lentamente pensativa.

-Eu nunca vivi isso. Acho que sou desprovido de amar alguém, tive motivos e espelhos para que esse sentimento não me habita-se.

Explico e Any concorda.

-Somos dois fudidos.

Diz se jogando no sofá com o copo próximo a sua boca me fazendo rir.

-Sinto lhe informar mas tenho que concordar.

Deito minha cabeça no encosto do sofá e respiro fundo.

-Eu não sei explicar, você em pouco tempo me entendeu com tamanha facilidade quando muitas pessoas que ficaram em minha vida não entenderam. Eu senti uma conexão entre nós e quando conversamos parece que encontrei alguém para quem possa confiar e contar as coisas ruins que escondi de todos.

Diz me arrumando sobre o sofá e lhe encaro, esperando que continue.

Não esqueçam da "⭐" pois ajuda demais e comentem, os comentários me motivam a continuar.💕

ToxicWhere stories live. Discover now