Seres infames

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| Pode conter gatilhos |

Cochichos desconexos alcançam meu consciente e eu abro os olhos recuperando-me num sobressalto. A escuridão toma minha visão, com exceção de um ponto de luz no extremo do que parece uma sala. Minha nuca dói, assim como os meus braços que sinto presos atrás do corpo. Me agito tentando recuar como um animal indefeso, mas paredes frias rebatendo o ar com aroma úmido me cercam.

Hey, não se mexe...—sussurram quase ao meu ouvido.

Diante o reflexo escasso refletido, identifico John ao meu lado. Preso assim como eu. Inclino minhas costas para a frente e conto pelo menos umas dez pessoas no mesmo estado; sentadas, presas e aterrorizadas.

Onde estamos? Quem são aqueles?—controlo o tom aflito me virando para o único ponto mais nítido.

Dois terrestres de costas para nós dão atenção simultânea para uma pessoa. O homem a detém com as mãos envoltas em seu corpo além das amarras e a mulher demonstra incitar medo diante suas palavras. Gritos ecoam do fundo da garganta. Minha espinha se arrepia friamente.

Somente uma maca — aparentemente não funcional — e uma pequena mesa portando objetos longe de meu conhecimento mobiliam o ambiente.

Sinto Mount Weather me assombrar mesmo passando uma imagem contrária do que sou capaz de enxergar. O ar é sufocante, o ambiente é imundo e nem preciso citar a precariedade da luz. Não, não pode ser... de novo não. O posto de tortura abriga outra pessoa da fila.

Não sei e... não sei.—fito Murphy com as sobrancelhas franzidas—Estava nos arredores do acampamento quando começaram a me perseguir.

Devia tê-lo ouvido... Mas como poderia acreditar? É John Murphy.

—Devem ser de um dos clãs.—suponho tecnicamente o óbvio—Lexa nos cedeu espaço, não atacamos mais um ao outro... Não entendo o que fazemos aqui.

Diante o ranger das dobradiças da deteriorada porta dupla principal, a mulher de mais cedo se faz presente em seu traje de couro; visivelmente feito à medida para seu corpo de tão bem que lhe cai. Ela caminha até os outros terrestres com ar imponente e intocável, para com as mãos atrás do corpo e presencia os gritos da mulher agora refém. Ao centro de sua testa está marcado um símbolo. Pela distância, reconheço como uma mancha escura feita a dedo e um risco na cor amarela atravessado na diagonal.

Argh... Mandem esta para a forja.—franze o nariz com desgosto e direciona o foco além, pousando em nós—Oras, por que deixaram nossos hóspedes ilustres esperando?—cruza os braços aborrecida.

Me mantenho calada, assim como todos os outros. Nem mesmo seus parceiros ditam uma palavra a favor, abaixando as cabeças submissos.

—Vamos, façam as honras!—ela bate duas palminhas em intenção de agilizar o processo—Já sabem como é, damas têm privilégios.

Os terrestres se entreolham e passam a mulher se debatendo para um dos guardas agora presentes, se viram para nós e se aproximam. Meu susto ao ver pequenas partes em suas peles em alto relevo como cicatrizes não tratadas é visível através dos olhos arregalados. É uma espécie de padrão. Bolinhas deformadas tomam a região ao redor do símbolo na clavícula (semelhante ao da mulher, mas, diferentemente, gravado com algo afiado) em espirais que se espalham para outras regiões, com excessão da cabeça. Vejo as do homem ultrapassarem a parte da roupa que cobrem seus braços e as da mulher se fazerem discretas somente no pescoço diante um rastro para debaixo do tecido do busto.

Não reconheço a qual clã pertecem de acordo com as explicações de Lincoln.

Ambos se posicionam cada um a um lado meu e me forçam a levantar.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Where stories live. Discover now