Don't be my opposite (Pt.2)

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Recosto minha cabeça no ombro do Bresson, como se estivesse cansada - o que não é lá uma mentira - e tenho a sua deitada na minha. Se não fosse ele, provavelmente ainda estaria chorando debaixo dos cobertores. Sua amizade me salvou tantas vezes que eu já perdi as contas. Com piadas ruins, conversas que fogem do monótono e um gosto musical terrível não tive como não me deixar levar por ele.

-Ouviram isso?-indaga o garoto, levantando a cabeça. Me afasto e tento buscar algum barulho fora do comum.

Vozes. A música parou. Pessoas falam conflituosas, ecoando até nós.

-Vem do refeitório.-Marcus encara a porta, despertando Abby da sonolência que a envolvia.

Busco palavras que me guiem até o conhecimento do que ocorre ao lado de fora. Tento ficar de pé, mas meu pulso preso no cano baixo me impede. Estico o pescoço ajoelhada, vendo cinco ou seis pessoas passando correndo para os demais corredores.

-Acham que foi a porta?-miro os três.

O tumulto se acalma, e é nessa hora em que liberam a fazenda. Miller entra apressado com Jackson, segurando as chaves das algemas, quando seus corpos saem da nossa frente para auxiliar Abby e Marcus, vejo Octavia estacionada ao meio do refeitório.

Um vermelho viscoso toma suas vestes, pele e cabelos, refletindo a luz das lâmpadas e formando casquinhas nas partes secas. Isso é... sangue?

Desço o olhar e visualizo Kara ajoelhada ao chão junto a três homens, forçados pelos guardas.

-É agora que morremos?-fito Miller no instante em que se agacha para me libertar.

As algemas se abrem e são recolhidas por ele, me permitindo passar a mão ao redor do pulso esquerdo.

-Octavia ganhou visibilidade, sem mais mortes.-responde me ajudando a levantar-A não ser que seja uma ordem diretamente dela.

-Seguem ela?-estreito os olhos-Todos seguem ela?-a observo de longe mais uma vez.

-Seja Wonkru, ou seja inimigo de Wonkru.

Então foi isso o que ela fez. Matou todos que se opuseram à liderança. Derrube sangue e seja visto, apoie a paz e seja odiado. Com os outros três soltos, seguimos até o lado de fora, nos infiltrando no círculo ao redor da Blake.

-Levem-nos para o centro do bunker.-ordena fazendo um gesto com a espada-Barrem o acesso às portas e corredores, teremos um acerto de contas.

Suas palavras me deixam tensa e por um momento penso o que pode ser o "acerto de contas". Oc nos deixa, passando por mim com um olhar de canto neutro. Os guardas com os novos prisioneiros a seguem.

Fico parada no lugar. As pessoas se dispersam e outros saem do corredor em que estavam trancafiados, até que vejo Niylah de mãos dadas com o garotinho de mais cedo. Seus olhinhos perdidos não entendem tamanha confusão.

-Onde está Jaha?-fito a mulher loira, me aproximando dos dois.

Ela junta as sobrancelhas sutilmente, como pretexto para algo ruim, tomando ar e suspirando.

-Jaha se foi.

-Ele o quê...?-abro a boca estremecida.

-Foi ferido e não resistiu enquanto mexia nos mecanismos da porta.-mexe os ombros repuxando um canto da boca-As coisas não foram fáceis, mesmo que por poucas horas.

Olho além de seu corpo. O chão está tingido de sangue, ainda fresco. Paredes respingadas e corpos sendo arrastados pelos pés até uma sala. Octavia, suponho. Sinto um mínimo aperto na garganta diante a cena, o que se intensifica quando o garotinho chacoalha a mão da mulher e pergunta onde está Thelonious.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Where stories live. Discover now