Nightmare

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—O que você pensa que está fazendo?—indaga com um sorriso sarcástico.

—E isso por acaso é da sua conta?—sorrio fria e me desvio, o que é inútil, pois ele entra na minha frente novamente. Cruzo os braços.

Troco o olhar para além de seu corpo e vejo duas garotas saindo de sua barraca ainda vestindo as roupas, que por sinal parecem ter peças estupidamente trocadas.

Disfarço uma cara de aversão.

—O que você pensa que está fazendo?—repete mais pausadamente, mantendo a expressão.

—Vou sair, poderia por obséquio tirar a sua pessoa da minha frente agora? Não quero perder tempo falando com você.—me desvio novamente, mas o vejo me seguir. Qual o problema dele?—Deixou as palavras entrarem por um ouvido e saírem pelo outro?

—Não pode sair sozinha, perdeu a cabeça?—se deixa soar sério pela primeira vez—Não tem sequer uma arma!

Me viro para ele e sem pedir retiro uma faca improvisada da sua cintura.

—Feliz agora?—pergunto e vejo ele vestir sua camisa de volta.

—Vou com você.

—Dispenso a companhia.—volto a andar e finalmente alcanço os portões ainda em construção.

—Por acaso acha que eu gosto da ideia?—o ignoro—Não podemos perder mais dos nossos.

O olho com uma cara de "sério?". Agora só falta dizer que ninguém havia o dito isso antes.

Continuo seguindo o meu caminho, talvez assim ele pare por minha teimosia, mas o que faz é alcançar os meus passos e se colocar ao meu lado parecendo impaciente. Decido tolerar por não ter outra opção.

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Refaço alguns caminhos por onde já passei, mas não encontro nada. Durante todo esse tempo Bellamy ficou na dele, alguns metros atrás de mim. Apenas sabia que ainda estava sendo seguida pelo barulho de gravetos se partindo.

—Não está em lugar algum. Inferno!—dito raivosa me encostando em um tronco de árvore áspero.

—A faísca pode fazer o favor de me dizer o que estamos procurando?—pergunta parecendo se divertir com meu cansaço emocional.

Nem perco tempo de reclamar do apelido ridículo que tanto insiste.

—Um colar.

—Todo esse showzinho por causa de um mero colar?—se revolta.

—Sim, isso mesmo. Quer saber? Já me irritou o suficiente! Por que não vai embora e larga do meu pé?—aumento o tom.

Vejo ele abrir a boca para rebater minhas palavras, mas escuto um grito curto vindo de trás de algumas plantas à minha esquerda. Levanto a faca que porto na minha mão na direção de onde veio, Bellamy faz o mesmo e nos entreolhamos antes de avançar. Arrisco primeiro, investindo um passo à frente, o que já é o suficiente para eu abrir as folhas e me deparar com uma garotinha do acampamento.

—O que faz aqui? Poderíamos ter te machucado.—solto o ar que nem notei que prendia e amenizo o tom de voz.

Ela sai de trás das plantas e fica um pouco encolhida na nossa frente. É nova, parece ter uns doze anos.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Where stories live. Discover now