Loneliness hurts

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Admita que sou melhor.

Minha visão duplica e eu estreito os olhos buscando foco. Minhas mãos suam e quase cedem ao peso do taco de madeira, mas retiro forças de qualquer outro lugar que possa me transferir. Um mar de bolinhas coloridas insiste em tomar novamente a superfície, porém, quando acho o único ponto branco, deposito o que me resta para acerta-lo, ouvindo um estalo baixo sob a música famosa de um DJ antigo. Recuo e apoio o taco no chão, limpando minha testa com o antebraço. Sigo a bola vermelha que logo cai no buraco — indo direto ao chão pela falta de rede — e torço para que a roxa alcance o do meio, arrancando comemorações minhas e dos outros quando o faz.

—Admita que você já era!—rio da cara do meu conhecido oponente agora emburrado—Não tem chance.

Ele apoia o copo na ponta da velha mesa de bilhar, pigarreando com deboche e tomando seu taco em mãos. Avalia as possibilidades e dá a volta, parando do lado direito. Pode escolher entre umas três para encaçapar sem problemas, optando pela que lhe dará uma certeza e mexerá o restante seguindo a sorte. Bellamy consegue uma somente, apenas chegando muito perto de quase fazer uma segunda. Os olhares dos outros jogadores os segue, oferecendo palmas pela jogada. Um "mandou muito!" vem de uma das garotas loiras com entusiasmo, mas apenas rio por não enxergar seu rosto com nitidez.

Hora da troca!—anunciam.

—Qual é? Agora que estava ficando bom?—reclamo estendendo o que seguro para outra pessoa.

Bufando, desço os dois degraus e me junto ao moreno quase tropeçando em meus próprios pés pelos passos mal dados. Ele volta a me equilibrar, me fazendo rir feito criança.

—Ali! Ali. Vamos sentar.—estico meu indicador para um dos sofás que acabou de ficar livre.

—Passou horas sentada no mesmo lugar.—implica com um riso de canto—Não prefere dançar? Ou, não sei, sair daqui?

—Céus, controle seu guarda-fake interior. Está quase agindo como o Bellamy que conheci.—paro a caminhada e levanto nossas mãos dadas, avaliando qualquer coisa que minha cabeça me mandou olhar. O efeito distorcedor das nozes está passando, entretanto o das bebidas que Jasper diz serem sem álcool não—Mas, bom, ali parece bem quieto. Vem.

Começo a guia-lo para o sofá, independente do que tenha dito.

—O que tem de errado com meu guarda-fake interior? Não gosta dele?—sua voz precisa sair mais alta para superar as caixas de som próximas.

—O quê?! Não posso te ouvir!—finjo risonha, levando a mão ao ouvido e o fitando por cima do ombro.

Solto sua mão e dou um giro para me jogar no estofado judiado, não tenho certeza se o creck que ouvi veio dele ou de mim. O moreno levanta minhas pernas que pegam o resto do móvel e se senta, as apoiando no seu colo. Fecho meus olhos e me deixo flutuar junto as batidas fortes da música. As vozes de dezenas de conversas giram ao meu redor, junto a sons que prefiro não descrever. As pessoas realmente não perdem tempo por aqui. Minha cabeça fica zonza e quase sinto que vou colocar tudo para fora, portanto resolvo me sentar lentamente diante uma careta.

—Quanto tempo acha que passou?—questiono franzindo o nariz e virando para o olhar.

—Quanto menos pensar nisso, melhor.—finge fazer contas mentalmente. Já não temos raciocínio para isso—Caramba, nós vamos morrer.

Bellamy deita sua cabeça para trás e deixa os braços abertos no apoio do sofá. Puxo meus fios de cabelo sobre um dos ombros e ajeito meu corpo — já quase rendido de mais para ter coragem de sequer se manter sentado dignamente — no seu colo, deixando uma perna de cada lado.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora