Run

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—Beatriz? Vai... responde!

Bellamy...

—Consegue levantar?

Donovan está morto?

Abro os olhos e me sento quase num sobressalto. Meu peito dispara e a sensação de sufocamento que a ausência de luz solar me traz reforça o ponto de que estou no mesmo lugar. Me acalmo olhando ao redor. Ben está com os outros três, mostrando que a voz que me trouxe ao consciente é a de Murphy, mas duvido que tenha ouvido suas palavras corretamente.

—Está legal?—ele questiona neutro com os joelhos flexionados. Ao receber meu aceno positivo de cabeça, se põe de pé.

Não preciso de muito esforço para voltar a fixar o ponto crucial do dia.

Vamos sair daqui.

—O que faz de pé?—pergunto.

—Não estar de prontidão faria Malina enlouquecer.—ouço a fala da garota incidindo ao lado de Ben na parede do colchão.

O tom em que pronuncia o nome da líder soa provocativo propositalmente, como alguém que desafia o sistema sem escrúpulos. Ou é corajosa, ou não tem nada a perder. Talvez os dois.

Levanto com os cinco pares de olhos me acompanhando e sigo até a grade. Tudo quieto, com exceção das lamúrias dos outros encarcerados nas celas vizinhas. Olho de relance para a porta vermelha em destaque ao fim da sala e analiso a de metal à frente. São os Keryonkru. O restante que aceitou o chip. Não tenho ideia melhor, não vi qualquer outra passagem que revele a localização deles... A não ser que vivam lá fora.

—São silenciosos mesmo.—John confirma minha suposição ao entender a tentativa—No término da reunião, todos retornaram para a sala. Claramente estão meditando.

Vejo uma dupla de guardas trocar vigília com a outra. Seus corpos são mais marcados que os anteriores, o que me leva a acreditar que possuem mais experiência. Não será uma simples missão, quem me dera fosse...

—Não sei se entendi direito toda essa história de "Cidade da Luz".—repouso as mãos na cintura dando meia volta. Preciso ter uma ideia nítida sobre o que estamos lidando se desejo que o plano dê certo—Segui a linha de raciocínio de vocês e somente agora parei para repassar. É uma completa loucura.

Vejo Murphy tirar casquinhas de sangue seco do cotovelo e suspirar pesado enquanto se aproxima.

—Certo, vamos lá... Vou pular minha parte de insanidade preso num lugar em que a radiação sequer parece ter encostado.—começou sem ânimo—Encontramos uma mansão no meio do nada. Jaha passou esse período nela, o que foi o suficiente para mudá-lo para mais patético, no caso, o chip o mudou. Conseguia ver a I.A. Alie perambular pelos cômodos como sua melhor amiga e guia-lo para meditações durante horas a fio.—revira os olhos e passeia suas íris pelo teto como se buscasse lembrar o ocorrido com clareza—Ah, claro! O cara tentou me converter, mas eu sabia que a merda era muito mais embaixo. Qualquer um esperto o suficiente poderia ver isso. Quando estávamos prontos para voltar para o que chamam de lar, tentei destruir o servidor da vadia e fugir com Emori... Aparentemente, só metade do plano deu certo.

Deslizo meus dentes no lábio inferior de leve com os pensamentos se encaixando numa ordem mais simples de compreensão. Tudo bem, tem Jaha e os outros encontrando a I.A., mas Malina se mostra há um bom tempo "comandante" do Povo das Almas e segue esse propósito desde então. Não pode ter encontrado depois deles, se passaram três meses apenas. Ela encontrou primeiro.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Where stories live. Discover now