Eu gostaria de saber Quem você pensa que eu sou Eu não sou sua mulher E você não é meu homem … Você derramou o rio E então você construiu a barragem Portanto, não interprete a vítima Porque estava tudo em suas mãos, suas mãos.
▹ Your Hands | GRAE
[2.393 palavras]
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Todas as ruas estão paradas, um surto de corpos trocados estava deixando todos loucos. Casas próximas ao colégio foram os primeiros a serem atingidos pela onda bizarra de akumatização. Numa delas está Ivan Bruel, namorado de Mylène e baterista da banda Kitty Section.
O menino terminava de pôr o broche que sua namorada lhe dera no bolso externo do terno. Ele estava nervoso, suava frio e sentia que iria desmaiar a qualquer momento. Mylène o avisou que sairia em poucos minutos, deixando-o na calçada esperando.
Foi então que aconteceu, uma árvore que o bairro cuidava chacoalhou jogando milhares de folhas ao seu redor, inúmeros galhos secos caíram fazendo o garoto se alarmar, porém naquele instante de bagunça ele não viu a pétala laranja pousar sobre seu ombro e se desfazer em pó.
— Estou pronta, Ivan! — celebrou Mylène ao sair de casa, aos olhos do rapaz aquela é a garota mais bela de toda a escola, e agora de todo o baile. — Você está com folhas na cabeça. — sorriu retirando boa parte delas.
Ele acompanhou a risada contagiante da namorada sorvendo de seus toques pelo peitoral e ombros onde as folhas estavam, suas mãos se chocaram e os dedos tímidos tocaram-se envergonhados. Ela sorriu corada, acariciou o seu maxilar e subiu até as bochechas apertando com diversão e riu mais uma vez pela careta que seu namorado fizera.
— Você fica fofo. — declarou brincando com seu rosto.
— Precisamos ir, antes que a festa comece e a gente fique aqui. — avisou segurando sua mão, ela assentiu e despediu-se do pai saindo de casa.
Fred Haprèle, seu pai, observou silenciosamente aquele casal com um olhar orgulhoso. "Honestamente, sua mãe deve estar se remoendo até hoje pela péssima escolha de ter nos deixado. Você… Minha filha, se tornou uma grande mulher", ele pensou.
O casal andou sem pressa, conversaram colocando o papo em dia e observavam a paisagem ao redor. Ultimamente os dois se encontravam pouco e estudavam muito, o que contribuiu para seus pais estarem a favor do relacionamento. É tanta alegria para o Ivan que ele mal percebe a parada súbita de sua namorada.
— Ivan, não estou vendo nada! Ivan! Tudo está um breu! — ela apavorou-se com os olhos esbugalhados, o garoto agonizou-se tocando os ombros miúdos dela.
— Vai ficar tudo bem Mylène, vai ficar tudo bem. — disse amedrontado, sua visão também tinha sumido segundos depois.
O pânico assolou os dois por estarem cegos, porém, ao mesmo tempo sentiam-se seguros segurando a mão um do outro. Era uma forma de passar confiança.
