Capítulo 12

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{POV. Anna Kariênina}

  O caralho da festa finalmente tinha acabado a pouco e todos finalmente foram embora. Como planejado, os Borges dispensaram os empregados de limparem logo as coisas, para que Paul e eu ficassemos logo sozinhos.
  Diante disso, eu estava sozinha sentada sobre o sofá da enorme sala escura, com uma xícara de chá em mãos, usando apenas uma camisola vermelha de cetin e um robe, apreciando a beleza do silêncio enquanto o sono ainda não me visitava.
  Levei a doçura do chá de hortelã aos meus lábios e apreciei tudo ao meu redor, agora matade disso tudo é meu e logo a outra metade também será minha quando matar Anna Elis.
  Instantaneamente um arrepio estranho percorreu minha espinha ao pensar na morte de Elis, tento afastar aqueles pensamentos de minha mente e me assusto quando, de repente, ouço vozes do lado de fora de casa. Parecem risadas e vejo quando alguém mexe na fechadura.
  Eu sempre ando preparada e rapidamente puxei a pistola que havia deixado sobre a mesa do abajur ao lado do sofá. A porta se abre e um garoto moreno e desconhecido entra, ele está sorridente mas eu não o conheço.

- Quem é você?! - Dou um pulo do sofá apontando a arma para ele.

  Meu coração se mantém firme e o garoto para de rir, arregalando os olhos com medo.

- Aí meu Deus, por favor, não atira! Só vim deixar a Elis, por favor não atira! - Ele diz nervoso e abaixo a arma assim que vejo Elis praticamente desabando nos braços de outra garota morena, que não parecia tão melhor.
- Porra, o que vocês fizeram com ela?! - Quase grito, formando minhas mãos em punhos.
- Eu tô bebinha... - Elis resmungou bêbada e soltou um soluço. - E acho que acabei vomitando em mim mesma. - Outro soluço e ela gargalha de tão bêbada, a amiga lhe acompanha também não muito melhor.

  Bufo irritada e ando até ela. Só o que me faltava, agora me tornei babá dessa família toda.

- Vem cá, deixa ela comigo. - Digo lhe segurando em meus braços, ela realmente cheirava a puro álcool e cigarro, e vômito. - Ah, merda. - Gruni tentando lhe equilibrar em meu abraço.
- Tem certeza que pode cuidar? - O garoto falou preocupado notando a arma ainda na minha mão, de repente a irmã dele saiu da casa e lhe ouvi vomitar no jardim da frente. Adolescentes estúpidos.
- Eu sei me virar sozinha, agora saia daqui e cuide daquela outra, antes que eu meta uma bala na tua cabeça. - Ameaço e ele engole seco, andando para fora. Mas antes lhe interrompo. - Espera! Como vocês chegaram aqui? Você bebeu?

  Por que diabos estou a me preocupar com isso, se Elis tivesse morrido em uma batida de carro, seria poupar trabalho para mim. Mas uma vez aquele arrepio estranho na espinha vem.

- Viemos no meu carro, estou sóbrio o bastante para dirigir.
- Então some daqui, fecha a casa e joga as chaves de Elis por debaixo do tapete. - Ordeno ainda me equilibrando com o peso resmungante de Elis sobre mim.
- Humm, você é cheirosa, hein. - Elis resmungou e eu bufei.
- Cala a boca, sua bêbada de merda.

Elis se manteve de pé e eu aproveitei para deixar minha arma perto do abajur, então fui até a mesma. Anna Elis era visivelmente mais baixa que eu e mais magra, então consegui lhe pegar facilmente no colo.

- Ui! - Anna Elis soltou o grito rindo assustada.
- Fala baixo, garota, teu pai está dormindo. - Resmunguei enquanto andava com ela nos braços até a escada.

  Ainda não acredito que estou fazendo isso, poderia deixar-lhe para morrer bêbada nessa sala mas estou aqui subindo para limpar ela. Que espécie de madrasta assassina eu sou? Não estou me reconhecendo.

- Nossa, como você é forte.

  Anna Elis sorriu para mim e eu a ignorei enquanto ela tocava meu rosto, seus dedos estavam sujos de seja lá o que for, mas ainda assim eram tão delicados e macios, nunca senti algo assim, como se tivesse me deitado sobre nuvens. Tentei não estremecer diante daquilo.
  Empurrei a porta de seu quarto com o pé e lhe joguei sobre a cama, liguei a lâmpada e Anna Elis já estava se virando sobre os lençóis.

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now