Capítulo 42

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{POV. Anna Kariênina}

Eu ainda estava tão irritada com Anna Elis que resolvi não passar a noite com ela em seu quarto, e fiquei deitada no meu, mas não conseguia dormir. Talvez porque estava muito preocupada e indignada com Elis, ou por simplesmente não conseguir mais dormir sem ter a presença de Elis ao meu lado, seu corpo e cheiro suaves é o que me acalma, não sei mais o que é dormir sozinha.
Mas agora a única coisa que Elis está conseguindo me causar é estresse e insônia, com isso, eu decidi descer a cozinha para preparar um pouco de chá que me ajude a dormir. Colocando água dentro da panela, ouço passos ecoando entrando na cozinha e pelo cheiro suave de lavanda eu logo percebo que se trata dessa mimada de cabelos cacheados, sequer precisei olhar.

- Ouvi quando saiu do quarto e resolvi te ver. - Elis diz mas eu continuou sem lhe olhar enquanto coloco a água sobre o fogo do fogão). - Vai continuar sem falar comigo, Anna Kariênina? - Ela choraminga e então eu paro e lhe olho. Minha boca quase salivou por um instante quando lhe vi numa camisola preta de ceda com alças finas.
- Vou, até você desistir dessa porra de loucura de me acompanhar.
- Eu não vou desistir, Anna, já devia saber que sou tão cabeça dura quanto você. - Elis rebateu se aproximando.
- A questão não é ser cabeça dura, é ser racional e isso você não está cedo, ir comigo naquela missão é suicídio.
- Por quê? Por que você pode se colocar em risco mas eu não posso ir para ajudar?
- Porque eu sei me defender e me virar em qualquer ocasião, mas se levar mais alguém que para proteger posso perder o foco e ser pega. - Expliquei.
- Não seremos pegas. - Anna Elis enfatizou.
- Como você sabe? - Ironizei.
- Porque a maior assassina profissional de San Diego estará lá e nada passa por ela. - Anna Elis é ávida em suas palavras e eu engoli seco sem palavras encostando minhas mãos na mesa.
- Eu não sei, Elis, é perigoso e eu não quero nem pensar em ti perder. - Confessei sentindo um aperto em meu peito só em imaginar.
- Você está se arriscando pelo seu pai, e eu pelos meus. Agora esse é nosso plano de vida, Anna Kariênina. - Senti quando Elis pousou as mãos em meus ombros nus e seus simples toques me amoleceram. - Você relaxa quando eu te toco. - Ela comentou atrás de mim e eu soltei uma risada.
- O superman tem a cripotonia, e eu tenho você. - Comentei e então me surpreendi ao sentir o hálito de Anna Elis em minha orelha.
- Eu gosto disso. - Seus sussurros me entorpeceram.

Eu também usava uma camisola de alças finas então logo senti quando Anna Elis começou a subir suas mãos por minhas coxas.

- Elis... - Tentei lhe chamar para subirmos para o quarto mas já era tarde demais quando senti suas mãos em mim. - Ah nossa... - Apertei as bordas da mesa seguindo uma carga elétrica sobre corpo.
- Shiii, apenas relaxa.

Anna Elis sususrou atrás de mim e me deixei ser guiada quando ela me empurrou devagar para colocar meu rosto ao vidro da mesa, e deixei que seus dedos me tirassem do chão e me fizesse ver estrelas em orgasmos em meio a essa cozinha.
[...]

{POV. Anna Elis}

Quando acordei hoje, havia outra muda de roupas de malhar sobre minha cama, sem bilhetes dessa vez pois eu já sabia o que vinha por aí. Eu estava novamente as boas com Anna Kariênina, mas isso não significa que ela deixará de pegar pesado comigo, nem mesmo depois de ver ela se contorcer inteira sobre aquela mesa ontem a noite.
Então, após meu café da manhã, eu andei até a área externa onde Anna Kariênina já estava organizando alguns pesos no chão, ela também já estava usando uma roupa para malhar.

- Então, mais exercícios de defesa? - Perguntei um pouco entediada.
- Não, hoje vamos trabalhar o ataque. - Anna andou até mim e eu uni as sobrancelhas em confusão. - Vou ensinar você a matar. - Ela completou e eu engoli seco sentindo um arrepio sobre meu corpo.
- Mas eu não quero ser uma assassina, já te falei. - Admiti.
- E não será, mas se vai comigo nessa missão, preciso que saiba se defender sozinha. - Kariênina explicou.
- Mas eu já sei me defender, caramba! Você me ensinou golpes e... - Falei já meio irritada e então Kariênina me mostrou que eu não sabia me defender nem um pouco.

Rápida como uma própria estrela, Anna segurou meus cabelos que estavam em um rabo de cavalo e me puxou para baixo, ela puxou uma arma que eu nem sabia que estava em sua cintura e quando dei por mim o ferro gelado já estava em minha testa. Ofeguei sentindo meu coração acelerado.

- Você sabe se defender disso?

Fiquei irritada e bufei lhe empurrando.

- Então vai fazer o que? Me ensinar a atirar e como decepar alguém? - Cruzei os braços irritada, ainda sentindo meu coração acelerado pela adrenalina.
- Exatamente. - Anna deu de ombros e eu engoli seco.
- Você sabe mesmo como me causar medo. - Suspirei e ela soltou uma risada.
- Vamos focar primeiro nas facas, tenho que te ensinar a desviar de facas e como apunha-lá, então depois a atirar com armas de fogo.
- Achei que armas fossem mais difíceis que facas?
- Acha mais difícil atirar de longe ou apunha-lá alguém que está bem a tua frente, mas pode desviar da faca e ferir você mesma? - Anna Kariênina pondeira enquanto organizava algumas facas no chão perto dos pesos.
- É, faz sentindo. - Suspirei e lhe observei por um momento, ela era hábil com as armas e sabia cada forma de matar como a assassina profissional que é. Sempre soube que ela treinou praticamente a vida toda pra isso, mas só agora vejo isso na minha frente. - Quem te ensinou isso tudo? Quer dizer, você teve um treinador? - Perguntei enquanto ela se levantava.
- Sim, Locker Kal. Ele morava com os Borges e era o assassino profissional dos mafiosos na época, depois que meu pai foi preso ele passou a treinar apenas a minha defesa e ataque como também ensinava aos Borges crianças, mas ai depois que meu pai morreu eu o convenci que era isso que eu queria, que ele me treinasse para ser uma assassina tão boa quanto ele. Então, terminou que eu me tornei melhor que ele e depois que ele morreu, eu me tornei a assassina profissional dos mafiosos. Quer dizer, isso até me casar com seu pai. - Ela contou após ficar a minha frente segurando duas facas.
- E quem será o novo assassino dos mafiosos já que vive saiu do ramo? - Perguntei curiosa.
- Eles ainda estão decidindo isso, provavelmente irão pedir meu aval e até mesmo que eu treine ou escolha um assassino já treinado, mas eles sempre preferem alguém que é treinado por um de nós, não aqueles já feitos.
- Por quê?
- Assassinos independentes tem seus vícios e valores, aqueles criados em cativeiros apenas seguem ordens e fazem um bom trabalho. - Kariênina disse com uma certa frieza e eu me arrepiei. - Agora chega de blá blá blá, e vamos ao que interessa. - Ela me entregou uma das facas, uma com o cabo azul, sua lâmina era tão afinada e limpa que podia ver o meu reflexo. - Vou te ensinar a como desviar dos golpes e contrata atacar. - Ela explicou e eu assenti.

Se vou dar tudo de mim nessa missão, então irei me preparar. Mas Dorgles não escapará.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now