Capítulo 22

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{POV. Anna Kariênina}

- O que você está fazendo aqui? - Ouço a voz de Anna Elis.

- Essa pintura... - Eu não consegui descrever, estava muito surpresa. Perplexa!
- O que tem ela? - Anna Elis parecia irritada.
- Sou eu. - Apontei.
- Que? - Anna Elis sorriu incrédula.
- Sim, essa mulher sou eu. Eu me lembro muito bem desse dia, eu tinha acabado de terminar um serviço, e havia aproveitado o horário para fotografar o nascer do sol, como eu gostava de fazer, as vezes é o pôr do sol também. - Me atrapalhei um pouco com as palavras. - Como você sabia disso?
- Eu não sei, foi algo totalmente por coincidência, eu só estava indo para a faculdade e vi a mulher na praia, estranhei uma pessoa naquele horário na praia e gostei da imagem. Achei... intrigante. - Anna Elis colocou na mesa um depósito de pincéis que estavam em sua mão, então olhou fixamente para a tela e para mim. - Meu Deus, é você mesmo. - Ela tinha as sobrancelhas tão unidas, que me fizeram sorrir.
- Por que me pintou? - A curiosidade me invadiu.
- Não pintei você, eu pintei a sensação que a tela passava. Ela nem sequer ainda tem nome. - Elis rebateu cruzando os braços, foi quando reparei que ela usava uma camisola de seda rosa pastel com alças finas e ia até os joelhos, exibindo um pouco de seus seios. Tentei ser discreta em meus olhares.
- Então qual a sensação ela passa?

- Por que gosta de fotografar o nascer e por do sol? - Ela respondeu com outra pergunta, resolvi não debater e respondi.
- Não sei ao certo, só gosto muito do sol, ainda mais nesses estádios. - Olhei para a tela. - Ver o nascer e o pôr do sol me lembram que há sempre um amanhã após uma noite turbulenta, que há sempre um novo começo para brilharmos. - Sinto meu peito leve ao confessar e quando olho para Anna Elis, seus olhos estavam em mim, mas o rosto ainda estava sério, intrigado. Suspiro e sinto que devia me retratar. - Você estava certa mais cedo, não devia me meter de forma tão agressiva na tua vida. Mas juro que não foi por pena, eu só... - Suspirei outra vez. - Só queria te mostrar que você é boa o bastante para ser tratada como a melhor pessoa do mundo.

Minha boca seca, e Elis vira seu olhar para a tela, alguns instantes torturante se passam e eu estava prestes a desistir, quando ela olhou novamente para mim.

- Acho que já tenho um nome para a tela. - Ela soou de repente. - Maktub.

- O que significa?
- "Maktub, particípio passado do verbo kitab, é a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito. Ou melhor: tinha que acontecer." - A voz de Anna Elis é leve e doce, livre de ressentimentos.
- Você é muito boa. - Consegui dizer.
- Há uma história muito mais complexa por trás dessa tela, já estávamos destinadas a conhecer uma a outra.

O quarto inteiro pareceu queimar e eu não consegui me segurar, pelos olhos curiosos e ternos da garota de cabelos cacheados a minha frente, percebi que ela também não conseguia mais se conter.
Então explodimos, queimamos e nos libertarmos quando meus lábios encontram os seus.

******

{POV. Anna Elis}

Eu não conseguia mais fingir que isso não existia, meu corpo clamava por Anna Kariênina, e isso se solidificou quando suas mãos encontraram minha cintura e nossas bocas se encontram. O beijo de Anna Kariênina era rápido e eu não sabia ao certo o que fazer. Sim, eu nunca havia sido beijada antes.
Mas logo eu me alinhei a sua boca e seu ritmo diminuiu, construindo assim nosso próprio ritmo, um pouco lento mais muito, muito quente. Demos abertura uma a outra e nossas línguas se encontraram, lançando uma corrente elétrica sobre meu corpo que arrepiou meus poros, minhas mãos em seu rosto subiram para seus cabelos e ela apertou mais minha cintura, me trazendo mais para si. Eu estava sedenta, nunca havia sentindo isso, sido tocada assim, nem por nenhuma mulher ou homem.
O quarto parecia incrivelmente quente, e senti quando Anna Kariênina se moveu, eu apenas me deixei ser guiada para trás até sentir a madeira da mesa atrás de mim. Kariênina era tão forte, com suas mãos em meus quadris ela me levantou e me pôs sobre a mesa de madeira, suspirei entre o beijo ao sentir a frieza da madeira em minha bunda, que havia ficado um pouco descoberta por causa de minha camisola que havia sido levantada. Senti Kariênina estremecer brevemente ao ouvir o som que eu havia emitido, o ar nos faltou mas ela não parou, eu estava totalmente entorpecida e não pensava mais em nada que não fosse a boca e as mãos dessa mulher sobre mim.
Sua boca desceu ágil até meu pescoço e sua mão subiu até as raízes de meu cabelo, os segurando de uma forma mil vezes melhor do que eu havia imaginado quando me masturbei. Anna Kariênina mordeu meu pescoço e o lambeu, segurei a barra de sua blusa soltando um gemido baixo e quase revirei os olhos. Oh céus, eu nunca tinha sentido algo assim.
Entretanto, foi quando sua outra mão de Anna Kariênina começou a subir por uma de minhas coxas, que uma luz se acendeu em minha mente.

O que estava fazendo? Eu estava quase transando com minha madastra! Não! Não! Não!

Entretanto, eu não conseguia parar, ou muito menos pedir para ela parar. Mas também não queria continuar, pelo menos não queria continuar estando tão confusa, não queria que minha primeira vez fosse nesse mar de confusões.

- Anna... - Sussurrei e aviamente Anna parou, como se minha voz lhe acordasse, mas ela apenas ficou ainda entre minhas pernas.
- Estamos indo rápido demais? - Ela perguntou ofegante segurando minha cintura com delicadeza, seus olhos verdes estavam tão quentes que pareciam sair faíscas, toda via, sua voz foi branda e carinhosa como jamais alguém se dirigiu para mim.
- Um pouco. - Coloquei minhas mãos em seu abdômen, não querendo perder nenhum contato físico com ela. - Não sei se estamos fazendo certo, você é esposa do meu pai. Isso está totalmente errado. - Minha feição era angústia.
- Não é errado. - Ela fechou os olhos, como se tivesse lutando contra a si mesma.
- É sim. - Segurei meu rosto com as duas mãos. - Estamos o traindo.
- Não há traição, se não tem casamento.
- Como assim? - Minhas sobrancelhas se levantarão.
- Não sou casada com Paul, temos um acordo e um casamento de fachada. - Meu queixo estava levemente caído com sua revelação. - Posso te explicar tudo depois, só quero que saiba que não estamos fazendo nada de errado.

Sinto como se o peso de uma âncora tivesse sido tirado de cima das minhas costas. O que estamos sentindo e fazendo não era errado, não era proibido.
Suspirei aliviada e fechei levemente os olhos, sentindo o momento em que Anna Kariênina colou nossas testas.

- Dorme comigo hoje? - Ela pediu e eu lhe olhei corando. - Apenas dormir. - Ela enfatiza e me sinto aliviada. - Não sei o porquê, mas não quero me separar de você, pelo menos não por essa noite, por favor... - Os olhos de Anna Kariênina são praticamente suplicantes e eu não consigo mais enxergar nela aquela mulher a qual tanto temi há algumas semanas.
- Tudo bem. - Os cantos de meus lábios se levantaram por um instante.

Anna Kariênina apertou as mãos em minha cintura e me moveu de cima da mesa, segurei sua mão e saímos de meu ateliê devagar. Achei que ela iria para seu quarto, mas me surpreendi quando ela deixou-se ser guiada para entrar em meu quarto, entramos e estava tudo escuro. Meu coração estava disparado e eu não sabia ao certo o que fazer, então afastei os lençóis de minha cama e entrei para baixo deles, Anna Kariênina fez o mesmo e me puxou para perto dela.
Apertei meus braços ao redor se sua cintura e Anna fez o mesmo, como se não quisesse me largar mais. Um sorriso me escapou e senti quando Anna Kariênina apoiou seu queixo em minha nuca, pude ouvir seus batimentos contra meu ouvido em seu peito, seu coração estava tão acelerado quanto o meu.
Não houve palavras que expressasse o que sentíamos, pois não sabíamos ao certo o que estava acontecendo, então houve apenas gestos. A maneira como eu segurava sua camisa em meus dedos por baixo dos lençóis, a forma como Anna Kariênina fazia pequenos círculos em minhas costas com seus dedos, suspiros que diziam "ainda estou acordada", e aquele seu cheiro de perfume amadeirado que invadia minhas narinas.
Nunca havia sentido algo assim.

Me sentia completamente preenchida.
[...]

Continua...

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  Gente eu tô sem CHÃO
QUE LINDOOOO CARA!!!

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now