Capítulo 17

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{POV. Anna Kariênina}

- Ah nossa, isso foi incrível! - Alana suspirou ofegante enquanto eu desabava exausta do outro lado da cama.
- Sim, foi demais. - Suspirei ofegante também.
- Acho que nunca conheci uma garota que transasse tão bem quanto você. - Alana comentou sorrindo para mim, e eu me estico sobre o criado mudo ao lado da cama, para pegar um cigarro.
- Não sei as incontáveis vezes que você disse isso. - Comentei acendendo o cigarro e logo o traguei.

Já havia se passado por volta de duas horas desde que Alana e eu chegamos a esse quarto de motel, alugamos sempre o mesmo desde que começamos a nos pegar há 2 anos. Apesar de ter ficado bem ocupada com Alana agora, não conseguia tirar o rosto machucado de Anna Elis de minha cabeça. O que me assustada, foi pensar em Anna Elis enquanto estava com o rosto entre as pernas de Alana, não é algo que eu esteja acostumada.

- Então como está indo o andamento do plano contra Dorgles? Achei que estaria lá em casa na primeira hora de segunda-feira assim que já tivesse metade do dinheiro de Paul. - Alana me olhou curiosa se cobrindo com os lençóis, e eu levantei para vestir um roupão e pegar um pouco de bebida.
- Houve alguns imprevistos. - Digo brevemente. - Acredita que tive que ir hoje na faculdade da Anna Elis, ela havia se metido em uma briga e eu tive que fazer o papel lamentável de madrasta responsável. - Contei colocando um pouco de vodca em um copo e logo bebi, deixando o líquido queimar dentro de mim.
- Anna Kariênina como madrasta responsável, parece título de comédia fracassada. - Alana gargalhou.
- Ei! Até que eu mando bem como atriz.
- Aquela garota é um pé no saco, o que você vai fazer em questão a ela?
- Como assim? - Franzi minha testa.
- Eu te conheço, Kariênina, você não vai aceitar assim de mão beijada somente metade de uma herança milionária, sendo que o dinheiro é o que matem a vingança que você tem como plano de vida.

- Fala como se eu fosse um monstro. - Minhas palavras estranhamente saem como um sussurro e Alana apenas da de ombros. - Anna Elis é uma garota legal, e até o momento não me atrapalhou em nada meus planos.

- Você se atrasou hoje por causa dela. - Alana rebateu se levantando da cama, com os lençóis caindo e seu corpo ficando totalmente exposto novamente. - Você não deixaria essa garota nos atrapalhar, precisamos de todo o dinheiro, Anna Kariênina. Todo. - Alana ficou tão perto de mim que senti seus seios fartos tocar os meus, ainda com o roupão nos separando.
- Vou pensar nisso. - A única coisa que consegui dizer.
- Então, agora vem cá. Deixa eu te usar um pouco. - Alana mordeu o lábio inferior me olhando com aqueles olhos sedentos de uma raposa perto de dar o bote e eu retribui a malícia.
- Você é insaciável, garota.
- Por você sim, sempre. - Alana enfatizou sempre antes de beijar.
[...]

Já era tarde da noite quando cheguei a casa dos Ralph novamente, tudo estava totalmente escuro e silencioso. Exceto pela luz vindo da área externa que me chamou a atenção, então eu vi uma figura enrolada em um edredom, sentada no chão, atrás de uma das cadeiras perto da piscina. Uma fumaça se expandia e então percebi que se tratava de Anna Elis fumando um cigarro, com uma garrafa de vodca ao lado, lhe reconheci pelos cabelos cacheados um pouco bagunçados, ela estava olhando o céu, que estava totalmente estrelado, livre de qualquer nuvem.
Pensei em subir as escadas, tomar um banho e dormir, mas algo dentro de mim ardeu gritando para ir lhe ver.

Não sabia que ela fumava, em minha mente veio as palavras da diretora hoje mais cedo. E se Anna Elis realmente não estiver bem? E por que diabos eu estou me preocupando com isso?
Quando percebi, já estava andando até a área externa.

******

{POV. Anna Elis}

Passei o dia inteiro tentando pintar algo e tudo que saiu foram rascunhos horríveis, que fizeram sentir nojo de mim mesma. Minha mente estava um embaralhado estranho de coisas confusas. Então depois que vi a noite cair lindamente, resolvi retornar a um velho hábito de me sentar para ver as estrelas, e esperara que elas me sussurrem algo sobre como salvar a mim mesma de minha mente, que gira incessante ao redor de um único nome: Anna Kariênina.
Os analgésicos aliviaram a dor em meu nariz e eu sabia que não poderia os misturar com bebidas e cigarro, mas esses são meros detalhes. Não sou de fumar como uma viciada, apenas tenho esse hábito quando quero relaxar.
Todos os artistas tem hábitos secretos como válvulas de escape para suas frustrações.
Ouço passos vindo em minha direção e me surpreendo quando surge aquela que eu tanto penso.

- Me dá um desses. - Ela se refere ao cigarro.
- Me deixa em paz. - Resmungo soltando a fumaça do cigarro.
- Se você está querendo se matar com nicotina e álcool, eu também gosto de fazer o mesmo. Então me da logo um. - Ela não foi agressiva ou arrogante, dessa vez, há só algo compreensivo em sua voz e em seu rosto.

Não digo nada e apenas lhe dou um cigarro que tiro do maço que carregava, e empresto o isqueiro. Anna Kariênina o assente e fica fumando há alguns metros, ela abraça a si mesma por alguns minutos como se sentisse frio e realmente a noite está um pouco congelante hoje. Me sinto um pouco culpada e faço algo terrivelmente estúpido.

- Você não quer ficar aqui, vai acabar congelando. - Digo meio receosa e respiro fundo quando Anna Kariênina anda até mim.

Abro o edredom e ela fica ao meu lado, com o edredom grande nos cobrindo. Tento lutar contra a carga de energia que surgiu em mim quando senti nossos ombros roçarem brevemente, Anna Kariênina tragou seu cigarro e jogou a cabeça para atrás jogando a fumaça para o ar. Lhe olhei por alguns segundos e logo fiz o mesmo, fixando meu olhar nas estrelas.
Um silêncio calmo cai enquanto a única coisa que ouço é a música em meus fones de ouvidos.

- O que está ouvindo aí? - Quando percebo, Kariênina já está tomando um dos lados dos fones para si.

- Você é folgada, hein. - Comentei, mas sem ri.
- E você tem bom gosto, pelo menos.

Anna Kariênina rebateu quando What The Water Gave Me - Florence + The Machine começou a tocar, virei meu rosto novamente para o céu escondendo o rubor que havia se instalado em mim e novamente houve aquele silêncio reconfortante.

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now