Capítulo 32

97 9 0
                                    

{POV. Anna Elis}

A festa estava tão animada que mais parecia um show de rock, a casa totalmente lotada da pessoas dançando e bebendo, outras pelos cantos se pegando ou fumando. Meus olhos brilharam ao ver a quantidade de bebida que havia por aí, hoje eu quero esquecer até mesmo de meu nome. Principalmente o dela.

- Porra, isso está demais! - Eliot comentou ao nosso lado.
- Precisamos de uma bebida urgentemente, para poder entrar logo no clima. - Elena começou a me puxar.
- Ah com certeza precisamos. - Confirmei rindo.

  Circulamos a pista de dança e chegamos ao bar onde havia alguns caras preparando bebidas, entretanto, Elena parou ao ver Savana e as amigas.

- Aí aquelas vadias estão aqui, você não acha melhor a gente... - Minha amiga me olhou meio preocupada, mas eu apenas sorri lhe interrompendo.
- Relaxa, o que aconteceu naquela festa já passou. Só quero saber o que vai acontecer nessa. Então, foda-se elas. - Dei de ombros.
- Menina, adorei essa versão "Anna Elis Foda-se Tudo". - Sorrimos.

  Avançamos para onde os meninos estavam preparando as bebidas, e apoiamos nossos braços sobre o balcão.

- E aí, seus gostosos? O que eu faço para ter uma bebida das boas? - Disparei para os rapazes loiros, eles se entreolham por um instante.
- Elis?! - Eles perguntaram ao mesmo tempo parecendo surpresos, e eu apenas balancei os ombros com malícia.
- Cara, você está maravilhosa. - O loiro de olho azul disse chegando bem perto do balcão, ficamos um de frente para o outro. Ele é tão lindo e... gostoso. - Sou James Witer, não sei se lembra de mim. Fizemos história juntos no ensino médio. - Ele contou com aquele sorriso galante que deve ganhar todas as meninas, mas eu queria mesmo era beber.
- Não lembro, mas podemos fazer novas lembranças, o que acha? - Passei a língua por cima dos dentes lentamente e os olhos dele brilharam. - Mas, a prioridade agora é álcool, então me ver dois copos cheios de vodka. - Exijo.
- Pra você dou o mundo, gata. - Ele piscou e eu resisti ao instinto de revirar os olhos achando aquilo ridículo.
- Ok, agora trás a minha melhor amiga de volta. - Elena brincou ao meu lado e eu sorri. - Garota, eu te amo! - Ela se jogou em mim e eu gargalhei quase caindo.
- Também te amo, sua exagerada! Ainda nem bebemos e já estamos emotivas. - Brinquei.
- Elis.

  Uma voz mou chamou, e Savana aparece atrás de Elena. Estava prestes a me preparar para um combate, mas quando olhei seu olhar calmo e um pouco amedrontado, igualmente os olhares das duas loiras atrás dela, me senti um pouco mal, até com um pouco de pena delas. Eu sei que o que elas faziam comigo era super errado e me machucou muito, mas não sei se consigo retribuir na mesma moeda, meu coração idiota não permite.

- Oi, Savana. Como está? - Digo tentando ser sorridente para ela ter a certeza de que uma certa ninguém não vai mata-lá.
- Estou bem, mas você pelo visto está ótima. Eu amei a produção hoje. - Seu sorriso era sincero, isso me deixou um pouco aliviada pois isso significava que ela me achava realmente bonita, não por causa de uma ameaça de morte. Não sei porque me importo com isso. - De todo modo, aproveite a festa. - Ela sorriu.
- Já está indo, baby? Agora que a falsidade estava ficando boa?

  Elena ironizou e eu lhe cutuquei com meu cotovelo, ela não sabe do que houve com Savana por minha causa e tentei deixar isso bem claro em meu olhar nesse momento para a loira. Ela assentiu entendendo e andou com suas amigas.

- Que vadia do caralho. - Elena bufou voltando a se encostar no balcão.
- Olha aqui duas vodkas no capricho para essas duas maravilhas. - James colocou os dois copos enormes sobre o balcão.
- Você está uma maravilha mesmo.

  Alguém diz atrás de mim e me assusto ao sentir breves dedos em minha lombar, logo Eliot fica ao meu lado. Coro um pouco mas sorrio em agradecimento, ele já havia me tocado mas nunca tínhamos passado de meros cumprimentos e conversas. Ele havia nos trazido para cá, mas sumiu assim que chegamos a festa.
O que um vestido azul está fazendo? Quer dizer, ele não, o que eu estou fazendo? Como eu não sabia que tinha todo esse poder sobre as pessoas? Acho que isso deve ser uma das poucas coisas de herdei de Paul, ele manipula pessoas como ninguém.
  Elena e eu demos um gole brutal em nossas bebidas e eu suspirei a ardência gostosa queimar minha garganta, incendiando meu corpo. Eu precisava sentir isso, me sentir viva e queimando por algo que não seja aquela traíra de olhos verdes, pois não aguento sequer pensar nela e não lembrar de mais cedo.
Não, chega, Elis! Você veio para se divertir! Então vamos fazer merda!

- Oh meu Deus, eu amo essa música! - Elena vibrou como se lesse minha mente assim que Cake By The Ocean - DNCE começou a tocar.

- Vamos, chega de ficarmos paradas! - Segurei forte em sua mão, e minha melhor amiga gargalhou assim que corremos para o meio da pista de dança.

  Abri mão de quaisquer pensamentos que me deixassem presa a aquela Anna Elis do passado e me libertei na pista de dança, bebi de uma vez só quase todo o conteúdo do copo de vodka e levantei os braços animada dançando juntamente com Elena, minha melhor amiga gargalhou para mim e bebeu também de seu copo. Balançamos nosso quadris e quando percebi várias pessoas da pista de dança havia se juntado a nós, como se fossemos um círculo só. Eu nem ao menos sabia que poderia ser tão sensual em uma dança, balançar os quadris passeando as mãos pelo corpo como se eu fosse a mulher mais gostosa desse mundo. E quem sabe eu sou mesmo.
A música muda para Harleys In Hawaii - Katy Perry como se o destino estivesse me confirmando que eu poderia sim me considerar uma das mulheres mais gostosas do mundo. A batida mais lenta seguia por passos mais lentos como se eu fosse uma dançarina de polidance. De repente, sinto mãos lentas correrem minha cintura por trás, meu corpo todo se arrepia.

- Trouxe algo pra você. - A voz familiar masculina me deixou um pouco corada por causa do contato tão íntimo e tão rápido. Então me surpreendo quando as mãos de Eliot me entendem um baseado. - Pra você ficar ainda mais animada. - Sua voz grossa em meu ouvido, me deixando inquieta e eu mordi meu lábio inferior, pegando o baseado entre meus dedos e levei até meus lábios, enquanto voltava a dançar colada com Eliot. E uma coisa surgiu em minha mente.

Que se foda Anna Kariênina.

******

{POV. Anna Kariênina}

Aquele vestido azul não saía da minha cabeça. Aquele maldito vestido azul.
Mas eu tinha que confessar pra mim mesma que não era a porra do vestido, e sim quem ele vestia.
  Eu não suportava a ideia de Anna Elis está nesse momento querendo me ver o mais longe possível, por achar que eu a traí, eu não fiz isso, jamais faria. Eu... Eu gosto muito dela. Elis se tornou aquilo que torna meus dias mais leves, e eu sei que eu a faço bem também, quer dizer, não sei ao certo, a única coisa que faço é matar, não sei se posso fazer alguém tão feliz assim. É confuso, só quero estar com ela, apenas isso. Não posso perder Anna Elis.
  Mas tentar conversar com ela é perda de tempo agora, ela está irritada e com a cabeça quente e, provavelmente, bêbada agora naquela festa.
  Não tinha como o sono vir me visitar se não há espaço em minha mente com o nome de Anna Elis ecoando por inteiro, então resolvi ficar deitada no sofá da sala, já em meus pijamas de dormir, a espera de Elis, pois talvez ela possa chegar nosso mesmo estado alcoolizado como aquela vez. Mesmo irritada comigo, ela não poderá cuidar-se sozinha e eu nem deixarei ela sozinha passando mal. Vou ficar e esperar ela chegar, para pelo menos cuidar dela.
  E eu nunca fiz isso por ninguém, me preocupar dessa forma. Essa mimada de cabelos quentes e cacheados está me deixando louca.

- Kariênina...

  Uma voz me assustada, e dou um salto do sofá olhando Paul no topo da escada, meu espanto aumenta ainda mais quando vejo que ele está pálido como uma folha de papel A4, e sangue escorria por sua boca e nariz. Paul então abriu a boca para dizer algo mas seu corpo falhou, seus olhos fecharam e gritei quando ele desabou sobre os degraus da escada.

- Paul! - Gritei enquanto ele despencava escada a baixo, até parar o último degrau de barriga para baixo. - Oh Meu Deus! Paul! - Corri até ele, me ajoelhando no chão. - Paul! Pelo amor de Deus, fala comigo! Oh céus! - Grunhi desesperada lhe chacoalhando, mas ele não acordava.

  Meus olhos estranhamente ficaram marejados e uma dor correu por mim, procurei meu celular no bolso da calça de meu pijama, meus dedos estavam tão trêmulos que quase não consegui digitar o número da ambulância.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Kde žijí příběhy. Začni objevovat