Capítulo 45

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{POV. Anna Kariênina}

Entramos em uma sala mais reservada, a mobília tinha um tom mais antiquado, Elis e eu sentamos no sofá enquanto Luiz e Diego sentaram nas cadeiras a frente.

- Então, do que querem falar? - Digo.
- Seu posto. - Luiz diz e eu uno minhas obrancelhas. - Anna Kariênina foi está há quase 5 anos como nossa assassina profissional, mas desde que casou parou serviços e isso nos fez recorrer a outros assassinos, bem mais caros e ineficientes. Por isso trouxe Diego para me ajudar, e alguns outros mafiosos também ficaram interessados. Mas todos temos consideração por você e pela descendência deixada de treinador para treinador, você iria treinar nosso próximo assassino mas agora é uma viúva e chefe da 2° maior máfia. Não sei se quer se comprometer com seus negociadores caso os assassinatos entrelaçem com os negócios. - Ele explicou e eu suspirei entendendo tudo, Elis segurou minha mão como se também entendesse.

Chefe da máfia e assassina profissional dos mafiosos, eu não podia ser as duas coisas ao mesmo tempo, e daqui há alguns dias eu não seria nenhuma mais. Então não tinha porquê ainda me importar, a única coisa que vale a pena é essa mão quente que está sobre a minha nesse momento.

- Sei onde quer chegar. - Indico. - E saiba que tem toda a minha permissão.
- Sério? Assim tão rápido? - Diego parecia surpresos com os olhos brilhando.
- Como chefe da máfia e viúva, eu ganho bem mais do que matando gente com minhas próprias mãos. - Dei de ombros me levantando. - E eu sei que os assassinos de Las Vegas treinam bem, você não irá nos decepcionar, Diego.
- Com toda a certeza, minha amiga. - Ele me abraçou brevemente.
- Ser um assassino profissional vai além de tirar sangue, é como lidar com as mãos sujas. - Ponderei e ele assentiu.

Então aquelas velhas palavras de Lucker vieram em minha mente: "Não há nada que não possa ser feito, tirando um pouco de sangue."
Mas até quando? Tem uma hora que o final chega, e o meu está perto. Nada disso importa mais, o que eu quero é o depois disso aqui, o meu depois com Elis.
[...]

Voltamos para a festa e vimos a pista de dança cheia de pessoas dançando lentamente ao som de Glory Box - Portishead, outros estavam espalhados bêbados e drogados pelas mesas. Meu Deus, quanto tempos passamos fora?

- Que tal nos juntarmos a eles? - Me surpreendi quando Anna Elis puxou minha mão e chegamos a pista de dança.

Sorri satisfeita e coloquei minhas mãos em sua cintura, colando nossos corpos e ela colocou seus braços ao redor de meu pescoço e sua cabeça em meu ombro. Então dançamos devagar como se não existisse mais ninguém ao nosso redor.
É por isso que não haverá esse mundo no meu depois, o meu depois é apenas Elis.
[...]

{POV. Anna Elis}

Eu achava que após termos chegado tarde da festa, Anna Kariênina e eu iríamos dormir a tarde da manhã seguinte, mas fui contrariada quando era umas 04:00 horas da manhã e a garota de olhos verdes animados me acordou e apenas disse: "- Vem, quero te mostrar uma coisa."
Eu estava com muito sono mas fiquei muito entusiasmada, então subirmos na moto que era de seu pai, fomos parar em uma praia, mas não era qualquer praia, era a praia a qual eu a vi pela primeira vez.

- Por que me trouxe aqui? - Perguntei assim que desci da moto.
- Já já o nascer do sol irá começar, queria que assistisse comigo. - Anna Kariênina segurou minha mão e eu sorri de lado andando para a areia.

Não havia carinho e satisfação que coubessem em meu peito desde o momento em que Kariênina abriu mão de seu posto de assassino profissional dos mafiosos, ali eu vi um momento sendo criado, eu vi o nosso depois nascer. Não iria mais existir máfia, vingança, tráfico ou dor, apenas o nosso depois.
Ficamos um pouco longe do mar para não nos molharmos e sentamos sobre a areia, Anna Kariênina olhou a noite se clareando devagar e eu a observei por um momento, daria tudo para saber o que se passava em sua mente ansiosa, em alguns dias ela iria completar o seu projeto de vida, a tão sonhada vingada. Anna virou o rosto para mim e eu sorri, sua mão encontrou meu rosto houve um beijo intenso que me deixou sem ar, dei abertura para ela e caímos sobre a areia.
As mãos de Anna desceram para minha cintura e eu levei meus dedos para seu cabelo, ela gemeu entre o beijo e desceu sua boca a meu pescoço, suspirei tentando me conter por medo de alguém nos ver.

- Anna... - Lhe avisei baixinho.
- Relaxa, não vem ninguém aqui há esse horário. - Ela murmurou em meu ouvido e eu me arrepiei.

Meus seios ficaram pesados e senti quando Anna começou a soltar os botões de minha calça jeans, eu havia escolhido uma roupa parecida com a roupa de motoqueiro de Anna Kariênina, para me sentir aquecida nessa noite. Mas tecnicamente nem precisei pois meu corpo já estava a puro fogo enquanto eu estava prestes a transar com Anna em meio a essa praça deserta.
Senti quando sua mão desceu para dentro da minha calça e suspirei arqueando um pouco o corpo quando eu senti Anna Kariênina me tocar, eu não liguei mais para nada, nem para o fato de que sairia toda suja de areia, como um peito de frango assado a óleo.
Anna Kariênina me fez gemer um pouco alto e então me olhou, minha mão em seu rosto e eu queria gritar o que sentia.

- Anna... - Tentei dizer mas Anna Kariênina me interrompeu.
- Não. - Franzi minhas sobrancelhas. - Eu também, mas não diga, por favor.
- Por quê?
- Não quero que essa seja uma declaração de despedida por medo de não haver nosso depois. - Ela colou nossas testas e meus olhos marejaram. - Essas palavras só seram ditas no nosso depois, no começo de tudo, e não ao final de algo. - Uma lágrima escorreu de seu rosto e meu queixo tremeu quando lhe puxei para um beijo.

Ela também sentia aquilo e eu também, mas não podiamos dizer, não agora. Temos a certeza disso mesmo sem palavras, e só isso basta.
Anna Kariênina me amava e eu amava Anna Kariênina, mas isso só será dito no nosso depois.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now