capítulo 5

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observo minhas mãos sujas de tinta, escrevi duas cartas, uma para Fleur e outra para Dubois. uma coruja das torres partiu com elas há alguns minutos, sinto a ansiedade percorrer cada canto da minha mente. estou morrendo de saudades dos meus amigos, será que eu estaria mais feliz se eles estivessem aqui comigo? provavelmente sim.

minha mente está mais desperta do que quando acordei por culpa de Black, por isso, resolvo que é bom sair um pouco desse quarto, para poder diminuir minha ansiedade. quando abro a porta do quarto não vejo ninguém no corredor. porém, antes de descer, percebo que ainda estou usando meu pijama. sem paciência para trocar de roupa, apenas transfiguro meu pijama em um moletom preto e uma calça jeans. olho para as mimhas pantufas, pensando no que fazer com elas - por fim, quando nenhuma ideia me vem, transfiguro elas em tênis pretos, assopro uma mecha ruiva para o lado.

quando chego no topo das escadas, escuto várias vozes falando juntas. sei que não posso fugir e voltar para o meu quarto, então continuo descendo.

- Pontas, eu tô falando sério, ele tem uma presença de espírito muito forte. Remus disse que tem certeza que o professor Dumbledore era assim quando mais jovem, só que na minha opinião, Seth é uma espécie versão melhorada dele. - paro na metade dos degraus, ótimo, estão falando de mim. os três surgem no meu campo de visão. vão subir, estão tão entretidos que não me viram parado.

- se você diz, o professor parece ter muito orgulho do filh... - James para de falar quando percebe que estou parado na frente deles, Remus e Sirius iam continuar andando, mas o de óculos estende o braço os fazendo parar. expressões envergonhadas surgem em seus rostos. também me sinto envergonhado, ainda mais depois do que aconteceu com Sirius mais cedo. ao pensar nisso, meu olhar recai sob Black, mesmo envergonhado, o idiota solta uma piscadinha para mim, uma piscadinha!

- Por que suas mãos estão sujas de tinta? - James me questiona, Remus o empurra de leve e Sirius ri. olho novamente para elas e dou de ombros quando respondo:

- Estava escrevendo para mes amies.

só noto que falei em francês quando os três se olham com sorrisos que Fleur e Dubois julgariam como sendo "bobos". meu coração acelera, não sei se é pela ansiedade ou pelo fato de que gostei dos olhares admirados dos três. ok, isso não era nada bom.

- sua voz fica mais legal quando você fala francês. - Remus diz, percebo que pronunciar essas palavras o deixa constrangido, mas seus amigos assentem, concordando.

- fica mesmo. - James e Sirius falam ao mesmo tempo, sinto um frio na barriga. porém, sinto minha felicidade( que já não é muita) se esvair ao ver outra pessoa surgindo no meu campo de visão. Lilian me encara e cerra os lábios, não esboço reação alguma à essa clara tentativa de me "intimidar".

aceitar é o caramba, vou fazer da vida dessa ruiva um inferno se ela vier para cima de mim querendo briga. de repente, sinto vontade de afastar aqueles três de perto dela e da negatividade que minha ex amiga emana. mas é tarde demais, quando penso em por isso em prática, ela abre espaço entre os três. estreito os olhos quando vejo as mãos dela se fechando nos braços de Sirius e Remus.

vovó e vovô Dumbledore que me perdoem mas eu ainda vou acabar cometendo um crime se as pessoas continuarem a me irritar desse jeito.

bufo, sabendo que isso a irrita mais do que qualquer coisa. e então, ando até onde James está. coloco a mão sob o peito dele, sinto o coração dele batendo forte e vejo quando o rosto dele se tinge de vermelho.

olhando no fundo dos seus olhos, pergunto:

- pode me dar licença? - acho que eu não precisava encostar a mão no peito dele, mas eu queria dar um efeito mais dramático e também, não aguento ficar perto daquela "ruiva". James desce, e eu o sigo. quando enfim piso no corredor, sinto a mão de James apertar meu pulso suavemente, olho para ele.

o moreno engole seco e então diz:

- quer sair comigo? - por essa eu não esperava. levanto minhas sombracelhas em descrença, ao ver meu olhar, James sorri e então diz:

- não agora, mas quando estivermos em Hogwarts. - eu nunca fui bom em dar fora nas pessoas, pelo canto do olho vejo que Sirius, Remus e Lilian nos olham.

- Le temps nous le dira. - respondo para ele, Fleur sempre diz essa frase para os garotos que ela não tem ideia do que vai acontecer, garotos que ela não consegue imaginar... bem, um futuro definido. James não é ruim, é claro que eu não esqueci do que ele me fez no passado, o que fez a Severus. mas Severus morreu no dia em que Seth Dumbledore nasceu. deixo aqueles quatro para trás e saio andando sem um rumo em mente.

quando passo por uma porta, escuto uma voz familiar que me faz parar. Tio Abe! esquecendo as boas maneiras, entro no aposento, e vejo as duas figuras mais importantes da minha vida conversando. quando me vêem, seus rostos sérios relaxam. saio correndo até onde meu Tio está e sou recebido por um abraço de urso.

rio quando este me levanta do chão. quando me larga, o homem igualmente ruivo coloca a mão calejada sob o meu ombro.

- vejam só! se não é a ovelha desgarrada de volta. ou devo dizer que é o Dumbledore desgarrado? - sinto a felicidade inundar meu corpo, meu pai passa o longo braço sob o meu ombro e me lança aquele olhar que somente eu sei que o significa. está me perguntando se estou bem. faço que sim. Tio Abe começa a me perguntar sobre várias coisas, meu pai entra na conversa de vez em quando.

Meu tio e ele, anos antes de eu entrar para a família não se falavam. é estranho saber que fui eu que os uni novamente. eu lembro como se fosse ontem, depois de fazer a adoção de sangue em mim, meu pai entrou comigo pelos fundos do bar do meu tio, que derrubou uma pilha de cervejas amanteigadas e uísques de fogo no chão quando pôs os olhos em mim.

a primeira coisa que ele disse foi um palavrão e a segunda foi "por Merlin, Al! o que aconteceu?"

fiquei duas semanas com ele, meu pai ia me ver todos os dias, e só saía de lá quando era obrigado. os dois... eram super protetores comigo, mais do que são agora. meu tio, apesar do jeito bruto, sempre tentou ser o mais amável possível comigo. ele queria ser o que para mim o que não havia conseguido ser para a minha tia Ariana e eu o amava por isso.

- bem, Al me disse que você vai voltar a estudar em Hogwarts. não se esqueça de visitar seu velho tio, ok? sempre terá uma cerveja amanteigada à sua espera. - faço que sim, e sorrio para ele. um sorriso que fazem ruguinhas aparecem ao redor dos meus olhos azuis.

Seth Dumbledore Where stories live. Discover now