capítulo 16

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A morte é apenas uma travessia do mundo, tal como os amigos que atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente. Nesse espelho divino veem-se face a face; e sua conversa é livre e pura. Este é o consolo dos amigos e embora se diga que morrem, sua amizade e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais.

eu acabei de ver que falta bem pouco para chegarmos nos mil votos aqui, meu deus, obrigada a todos que sempre votam e comentam. não sei o que essa história seria sem vocês. <3
coloquei a música que o Seth canta no fim ali em cima.

o sol aquece o meu rosto, jogo minha jaqueta por cima do ombro, com o dedo enganchado na gola. meu tio e meu pai estão vestidos dos pés até suas cabeças com roupas bruxas tradicionais. Respiro fundo e aperto a mão do meu pai com força. Juntos, atravessamos os portões e subimos a colina. meu pai e tio me conduzem pelo gramado coberto de lápides e cata-ventos. Passo em volta deles com cuidado, em sinal de respeito.

o gramado parece não ter fim, espalhando-se em todas as direções.

só depois que o meu pai para e solta minha mão é que percebo que chegamos no jazigo familiar dos Dumbledore.

com letras cursivas douradas, um aviso está pregado na porta. leio o que está escrito.

Jazigo da família Dumbledore. proibido entrar.  somente familiares.

preciso apenas de um toque para que a porta se dissolva em fumaça. quando entramos, escuto-a se refazer poucos segundos depois. há apenas três túmulos ali, mas o terreno é grande o suficiente para enterrar mais vinte pessoas.

sinto meu coração apertar quando vejo o túmulo da minha tia Ariana cercado de lindas flores. todas jovens e frescas. uma camada fina de poeira cobre a lápide dela, limpo com os dedos.

- eu tenho cuidado deles por você. -  sussurro, e olho para os outros dois túmulos, onde meu tio e o meu pai se encontram ajoelhadados. mesmo à distância, sou capaz de sentir como eles estão tristes. vir aqui é sempre complicado, é a forma que eles encontraram de se punirem, de aliviarem um pouco a culpa que sentem. eu não acho isso certo, mas não tenho o direito de me meter nesses assuntos em particular, não me atrevo.

nós nos sentamos juntos na grama. o ar está estranhamente parado, como se o vento não chegasse até aqui. Não senti nem um pouquinho de brisa desde que entramos. As árvores ao nosso redor são tão inanimadas que parecem feitas de pedra. fico olhando por cima do ombro o tempo todo, para o meu pai, e para o meu tio, atento a qualquer mudança em suas expressões.

...

estamos de volta à aldeia. o cheiro de terra molhada me acalma conforme descemos o morro que leva diretamente ao bar. estou segurando a mão do meu pai e do meu tio, é meio infantil porque me faz parecer uma criança. mas hoje é um daqueles dias que muito afeto é necessário, e a forma como eu demonstro amor é através do toque.

- andei lendo os diários de receitas da vovó Kendra, vou preparar o bolo de caldeirão dela para vocês dois. - não dando espaço para negativas, acelero meus passos, e os puxo para que andem mais rápido. me sinto com cinco anos novamente, não tenho muitas lembranças do Severus criança, às poucas que sou capaz de lembrar datam da época que tinha entre cinco a seis anos de idade. em todas elas estou correndo enquanto seguro as mãos de Tobias e da minha mãe, eu amava sentir o vento se chocando no meu rosto, e amava sentir adrenalina.

mas essas lembranças não são as que eu usaria para conjurar um patrono. com toda a certeza usaria àquela lembrança da primeira vez que escutei o meu pai me chamar de filho.

Seth Dumbledore Where stories live. Discover now