capítulo 6

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novamente, estou dentro da sala cheia de livros com o meu pai. me encontro sentado sobre uma cadeira ao redor de uma mesa que ele conjurou uns minutos atrás. encaro o tanto de comida que o mesmo mandou um elfo trazer e faço uma careta involuntária, sabendo que não vou poder sair dali sem comer "bem" e comer bem, segundo a família Dumbledore é algo vital.

— onde está o restante da ordem!? — pergunto enquanto boto leite no meu chá. meu pai está lendo o profeta diário, ele responde sem tirar os olhos do profeta:

— vão chegar daqui uns minutos, seu tio saiu antes por causa deles. — dessa vez ele me olha. então beberico meu chá, não estou com muita fome, mas meu pai sempre fez vista grossa nesse aspecto, eu como e em troca, ele sempre me dá tudo que eu peço. é um acordo que foi estabelecido há muito tempo entre nós dois. não é à toa que o meu tio sempre diz que sou pior do que uma criança mimada.

— eles não sabem do meu tio?

Antes que eu possa ganhar uma resposta, a porta se abre e James Potter entra. desvio meu olhar dele e me concentro em comer, não consigo acreditar que ele me chamou para sair, mas não é a primeira vez que alguém me chama para sair. saber disso não diminui a surpresa, é claro, tenho certeza que se ele soubesse quem eu sou, ou quem fui, iria querer lavar a boca com sabão. quase sorrio ao pensar nisso, quase.

— Professor, a ordem chegou. estão todos no porão, inclusive olho-tonto. — sua voz soa sombria, diferente. algo aconteceu, algo ruim. pela forma como o corpo de Potter está tenso e os punhos cerrados, isso desperta minha curiosidade, olho de soslaio para o meu pai que fecha o jornal e se levanta.

— vi no profeta que um dos nossos morreu em um duelo contra dez comensais. — diz para James, seu olhar se volta para mim e percebo a preocupação estampada ali. droga, sei o que está se passando nessa cabeça genial, ele está indeciso se vai ou fica comigo. bufo, sentindo a ternura que somente era capaz de sentir por ele, Fleur, Dubois e o meu tio Abe.

— é melhor você ir, pai. eles precisam de você. vai lá e arrasa como sempre. vou tomar meu café e esperar você aqui, está bem? — seus ombros relaxam, mas antes de ir, diz:

— coma, ok? — rio, eu não gosto de comer muito, não sinto fome como as pessoas normais, algo que eu trouxe comigo da época que fui Severus. e sei que se dependesse de mim, acabaria morrendo em menos de duas semanas por maus hábitos.

— vou comer, pai.digo.

eu sei que a comunidade bruxa inglesa está um caos por causa desse tal de Voldemort. mas, Merlin que me perdoe, eu de fato não ligo para o que esse cara está fazendo. é só não mexer com a minha família, sei que pensar desse jeito soa egoísta e moralmente questionável.
só que eu nunca me vi como o herói da minha história, sempre me vi como o tipo de personagem que mataria e ultrapassaria os limites da ambiguidade moral para poder proteger todos que ama.

mas isso não é uma história! é a sua vida ( provavelmente é o que Fleur diria) e eu como um bom amigo, não a escutaria.

— penso que não há nada mais interessante do que ver um Dumbledore em carne e osso! — eu me assusto e derrubo meu chá em cima da mesa, olho para a porta, um homem na casa dos trinta anos está escorado sob o batente da porta, os braços estão cruzados.

— vamos, olho-tonto. não assuste o meu filho! — meu pai aparece, um sorriso brinca em seus lábios, mas seus olhos estão atentos. cruzo os braços, sentindo vergonha por ter sido assustado.

os dois entram na sala, e eu resolvo que é uma boa hora para vazar dali. odeio como as pessoas se acham no direito de me "dissecar" só por eu ser quem sou. não preciso pensar duas vezes para saber o que com certeza vai acontecer se eu ficar, é um roteiro velho na minha cabeça e sempre tento evitar  "encena-lo".

— vou para o meu quarto. — falo, não dou espaço para olho-tonto se pronunciar, e saio praticamente correndo dali. quando enfim estou na segurança das escadas, me permito suspirar de alívio.

quando chego em frente a minha porta, a porta do quarto de Remus se abre e de lá saem James, Sirius e o dono do quarto. eles me olham, estou com a mão na maçaneta, mas de repente me sinto paralisar ao ver dois envelopes nas mãos de Remus.

consigo reconhecer a caligrafia cursiva de Fleur e caligrafia meio rústica de Dubois.

— o que é isso? — pergunta estúpida, mas eu estou me sentindo meio estúpido essa manhã.

— em minha defesa, a coruja bateu na minha janela. são para você, estão em francês. — Remus estende as cartas para mim, as pego. ele coça o cabelo, o rosto se avermelha e então me questiona:

— são os seus "amies"? — faço que sim, e contemplo os envelopes com carinho. a saudade inunda cada canto do meu coração ao pensar que não vou ter eles esse ano comigo.

— meus melhores amigos, Fleur e Dubois. — digo, é estranho estar falando disso com esses três. é um assunto íntimo para mim.

— Dubois, é? — Sirius fala, estreito os olhos ao notar o tom debochado com que ele pronunciou o nome do meu amigo. ele me encara e continua:

— você fica bem bonito quando está putinho, sabia? — ora, mais que filho da mãe.

— quem é que está puto aqui? — pergunto.

— você, ou será que existe outro Seth aqui entre nós? — James fala e ajeita seu óculos no rosto, o sorriso malicioso me deixa chocado e minha boca escancara, mas logo trinco os dentes. encaro cada um, incluindo Remus.

— vocês são…— estou tão bravo que não consigo terminar o que ia dizer.

— viram? eu disse para vocês.— Sirius solta um beijinho no ar para mim. desvio o olhar daqueles três. aquilo era demais para mim.
entro no quarto.

— putinho… — repito e então cruzo os braços. resolvendo esquecer isso, me sento sobre a cama e vou ler as cartas dos meus amigos.
começo pela de Dubois.

Querido S.

tô morrendo de saudades, não me chame de dramático por admitir isso. você sabe que o nosso trio não está completo sem você.
bem, eu estou bem, impressionado que você, senhorito. conseguiu arrassar corações em menos de um MÊS na Inglaterra. quer um conselho? quebre os corações desses três, você é lindo e eu não quero virar titio antes da hora( nem Fleur). mas brincadeiras à parte, saiba que independente de quem você escolher ou o que escolher fazer, estarei aqui te apoiando.

do seu amigo que te ama e está morto de tantas saudades( eu vi essa revirada de olhos).

rio, Dubois é um ser puro, e eu adoro a nossa amizade e é óbvio, nossa irmandade, nunca soube como era ter um irmão amtes de conhece-lo, ter uma amizade não tóxica faz milagres. passo para a carta de Fleur.

Querido S.

como estão as coisas? eu estou bem, mas não consigo acreditar que isso está acontecendo. uau, os marotos demonstrando interesse em você! Deus, se eu estivesse aí, provavelmente teria estuporado eles.
essa situação é tão estranha, mas saiba que eu e Dubois sempre iremos te apoiar.
estou escrevendo essa carta em puro choque, escreva assim que puder. estou morrendo de saudades.

da sua amiga querida, Fleur.

encaro os dois papéis, se forçar um pouco a mente é quase como se esses dois estivessem aqui comigo. meus melhores amigos, quero tanto que esse ano acabe rápido, para que eu possa vê-los novamente.

me deito na cama.

...

para quem não sabe: os ingleses sempre tomam chá com leite porque o chá deles é muito forte e é impossível tomar chá sem.

Seth Dumbledore Where stories live. Discover now