capítulo 22

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Nachtrauern — Lamentar: Sentir uma tristeza carregada de saudade, desapontamento ou luto. Vocábulos correlatos: penalizar-se, arrepender-se, prantear, contristar-se.

Regulus

quando Evans se despede de mim, sou tomado por uma tristeza sem igual. à medida que vejo sua cabeleira ruiva se distanciando, deixo minha máscara de felicidade falsa se desmanchar. coloco as mãos no bolso, e começo a andar de volta para o meu salão comunal. durante esses meses, Ciça, Lucius e eu nos aproximamos de Evans, não somos amigos, é claro. mas somos nós quatro que cuidamos do memorial de Severus.

lá fora, a noite está estrelada, é quase um insulto. os dias não deveriam estar tão lindos, nem tão vividos. o mundo deveria estar de luto como eu. paro em frente a uma janela. olho para fora, e tento focalizar o local do memorial. meu coração se aperta de saudade.

Severus não iria gostar de me ver em um luto tão profundo, ele iria me bater um dos seus livros, e me mandaria parar de ser tão sentimental. mas é tão difícil lidar com a dor. o luto em si é sufocante, e me faz querer gritar com todos o tempo inteiro. os professores têm sido extremamente compreensíveis comigo, e têm me ajudado nas minhas notas.

— parece que até nisso você ainda está me ajudando, não é? seu idiota mal humarado, não tem ideia de como faz falta. — digo olhando para o céu, não sei exatamente como é a vida após a morte de um bruxo. mas espero que seja boa. Severus nesse momento deve estar deixando os meus ancestrais malucos e de cabelos em pé.

— Sabe, acho que todo Black deveria ter um Prince. — Severus se vira para me olhar, sua expressão calma não revela muita coisa.

— do que é que você está falando? — ele franze a testa. rio, e belisco a ponta do nariz dele com a mão.

— estou falando que todo Black deveria ter um Prince. quem sabe alguns dos nossos ancestrais não foram melhores amigos como nós dois somos, hein? — empurro ele de leve, como esperado, ele não ri, apenas balança a cabeça. parece estar pensando no que eu disse. é por esse motivo que Severus é o meu melhor amigo, ele sempre me escuta, escuta mesmo, sempre pensa nas coisas que eu digo, e responde elas à altura. ninguém faz isso comigo, ninguém, é claro, além dele.

— tem 65% de chance de algum dos nossos ancestrais terem sido melhores amigos. acabei de fazer as contas. — ele diz, me fazendo parar no meio corredor.

— estou indo à aula agora, vê se vai na sua aula também, Reg. até mais. — com passos rápidos, Severus desaparece no meio do corredor. balanço minha cabeça, e rio.

Seth( Severus)

em momentos de crises, eu costumo me refugiar em locais familiares. como bibliotecas, mas nesse momento, tudo que preciso é de ar livre, então ando em direção aos jardins. eu não queria ter surtado, e batido naquele cachorro fedorento, mesmo que não esteja me sentindo arrependido, sei que minha atitude vai repercutir pelo mundo mágico. o nome Dumbledore carrega um peso gigante no meio Bruxo, o escândalo que isso vai ser nos jornais. só de pensar fico com dor de cabeça.

o vento frio queima o meu rosto, e me sinto aliviado por isso, é uma sensação na qual posso focar para esquecer a dor que ameaça subir e escapar de mim. é angustiante perceber que às coisas que eu sempre disse a mim mesmo que havia conseguido superar, na realidade não foram superadas coisa nenhuma. eu não odeio os marotos, há muito tempo deixei de sentir ódio deles, mas certas coisas não podem ser esquecidas, apenas abafadas dentro do inconsciente, e elas ficam ali, escondidas, esperando o momento certo para saírem, para causarem estrago. para destruírem. 

Seth Dumbledore Onde as histórias ganham vida. Descobre agora