Seth Dumbledore

capítulo 24

às vezes eu odeio minha impulsividade, e odeio como só percebo que fiz merda, depois dela já estar feita. estreito os olhos contra a escuridão que gradualmente vai ganhando espaço na floresta. em minha defesa, quando fui testar os rituais daquele livro, não imaginava que eles realmente iriam dar em algo, e esse algo, é nada mais, nada menos do que viagem no tempo.

a minha parte irracional está gritando de alegria por termos feito uma descoberta nova, e a minha parte racional está me estapeando sem parar por termos mexido com magia proibida para o nosso nível.

mas se o meu pai estava lendo àquilo à luz do dia, significa que essa magia não é tão perigosa assim, e o fato dele ter deixado esse livro fora do baú de livros secretos dele, ao meu alcance, aliás, me indica que ele sabia de alguma forma que eu iria pegar esse livro e testa-lo.

é sempre assim, não posso ver um livro de magia perto de mim que já o pego. é a minha parte nerd que fala mais alto nesses momentos. mas, desde que me tornei um Dumbledore, venho tentando filtrar os livros que leio e pego, pois sei que o meu pai e tio se preocupam com a minha segurança, e eu sinceramente não quero dar a eles ( mais) motivos para colocarem um rastreador em mim. só que dessa vez não dei sorte, né? coço meu cabelo desgrenhado. e abro o livro. em busca de uma solução para voltar para o meu pai e tio.

solto um suspiro de alívio quando leio que o ritual tem um tempo limite, e em seguida faço uma careta quando leio que pode levar até uma semana para o bruxo que praticou o ritual voltar ao seu tempo de origem. o que carambas eu irei fazer durante uma semana? eu não posso simplesmente sair para o mundo exterior, posso!? coisas terríveis aconteceram com bruxos que mexeram com o tempo. pelo menos foi isso que ouvi, em todas às aulas que tive sobre esse assunto. mas, eu não viajei usando o método mais comum, um vira-tempo. às regras se aplicam nessa situação? que dor de cabeça.

me sento no chão de terra da floresta, e folheio o livro. eu acho que vi alguma frase que significava proteção durante minha leitura desesperada nele. quando a acho, faço um esforço descomunal para entender o que está na escrito na página.

para uma experiência segura, os bruxos que viajam no tempo usando esse ritual estão protegidos pela magia dele. podem ser vistos por outros bruxos, e podem interagir com outras pessoas sem medo das consequências. diferente das viagens no tempo que utilizam apenas um vira-tempo, o tipo de viagem aqui encontrado é muito mais complexo e preparado para todas as variáveis possíveis. desfrute desse presente com sabedoria, caro colega, ou cara colega bruxa.

só consigo entender até aí. levanto minhas sombracelhas, o que meu pai estava fazendo com um livro tão poderoso? merlim, quer saber? não importa. não me surpreende que ele tenha isso. o que preciso fazer agora é tentar descobrir em que tempo estou. olhando ao meu redor, percebo que estou dentro da floresta proibida, o mesmo local que usei para fazer o ritual no meu tempo.

céus, espero que eu não tenha caído no meu passado. ou muito, muito, muito longe do meu tempo.

me levanto, decidido a enfrentar a situação de cabeça erguida.

- mas que dro.. - escuto alguém falando, e imediatamente me escondo atrás de um arbusto. eu não estou com vontade de descobrir se posso ou não interagir com pessoas sem causar um estrago no universo.

- olha a boca. se a mamãe te escutasse xingando assim, ela iria botar você de castigo por um mês. - uma segunda voz, bastante clara, retruca a primeira. há um tom de advertência nela que me faz lembrar do meu pai. segundos depois, eu os vejo, eles param do lado arbusto em que me escondi, estão entretidos demais para prestarem atenção em mim. preciso prender a respiração para não gritar.